Vermelho Bordo

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Era outono, as árvores pintadas de laranja  tornavam o ambiente agradável.

Lá estava eu, sentado embaixo de uma árvore esperando o tempo passar, era angustiante ficar naquele lugar, naquela cidade.

Conseguia sentir o cheiro de dangos passeando pela brisa do vento, mas infelizmente o cheiro se mistura com o odor de sangue. Mas eu não me importo com isso, não tem sentido, porque você não está mais aqui.

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Kaedehara não costumava agir assim. A tristura dos fatos recentes que ocorreram estavam o perturbando. Ele continua imóvel debaixo da árvore que fora se sentar para descansar mais cedo, como se fosse um marionete cuja as cordas foram cortadas. Imóvel, sem objetivo, morto.

- Você não pode ficar aqui o dia todo.

Uma voz familiar o faz erguer a cabeça fitando os olhos na figura com características caninas a sua frente. É Gorou, sua face estampada de preocupação fez coração de Kazuha tremular de maneira incomoda.

- Não me olhe dessa maneira - Ele disse, agora mais uma vez cabisbaixo buscando evitar aquela mirada.

- Eu não deveria estar aqui. Estamos entrando em guerra e em meio a este caos eu ainda vim ver você, poderia ao menos me ouvir?

Gorou não recebeu uma resposta, Kaedehara continou na mesma posição impassível. O silêncio avassalador existente não era do agrado do general, não poderia nem mais um segundo ver seu amigo naquele estado deplorável.

Até que odor de sangue invadiu com agressividade as narinas do general e a procura de saber a procedência do odor o fez fixar o olhar no braço direito de seu amigo. As bandagens sujas com vermelho bordo estavam sendo tomadas por um tom mais vivido. As feridas estavam se abrindo.

- Como isso aconteceu, Kazuha?

Também não teve resposta, mas não precisava, Gorou pôde notar a boca do espadachim se fechar em amargura, tão esgotado que seus olhos sequer ousavam a derramar algo.

Estava tão fraco e frágil como uma boneca de porcelana prestes a se quebrar.

Gorou se perguntava se Kazuha ainda conseguia sentir os dedos da mão enfeixada, até porque o garoto sequer carregava sua espada, talvez ele nem conseguisse a empunhar.

O general se sentou ao lado de Kaedehara se recostando na mesma árvore e deitando sua cabeça no ombro do espadachim, se aconchegando na curvatura do pescoço dele.

- Por favor não se machuque assim de novo.

Kazuha abriu e pressionou novamente seus lábios, estava engasgado em sua próprias palavras e emoções. Um silêncio pairou no lugar por um curto período, Kaedehara lentamente recostou sua cabeça na do amigo, e então mesmo com o nó na garganta roubando sua respiração, ele cessou a mudez.

- Me perdoe.


Fim.

Vermelho Bordo 🍁 Where stories live. Discover now