Capítulo 11 - Ainda estaria lá para ele

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  A sensação que o dominava agora não era nova, pelo menos não desde que aquele homem entrou em sua vida.

  Fazia tanto, tanto tempo que ele não se sentia mais ele mesmo com outra pessoa, que ele não deixava que alguém o visse assim, em sua forma mais crua; porque depois de tudo o que viu e ouviu em sua profissão ele achava que talvez fosse uma vulnerabilidade.

  E agora estava reaprendendo que ser ele mesmo, não era. Talvez fosse por conta disso que as coisas começaram a funcionar, em primeiro lugar. Nem ele mesmo sabia como ou o porquê de simplesmente decidir que àquele era um homem digno de sua confiança, mas com certeza não se arrependia.

  Tudo era tão novo para ele, mas não conseguia se sentir menor por isso, pois podia ver que para o outro também era. Yibo o tratava de uma forma que Xiao sabia ser mais do que apenas cuidados posteriores pós-cena ou apenas preocupação se ele estaria bem para fazê-las.

  Ele se importava, e por mais que não dissesse isso em palavras, suas ações eram claras o suficiente. Xiao não tinha tanto conhecimento quanto gostaria dentro do BDSM, mas ele suspeitava que, desde que haviam acordado no princípio não envolverem suas vidas particulares nisso, nenhum outro dom abriria mão de seu trabalho para cuidar de um sub doente; principalmente um teimoso que escondia a verdade dele.

  Também não achava que outro se esforçaria depois de um dia cansativo de trabalho para apenas levá-lo em um parque e passar horas o entretendo e só aproveitando de sua companhia; dentre tantas outras coisas que haviam vivido nesses quase três meses. Foram dias, semanas aprendendo um sobre o outro, e então ele finalmente conseguiu entender o que Yibo quis dizer quando o disse: "É tudo sobre achar a pessoa certa, a compatibilidade é essencial para lhe dar aquilo que você busca."

  Ele não sabia o que queria, mas de alguma forma, o outro o deu mesmo assim.

  E quando ele estava com Yibo naquele parque, simplesmente sentados juntos em um banco qualquer, sua cabeça repousando pesadamente sobre o ombro alheio, ele só sabia que algo havia mudado irremediavelmente, e por mais que o assustasse um pouco, sabia que era bom.

  Sua mãe costumava lhe dizer que as coisas boas as vezes nos assustavam porque não nos sentiamos merecedores de recebê-las. Talvez fosse exatamente isso o que ele estava sentindo.

  Xiao não sentia medo de Yibo o machucar, ele era um adulto, sabia que por vezes as pessoas não tinham controle sobre o que possivelmente nos afetaria; e que por vezes, também, a responsabilidade dos nossos machucados eram inteiramente nossas, por depositar todas as nossas expectativas em alguém que não tinha a obrigação de atendê-las.

  O que o assustava era reconhecer que ele sentia muito mais do havia cogitado no início. O assustava o fato de ter se jogado sem paraquedas e não sentir o pavor de simplesmente se chocar com o solo a qualquer momento. O assustava porque ele havia construído com Yibo em tão pouco tempo o que não havia feito em 29 anos de sua vida.

  A intensidade com a qual ele havia se entregado o assustava. Mas não o fato de estar tão vulnerável para outra pessoa, Yibo não o fazia se sentir fraco por isso.

  Ele havia passado tantos anos de sua vida correndo de um encontro e de outro por achar as pessoas superficiais e indignas de seu tempo que ele foi rápido em fazer o mesmo julgamento quando esse homem o abordou no bar de um clube, mas a cada dia que passava ele ficava mais feliz pelo destino, ou seja lá o quê, que não o permitiu fugir dessa vez. Ele estava tão, tão enganado.

  Os dias as vezes eram difíceis, as semanas as vezes eram tão cruéis quanto se poderia ser e as vezes isso pesava tanto que ele se via em bares tarde da noite tentando entorpecer esses sentimentos, sua solidão, através do álcool.

50 Tons de YiZhanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora