Capítulo 64

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Meu estômago cai mais uma vez, mas não permito nada além de surpresa passar pelo meu rosto.

— Hektor está morto? — Eu pergunto.

Noto que a policial Hallas observa meu rosto com um olhar perceptivo.

Procurando por qualquer informação. Ela é uma mulher com características difíceis. Um osso um pouco grande demais, olhos muito próximos, um queixo quadrado. Ela tem o cabelo de ébano varrido do rosto em um coque arrumado.

— Por vários anos, me disseram. — Diz ela. — Alguns dias atrás, seu corpo foi descoberto na Floresta Undatia. Aparentemente, houve uma série de deslizamentos de terra na área. Dois cavaleiros encontraram e denunciaram o corpo.

— Espere um momento. — Diz Steve. — Quem é esse Hektor? — Ele me dirige a pergunta, e eu entendo o verdadeiro significado: quem é esse homem para você?

— Meu primeiro amante. — Eu respondo.

— E a assassina dele! — O barão se lança para mim.

— Mais uma palavra de você, Drivas. — Diz Steve. — E mandarei enviá-lo para as masmorras.

Os guardas que o cercam dão um passo para dentro, prontos para atacar o barão, se necessário.

— Vossa Majestade — Diz a policial. — Com sua permissão, tenho algumas perguntas para Lady Romanoff.

Steve se vira para mim. Demora-se em mim.

Como ficaria se eu os mandasse embora sem dizer uma palavra? Não, devo parecer inocente.

— Eu vou responder as perguntas dela.

A policial dá um passo à frente.

— Você admite, então, ter um relacionamento com o falecido?

— Sim, éramos íntimos, mas isso foi há anos. O que aconteceu com Hektor?

— Não restava nada dele além de ossos a essa altura.

Um soluço sai do barão, mas ele não diz uma palavra para acompanhá-lo.

— Nós o identificamos pelo brasão da família que ele usava no dedo. — Continua a policial. — Eu tive os restos examinados ontem. Uma das costelas foi cortada. Definitivamente aponta para uma ferida de adaga. Foi-me dito que você carrega uma adaga em sua pessoa o tempo todo.

Começo assustada, como se estivesse ofendida.

— Você não está seriamente sugerindo que eu o matei? E quem disse que eu carrego uma adaga?

— Sua irmã. — Hallas tira um caderno do bolso e olha através dele. — Yelena Romanoff.

— Sim, eu sei o nome da minha irmã. — Digo amargamente.

Yelena. A desgraça da minha existência. Por que ela simplesmente não morre em um buraco?

— Muitas pessoas carregam adagas. Por que isso importa?

— Não aconteceu só isso, mas os restos de um baú de madeira foram encontrados com ele. E uma das tábuas trazia as iniciais NR. Essas são suas iniciais, não são? — Hallas faz a pergunta como se tivesse fazendo qualquer outra. Friamente, sem emoção, como se realmente não pudesse se importar com a resposta. Mesmo que ela já saiba as respostas para todos elas.

Ouso olhar para Steve. Ele está me olhando com a expressão peculiar.

Uma que eu não posso decifrar. Como se ele estivesse me vendo de novo.

Ele não pode acreditar nela!

Perco a força nas pernas e caio levemente. Steve está lá, no entanto, me segurando.

• Revisando • The Shadows ✔️Where stories live. Discover now