2 - Seguir Ou Não Seguir?

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Calçou suas pantufas e arrastando os pés se apressou até a porta de seu apartamento, passando no caminho por todas as fotos de Alpine penduradas nas paredes do corredor e emolduradas sobre outros móveis da sala, para lembrá-la que um dia tivera a mais pura e inocente felicidade morando debaixo do mesmo teto. Felicidade esta que ela tentou preencher como pôde.

Era quase hipócrita de sua parte. Criticava os que seguiram em frente, enquanto ela tentou fazer o mesmo e ser feliz com isso. Vinha funcionando um pouco, se não fosse pela ausência de Alpine, ela lidaria um pouco melhor com tudo isso. Mas não era apenas a ausência da felina que a perturbava, por mais que aos outros, principalmente a uma pessoa em especial, ela dissesse que era apenas a perda da gata que mais a machucava.

Girou a chave sem se dar ao trabalho de verificar pelo olho mágico, pois o porteiro não deixaria um estranho subir sem lhe comunicar. Abriu e fechou a boca em surpresa ao encontrar parado no corredor, Steve com as mãos nos bolsos da calça.

— Ãm... Oi? — Riu nasalado, meio sem jeito. — Desde quando sabe aonde eu moro?

— Não foi muito difícil — ofereceu-lhe um pequeno sorriso.

Daiana ainda sentia-se estranha com a presença de Steve depois de tudo o que aconteceu, e tê-lo pela primeira vez em sua nova casa após ter se mudado há pouco mais de um ano ainda era... mais estranho do que ela tinha imaginado que seria. Por mais de uma vez nos últimos cinco anos Steve havia expressado seu desejo de que o faria muito feliz vê-la com Bucky, e por isso, quando casou-se há pouco mais de um ano, Daiana optou por manter Steve o mais distante possível de seu marido para que o Capitão não se sentisse desconfortável ou melancólico, pois consequentemente ela se tornaria também.

Lembrava-se de Steve contando sobre o que Bucky lhe dissera no dia do ataque de Thanos. Bucky ficou por dois anos em Wakanda e mesmo quando fora descongelado, Daiana não o visitou, da mesma forma que ninguém nunca viera buscá-la a pedido dele. Ela teria ido se ele tivesse pedido. E mesmo que não tivesse, ela teria ido, mas apenas quando Thanos atacou e todos viraram pó, ela soube que ele havia sido descongelado e estivera naquela guerra.

Guerra esta que ela não fora convocada. Não lutou ao lado de ninguém, sequer sabia o que estava acontecendo. Estava em casa com Alpine quando...

— Entra — lhe deu espaço e, agradecendo com um leve aceno, Steve o fez.

— Quer um café? Um suco? — Ofereceu receptiva e educada.

A ausência do marido não tornava o clima mais leve. Imediatamente a tensão se instalou no local no momento em que Steve, um pouco entristecido, fixou os olhos lamentosos em uma das várias fotos dela e de seu marido espalhados pela casa. No dia do casamento e em passeios e viagens, a maioria bancada pelo seu trabalho, fruto de sua constante evolução e destaque entre os outros colegas.

O casal vivia o que muitos diriam ser a melhor fase. Tinham uma vida estável, confortável, se apoiavam, empregos fixos e sem filhos, aproveitando ao máximo o que a vida tinha para lhes dar. Porque era tudo o que restava a se fazer quando se tornou ainda mais real a possibilidade de perder absolutamente tudo o que lhes restou em um simples estalar de dedos.

Sabia o que se passava na mente de Steve, mas ele precisaria em algum momento aceitar que mesmo se Bucky aparecesse em sua porta hoje, ela não abriria mão de tudo o que era certo em sua vida, para arriscar com o duvidoso.

— Não, obrigado. Vim apenas de passagem porque precisamos conversar sobre algo importante.

A tensão em sua voz e postura a fizera endireitar a própria, prestando mais atenção em suas palavras, ignorando completamente o fato de que estava apenas de pijama e cabelos desgrenhados. Teria ficado envergonhada, mas Steve era seu melhor amigo, portanto não havia razão para tal.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now