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De repente eu senti uma mão segurando a minha e me tirando de onde eu estava. Fiquei mais calmo quando observei um par de olhos azuis conhecidos no rosto de quem me puxara, era o Xande.
Ele fazia um sinal de silêncio para mim com o dedo indicador na frente da boca, isso enquanto sorria para mim. Apenas comecei a sorrir também e deixei-me ser conduzido por ele, embora estivesse curioso.

─ A gente 'tá indo pra onde? ─ Eu perguntei como quem não quer nada.

─ Ver a chuva de meteoros, ué. ─ Ele me olhou como se fosse óbvio.

Chico ouviu no rádio que haveria uma chuva de meteoros àquela noite, então combinamos de todos assistirmos juntos na pizzaria.
Fizemos até uma decoração com estrelas de papel e luzinhas de Natal, mas aparentemente os planos mudaram.

─ Não deveríamos chamar os outros? ─ Já estávamos fora da pizzaria, Xande pegou uma lanterna de dentro da mochila que ele carregava e a ligou para iluminar o caminho.

─ Eles podem assistir de lá, agora vem, você fala demais. ─ E continuamos nosso caminho ainda de mãos dadas.

O céu estava sem nenhuma nuvem no céu, a lanterna ajudava a nos guiar, mas a lua iluminava a rua por si própria. Conforme íamos nos aprofundando na estrada, percebi que era um caminho um tanto familiar.  As marcas de pneu que a lanterna de Xande iluminaram, o orelhão quebrado que tinha por ali, onde algum maluco escreveu muitas declarações para uma garota que eu não sei quem é, pedindo para ela voltar para ele; espero que eles tenham se acertado.
Eu tinha uma ideia de onde Xande estava me levando,  mas não comentei nada para não estragar. Ou eu poderia estar simplismente errado e apenas ser na mesma direção. Enfim, apenas escolhi ficar quieto e aproveitar o momento anormal, mas estranhamente confortável para mim.

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Depois de alguns minutos, ele para de caminhar e eu paro junto. Xande me deu a lanterna e depois vasculhou a mochila em busca de algo.

─ Gui, eu vou ter que te vendar... tudo bem? ─ Era um lenço preto. Ele me olhou meio receoso enquanto soltava minha mão para segurar melhor o pano.

─ Okay... só não me deixa tropeçar em nada. ─ Brinquei. Eu confiava no Xande, ele não faria nada errado.

─ Eu nunca te deixaria tropeçar. ─ Ele falou enquanto cobria meu olhos, e eu me senti seguro mesmo assim.

A última coisa que vi antes dele me vendar foi o sorriso no rosto dele, o que consequentemente me fez rir também.
Xande pegou a lanterna da minha mão. Ele estava atrás de mim me guiando com a mão direita no meu ombro, e com a outra mão segurava a lanterna.
Tenho que admitir que foi estranho caminhar vendado, mas eu estava com o Xande, então eu estaria bem com certeza.  Se eu me perdesse, era só seguir a voz dele onde quer que estivesse.

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Não demorou nada para chegarmos aonde quer que fosse. Escutei ele mexendo na mochila, logo em seguida colocou as duas mãos no lenço que cobria meus olhos; provavelmente guardou a lanterna.
Senti a respiração dele próxima, e nem o frio que fazia me fez arrepiar tanto quanto isso.

─ Surpresa. ─ Ele falou perto do meu ouvido. Em menos de um segundo o pano caiu e eu pude ver o local.

Era a pista de skate abandonado onde nos conhecemos, mas estava diferente. Havia luzes de Natal ligadas por um gerador pequeno, igual a decoração que fizemos na pizzaria. Fora algumas estrelas adesivas brilhantes que foram coladas na velha rampa.  Também haviam lençóis no chão, e travesseiros. Além de alguns salgadinhos e uma caixa térmica com gelo e bebidas.

─ Então foi aqui que vieram parar metade das luzinhas da pizzaria. ─ Coloquei as mãos na cintura e olhei tudo.

─ Sério que você só reparou nisso...? ─ Ele me olhou com a sobrancelha levantada.

─ 'Tô brincando. ─ Eu sorri para ele. ─ Isso tá incrível! ─ Fiquei entre Xande e o local arrumado e abri os braços.

─ Espero que tenha gostado mesmo, eu sei que você gosta dessas coisas espaciais... então pensei em fazer isso. ─ Pela primeira vez ele parecia sem jeito. Ele colocou a mão atrás da numa e olhou para o chão.

─ Eu adorei, obrigado. ─ Eu sorri de novo; sempre sorrio muito perto dele.

Ele veio para o meu lado e segurou  minha mão, me levando até os lençóis no chão. Nos sentamos e então ele abriu um salgadinho e dois refrigerantes para tomarmos enquanto conversávamos.
Não demorou muito para a primeira estrela cadente, como eu gosto de chamar, aparecer no céu; eu olhei maravilhado. Lembro de ter visto uma vez quando tinha 11 anos, e acho que meus olhos brilhavam da mesma forma.

─ Faz um desejo, Gui. ─ A voz de Xande quebrou o silêncio que se fez quando a chuva começou.

─ Então vamos desejar juntos. ─ Eu segurei a mão dele e então olhamos para o céu de olhos fechados. Não demorou para abrirmos os olhos e nos encararmos novamente.

─ O que você pediu? ─ Ele falou com uma feição totalmente curiosa.

─ Se eu falar não se realiza. ─ Sorri brincalhão.

Eu só pedi por mais momentos como esse. Momentos tão bons que não precisam ser gravados, apenas vividos e sentidos.

Ficamos em silêncio, somente olhando o céu ser trilhado por estrelas que brilhavam em azul. Eu cheguei mais próximo do Xande e deitei minha cabeça em seu ombro. Ele rodeou minha cintura com o braço direito e ficamos naquela posição olhando o horizonte.
Tenho certeza que seria legal ver com o resto do pessoal, mas aqui era um pouquinho mais especial. Não sei explicar, eu só me sinto bem perto dele assim, como se pudessemos ir o mais longe do que jamais sonhamos. Como se pudessemos segurar alguma daquelas estrelas e sair desbravando o mundo. Embora eu esteja preferindo ficar aqui com ele. Por que nenhuma estrela brilha mais do que o sentimento que eu sinto com ele.

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Surtinho de criatividade.😔
Eu tive a ideia ouvindo Till The Stars Burn Blue  do The Score. É uma música que eu gosto, recomendo.

É isso, obrigado por ler.♡♡

Quando As Estrelas Brilham - XanzoWhere stories live. Discover now