Capítulo 31

2.7K 276 42
                                    

Jaqueline

Minha mãe sempre me dizia que meninas não choram
Então eu sempre engoli meu choro e segue em frente, me tornei a mulher forte e imponderada que a minha mãe sempre quis
Mas hoje vejo que eu deveria ter chorado, que eu deveria ter sentido as dores da vida, pois nada me preparou para o baque que levei

Fui casada com César por vinte anos, ele foi meu primeiro namorado, me casei aos dezoito anos acreditando que seria para sempre, e jurava que teria uma vida perfeita ao seu lado

Uma união estável e sólida baseada no amor e confiança era o que eu imaginava ter na nossa relação, sempre sonhei em ser mãe então estava me sentindo completamente realizada com meus três filhos, tanto na vida sentimental quanto na financeira fluíam a mil maravilhas, ao menos era o que eu imaginava

Mas como em um castelo de cartas vi minha vida ruir do dia para a noite

E agora estou aqui, dentro de um ônibus indo para uma pequena cidade do interior para tentar fugir do que ficou para trás, mas a cada minuto da viagem percebo que tudo irá me acompanhar até lá, como um lembrete de que não dá para fugir
-Não fica triste mamãe, o papai vai voltar_minha filha do meio de seis anos fala segurando minha mão

— A mamãe não está triste pelo papai querida, a mamãe está triste pela vida que eu não tive_digo sorrindo e ela me olha confusa

Como pude ter sido tão cega a ponto de não enxergar que César deixava de me amar a cada dia?
Por mais que eu tenha ganhado alguns quilos ao longo dos anos, eu me recuso a acreditar que o homem que viveu durante todo esse tempo ao meu lado seja tão fútil para terminar um casamento apenas por esse motivo, acredito piamente que o amor dele por mim, foi se apagando como uma vela gasta,não vou dizer que eu era a melhor esposa do mundo, mas sempre tentei dar o meu melhor para manter a chama do nosso amor acesso, por tanto não vou me sentir culpada por nada que fiz aqui até aqui,pois acreditei de todo o meu coração que estava fazendo tudo que eu podia para que fossemos felizes

Depois de muitas brigas das crianças sobre quem iria se sentar do meu lado, finalmente chegamos na cidade, um lugar lindo e acolhedor
Desço do ônibus já vendo minha amiga, a nossa espera, asceno feito uma louca de alegria ao ver minha querida amiga

Pego minhas malas e ela vem correndo ao meu encontro
-Que saudades _ela me abraça apertado e depois indo abraçar as crianças

— Eu sei que você me ama pode confessar, Augusto terá uma forte concorrente enquanto eu estiver por aqui_sorrio convencida

— Palhaça, vamos pegar a sua mala e a das crianças, ainda temos um belo trecho de terra para chegar na fazenda_ela acena para um rapaz alto que logo vem ao nosso encontro

Ele acena com a cabeça já indo pegar as malas, sua pele clara é queimada de sol o que mostra que ele deve trabalhar na fazenda
-Esse é o João, ele trabalha na fazenda e também é um grande amigo do Augusto _ela diz segurando em seu braço

— Prazer Jaqueline _estendo a mão para cumprimentá-lo

— João _ele aperta minha mão olhando em meus olhos

É um rapaz muito bonito, olhos e cabelos negros, seu chapéu cobre um pouco do rosto lhe dando um ar de mistério,ele parece ser uns dez anos mais jovem que eu

Sou guiada junto as crianças até o carro estacionado do lado de fora, e para minha surpresa é um carro de luxo
-Tá de brincadeira que vou andar nesse carro né?eu nunca nem vi um carro desse de pertinho _falo de boca aberta

As crianças já vão entrando e fazendo a maior algazarra dentro dele
-Fiquei tão chocada quanto você amiga,e olha que tive o prazer de dirigir _Eliza diz toda convencida

MontenegroKde žijí příběhy. Začni objevovat