Dois

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Olívia

Após um terrível final de semana em total lágrimas e degradação, chega segunda-feira. Engulo orgulho e mesmo totalmente arrasada por dentro, me arrumo e dirijo rumo a empreiteira Cross. Sinto olhares e percebo cochichos assim que atravesso o hall do prédio. Mesmo sentindo-me  humilhada, não darei o gostinho para Marcelo Cross ver o que sua rejeição causou em mim. Ando diretamente para o RH comunicando a minha demissão e ressalto que não cumprirei aviso prévio e se Marcelo tentar bancar o esperto abro a boca para a mídia e exponho o tipo de homem cafajeste ele é.

Cíntia olha-me com pena, não conseguindo disfarçar.

— Eu sinto muito, Olívia. Mas a relação entre funcionária e patrão nunca deu certo, a não ser em livros de romance água com açúcar.

Assinto, desviando o olhar para longe.

Cíntia abre uma gaveta da sua mesa e pega um cartão estendendo na minha direção.

— Tome, esse escritório de advocacia está precisando urgentemente de uma secretária. Eu conheço a secretária de um dos associados, Susan Smith, fala com ela e diz que eu a indiquei. Suzan irá te ajudar. Aproveita, menina. Faça uma entrevista, garanto que vai conseguir. O escritório é do famoso Eduardo Banks e seu filho Ayden Banks. Dizem que o pai é um homem muito amável, será muito bem tratada.

Pego o cartão das suas mãos e agradeço com um sorriso. Não tenho família, após a morte dos meus pais me vi sozinha na grande Nova York. Cíntia sempre foi atenciosa, e seu gesto afirma isso.

De queixo erguido caminho para a saída segurando a respiração. Rezando para todos os santos que não me faça cruzar com o babaca do meu ex-chefe.

— Olívia, ei! O que pensa que está fazendo?

Aperto com força a pequena caixa com os meus pertences, em minhas mãos.
Não me dou o trabalho de me virar e continuo andando até o elevador, mas obviamente o infeliz do Marcelo não percebeu que não quero ter o desprazer de olhar para ele.

Ele atravessa o meu caminho, bloqueando a minha passagem.

— Olívia, jura? Vai continuar bancando a imatura? Eu sei que você precisa desse emprego. — Diz e sinto o meu estômago revirar com suas palavras.

— O que eu preciso ou não, não é da sua conta! Agora se me der licença… tento passar mais ele não se move.

— Eu posso cuidar de você, querida. Como nos velhos tempos… — Sussurra baixo, se aproximando lentamente — Nada precisa mudar.

Controlo minha fúria não gostando do rumo dessa conversa.

— O que você quer dizer com “nada precisa mudar”? — Pergunto com curiosidade, observando seus olhos verdes brilharem.

— Nós! Oli… eu não paro de pensar em você naquela maldita lingerie — Ofega, tentando tocar a minha face, e afasto-me horrorizada com sua cara de pau. Será que ele acha que depois daquela humilhação eu ficaria com ele novamente?

— Eu sei que está chateada, mas podemos resolver isso, hum… Tem um motel maravilhoso a duas quadras, iremos sem que ninguém perceba, conversamos, e matamos a saudade… Eu estou louco para ficar a sós com você.

Balanço a cabeça com um sorriso de descrença.

Olho para Marcelo imaginando como eu posso estar apaixonada por um homem como ele.

Por mais que ele seja bonito, atraente. Tem olhos sedutores e um sorriso pecaminoso, e que dizer dos seus beijos e …

Chega, Olívia!

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