07 - Parte da Verdade

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Apenas me contaram sobre quando cheguei em casa no dia seguinte, pois havia ido dormir na Stayce. Uma sábia decisão, pois foi o que me impediu de surtar fortemente com o Rodrigo e possivelmente chorar copiosamente de medo.

Detestava carros! Entendia o quão importante eles eram e sua necessidade, mas não importava, eu os detestava.

— Bom gente, — falei pegando minha bolsa ao meu lado e terminando meu leite — está na minha hora. Um beijo a todos.

Escutei as despedidas deles e o grito do meu irmão para não esquecer para não esquecer do nosso almoço. Caminhei em direção a escola pensando que talvez fosse a hora de tentar "seguir em frente" o máximo que desse. E isso envolvia não voltar com minhas antigas amizades, embora elas já não estivessem falando mais comigo.

Cheguei ao meu destino, cumprimentando o porteiro e comecei a procurar minha prima, preparando-me psicologicamente para enfrentar a fúria da baixinha enfezada. Vez ou outra algum aluno ainda me olhava com aquele olhar de pena, o que eu tentava ignorar, mesmo que meu coração apertasse toda vez que acontecia. Seguir em frente, eu precisava seguir em frente!

Encontrei Ícaro conversando com alguns de seus amigos em um dos corredores.

— Ícaro! — o chamei, fazendo-o se virar para mim com um pequeno sorriso — Tu viu a Cecília?

— Ela foi entregar um trabalho para a professora de química no laboratório — respondeu-me prontamente. — Deve estar lá ainda.

— Ah, muito o... — mas minha fala foi interrompida por um dos amigos do guri em minha frente, que me lançava um olhar curioso.

— Ei, tu é a Thalita, não é? A guria que...

— Vai atrás dela, Thali! — Ícaro virou-se rapidamente para mim, cortando o seu amigo — Se tu for agora, capaz de pegar ela lá ainda.

Assenti e saí dali a passos apressados. Seria impossível seguir em frente naquele colégio. Não quando todos continuavam insistindo em me lembrar de uma dor que eu só queria esquecer.

Fui em direção onde haviam me dito pois sabia que lá também era um lugar isolado e encostei na parede do lado de fora de um dos laboratórios. O corredor estava vazio e a luz que iluminava ali era a do Sol, que refletia contra uma grande porta transparente um pouco longe de mim. Tentava respirar mais devagar e desacelerar meu coração. Precisava me recompor antes de falar com Ceci, eu não queria ser um peso para ela com todos meus traumas e convicções.

Respirei fundo. Seja forte e corajosa... eu podia até não acreditar mais em Deus, mas essa frase até que vinha a calhar agora. Eu precisava dessa coragem para fingir que estava tudo bem. Precisava seguir em frente.

— Sejas razoável, pelo menos uma vez! — escutei alguém falar alto em uma das salas e logo abaixar o tom. Eu conhecia aquela voz... Cecília! — Ela acabou de voltar, pega leve, por favor!

— Foi-se o tempo em que eu me importava com os sentimentos dela — aproximei-me da sala, sem deixar-me ser vista e reconhecendo também a outra voz.

— Cíntia, entendo que em sua mente esteja certo reagires dessa maneira, mas sabe que está errada — ouvi um barulho como se ela fosse retrucar, mas minha prima foi mais rápida. — Eu não quero brigar, eu só estou te pedindo para que, por favor, deixe a Thalita em paz! Ela já está sofrendo, não precisa mais isso, por favor!

Espiei dentro da sala, tomando cuidado para não me verem. As duas estavam uma de frente para a outra, com Cíntia de braços cruzados olhando para Cecília de forma agressiva enquanto ela se posicionava tranquilamente em sua frente. Aquilo era muito estranho de se ver. Antigamente os papeis eram invertidos.

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⏰ Last updated: Jan 15, 2023 ⏰

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Apenas Um Acaso...?Where stories live. Discover now