Capítulo 1 - A arte em admirar

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- Você é um idiota, não tem nada a ver. E quer saber? Não vou te trazer muffins hoje. - Saio e bato a porta irritado.

Maníaco.

Eu não sou um maníaco. Mas eu realmente vou todo sábado na Emma's Coffee, não exclusivamente para ver alguém, mas ele tem culpa nisso. A cerca de oito meses eu o vi entrar pedir seu café e se sentar próximo a janela enquanto lia algum livro, ao contrário da maioria das pessoas que desfrutavam de seu tempo com a atenção a telas de celulares ou computares. Ele repousava e lia, ou é o que eu acho que ele fazia já que virava as paginas tão rapidamente que duvido que consiga realmente ler, talvez fosse algum tipo de habilidade ou ele só gostava de folhear. E como se isso por si só já não fosse intrigante, ele nunca repetia um livro, mesmo nos sábados seguidos que ele ia, nunca era o mesmo livro.

Sigo meu percurso a cafeteria e ao abrir a porta escuto o sino típico. Estava consideravelmente vazio como de costume, não era das mais frequentadas da avenida que possuía cerca de outras quatro cafeterias, as pessoas tendem a irem em franquias que se popularizam na internet. Eu gostava do aspecto falido do lugar, era calmo. Me pergunto se era por isso que ele gostava de vir pra cá, as outras pessoas sim, já que a grande maioria dos clientes viam sozinhos e mergulhavam em algo solitário. Eu gostava porque era o lugar mais improvável de encontrar algum aluno meu. E por ele. Mas isso não era legal de se admitir, pelo menos não normal.

Me sento após fazer meu pedido, e me vejo ansioso pelo tocar do sino, será que ele apareceria hoje? Ajeito meu cabelo quando uma mecha cai sobre minha testa, e rio me sentindo estupido. Eu ficava nervoso só em pensar em vê-lo. E fazia dois sábados que ele não vinha. As vezes ele aparecia as vezes não. E quando vinha era sempre por volta desse horário, entre ás sete e oito e meia da manhã.

Eu me pergunto no que ele trabalha, sempre de social, mas nada muito elaborado, all star preto e meias divertidas como de Star Wars e Doctor Who o diferenciava. O que me fez saber que ele gosta desses programas. Ele sempre pedia café preto, e as torradas clássicas acompanhadas de ovos e bacon e...céus. Mike tem razão, eu pareço um maníaco!

Abigail, ou Abi como gostava de ser chamada me entrega meu pedido com um singelo sorriso.

- Bom dia, nunca tarda, não? 

- Bom dia, Abi. Eu amo os croissants daqui, não pode me culpar, me sinto em Paris. - brinco, o que não é exatamente verdade, eu não saberia sequer dizer se aqueles eram fieis croissants franceses, já que nunca pisei na França, mas eu definitivamente amo esses malditos pãezinhos. - E afinal você está belíssima hoje Abi, ainda mais.

- Sempre um galanteador. - ela passa as mãos sobre o cabelo, colocando uma mecha para trás da orelha, eu sabia que esse era meu efeito nas pessoas. Não sei se Abi tem alguma consciência da minha orientação sexual, mas eu causava alguma reação nela. Não que eu ache que ela tenha algum interesse em mim, céus eu não sou tão prepotente, mas ela ficava tímida com elogios de homens bonitos. E eu sou um.

- Como vai Mike? Aquele folgado nunca sai de casa? - Pergunta do meu amigo, e quando penso em respondê-la, ouço o tilintar do sino e a imagem dele se projeta a frente da cafeteria, ele caminha até a mesa habitual na janela e se senta, e Tina, a outra atendente vai até ele.

-Por que não vai falar com ele? - minha atenção volta a Abi em minha frente. - Não faça essa cara de surpresa, toda vez que ele aparece você o fixa tanto que se fosse comigo, eu ficaria com medo.

- Não sei do que está falando. - eu encaro minha xicara, eu sou um idiota, eu não podia estar sendo tão mais obvio a ponto dela perceber.

- Claro, tudo bem isso não tem nada a ver comigo. - Eu a olho sem saber o que responder, qualquer coisa que eu dissesse poderia me comprometer, seria como assumir que eu tenho um certo interesse no cara misterioso, e possivelmente hétero da cafeteria. - Ok, eu vou atender a outra mesa, e a propósito - ela se inclina e sussurra. - O nome dele é Reid. 

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