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Lila Winter

A gente já estava a caminho do aeroporto. Eu estava nervosa sobre a caixa e sobre quem estaria atrás de mim. Agora o Spencer estava dirigindo e tudo que eu podia pensar era que algo ruim iria acontecer, talvez eu nunca mais pudesse ver ele, mas pelo menos eu não iria me arrepender de ter escondido o que eu sinto.

Ele para em um sinal vermelho e meu celular começa a tocar. Então que eu pego, com meu coração a mil, tentando não tremer e não parecer que eu estava nervosa. Era só a JJ.

- estamos esperando vocês - ela diz e eu escuto a Prentiss e o Morgan falando ao fundo.

- sim, eu sei, a gente já está chegando, em cinco minutos JJ - eu falo olhando para a rua que estávamos e ela ri assentindo.

- sabe que eu to feliz por vocês, não sabe? - ela diz e eu rio.

- acho que os dois aí estão mais feliz que eu - eu falo e ela ri - tudo bem, já estamos chegando, tchau JJ.

- tchau - ela desliga.

Eu olho para o Spencer que tinha um sorriso no rosto, eu empurro ele que ri. O bom de ser perfiladora é saber o que fazer para ninguém descobrir que você não está bem, é um do motivos de eu fazer meu trabalho bem, se eu consigo enganar o Spencer que dizer que eu sou boa no que eu faço.

Assim que chegamos no aeroporto a Emily estava na escada do avião de braços cruzados e um sorriso no rosto, eu saio primeiro minha mala no porta malas, eu estava com um óculos de sol rosa que eu achei no meio da minha mala, mas ele não me impediu de ver um homem parado na frente de um helicóptero do outro lado da pista. Ele me era familiar, mas não sabia da onde.

- o que foi? - a Prentiss me pergunta e eu nego sorrindo, quando eu olho para onde o cara estava, ele já tinha sumido junto com o carro atrás dele.

- nada, só lembrei que tenho roupas pelo chão do meu quarto e eu não estou afim de arrumar - eu falo e ela sorri mais - ih, ala, eu fiz uma zona enquanto arrumava minha mala - ela sobe as escadas.

- sei - ela diz já na porta do avião,

- aí, é sério, Emily - eu subo as escadas correndo atrás dela.

- tudo bem - ela diz se sentando do lado da JJ - acredito em você.

- duvido disso-  eu falo e me sento de frente para elas.


Quando o avião já estava no ar, não pude fugir das perguntas nem um pouco discretas sobre o que aconteceu ontem a noite, no caso nada, mas não importa o que eu respondia ninguém acreditava, até que eu me irritei e comecei a ignorar.

- foi por isso que eu fiquei quieto - o Spencer diz do sofá sem abrir o olhos.

- mimimi, você ainda vai ter o que merece - eu falo passando por ele indo até a cozinha para fazer um café para mim.

- Lila - ele me chama, quando o olho ele me olhava divertido - você vai tomar café? - eu concordo - e como vai dormir depois?

- ué, existe chá de camomila, remédio,  e agora tem você, aposto que um deles vai me fazer dormir - eu falo voltando a fazer meu café.

- não, é que não aconteceu nada - eu escuto o Morgan me imitando, eu pego uma almofada do sofa e jogo nele.

- quieto, bomba de chocolate - eu falo usando o apelida da Garcia.

Eu me sento ao lado do Spencer que tinha se sentado e colocado a coberta em suas costas. Ele sorri quando eu me encosto no ombro dele, eu noto os outros me olhando, então eu me aproximo dele.

- o que está fazendo? - o Spencer sussurra olhando nos meus olhos, eu mordo meu lábio antes de responder.

- dando o que eles tanto querem, não mais do que eu é claro - eu sussurro de volta, o mesmo assente e se aproxima mais.

Eu o beijo antes dele poder reagir, ele se assusta mesmo eu já estando perto. Acho que ele pensou que eu não iria mesmo beijar ele na frente de todo mundo. Passou alguns segundo e eu ouvi uma música tocando, eu me separo do mesmo fazendo uma careta vendo a Emily mexendo a boca com a letra da música.

- eu desisto deles - eu sussurro para ele segurando o riso e volto a beber meu café.

- bom, eu nunca tive esperança - ele diz me fazendo rir.

Não demorou muito para todos se acalmarem, todos estavam dormindo, incluindo o Spencer que estava deitado na minha perna. Eu fiquei lendo um livro, acho que o Spencer estava certo, o café fez efeito e eu não estou dormindo. Enquanto eu lia vi um papel estranho no meio do livro, era amarelo e a ponta estava para fora. Ele conseguia chegar tão perto de mim e eu não fazia ideia?

"Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem."

Eu segurei o papel por alguns segundos antes de realmente sentir alguma coisa. Raiva. A mais pura raiva que eu já senti em toda a minha vida. Raiva de não saber quem estava fazendo isso. Raiva de que talvez eu tenha colocado todos ao meu redor em perigo. Raiva de sentir medo. Raiva de não poder fazer nada. Raiva de mim mesma. Mas ainda por cima raiva de sentir como se tudo está contra mim mesmo não estando, de sentir que talvez o "para sempre" que eu quero com o Spencer tenha data de validade. Existe isso? Digo...um sentimento tão lindo ter uma data onde ele não seja mais sentindo? Acho que eu estou viajando, mas acho que tenha.

O Spencer se remexe no meu colo me fazendo voltar a realidade. Eu estava amaçando o pequeno pedaço de papel amarelo com uma mão, e as folhas do livro também fazendo releve em algumas folhas, eu paro de amassar tudo, coloco o papel amarelo no meio do livro e largo o mesmo ao meu lado, então encosto a cabeça na parede atrás de mim respirando fundo.

- não consegue dormir, não é? - eu escuto o Spencer dizer.

- não - eu falo rindo - odeio quando tem razão, que é....99,9% das vezes.

- que bom, então você tem 0,1% de chance de me ganhar, já é alguma coisa - ele diz e eu bato no ombro dele - ai!

- sorte sua, eu poderia fazer sua vida um inferno....e não do jeito bom - eu falo o olhando que sorria ainda de olhos fechados.

- como o inferno pode ser bom? - ele pergunta e me olha.

- quis dizer o sentimento do inferno, digo, quando você sente que está tudo desabando e mesmo assim você não está em pânico, você apenas está ali no meio do caos com um copo de whisky quente, mas não importa porque o caos na sua frente já é bem melhor do que qualquer bebida - eu falo e ele se senta do nada - que foi?

- nada, só que...você pensa em coisas muito aleatórios e de um jeito diferente do que qualquer um que eu conheça - ele diz e eu o olho confusa - você tem que dormir, querida - ele diz tirando uma mecha do meu cabelo do meu rosto e colocando atrás da orelha.

- eu não estou com sono - eu falo e ele sorri, ele coloca a mão na minha bochecha, eu me deito na mão dele por habito - mas se continuar assim o sono vem.

- tudo bem, vem aqui - ele me faz deitar no peito dele - está tudo bem agora, que tal eu ser seu copo de whisky quente por enquanto?

- acho que não teria um melhor - eu falo fechando os olhos.

Ele começa a fazer carinho no meu cabelo depois de me cobrir com o cobertor que ele estava usando antes, em pouco tempo eu deixei o sono me levar. Tudo que eu podia ouvir era o vento que o avião cortava do lado de fora e o som do coração do Spencer...

Just Like The RainWhere stories live. Discover now