Prólogo

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Aquilo só poderia ser dívida de aposta!

Estávamos quase, eu digo quase, entrando no inverno. Todos já se preparavam para as férias de 15 dias e eu era uma dessas pessoas, mas parece que o inimigo procura agir justamente nas horas que mais estamos necessitados de paz.

Essa última frase veio diretamente da boca de Rosé minutos antes da prova de matemática que iríamos fazer.

—  E ai? Como você acha que foi?

Me ajeitava na mesa guardando meus materiais para seguir para o intervalo. Ela me olhava esperançosa, Coitada, será que ela ainda tinha esperanças?

—  Imagina. Eu acho que errei até meu nome, aquelas contas mais pareciam um texto de redação do que uma conta pra no final dar zero. ZERO! —  Dei ênfase na última palavra, não sei se deu pra perceber. —  Eu não sei em que circunstâncias eu imaginei que me daria bem.

Fiz meu drama de sempre ainda sendo assistida pelos olhos de minha amiga que fazia questão de rolar os olhos a cada frase dramática que eu soltava. Nós agora seguiamos pelo corredor de armários.

—  Você é muito dramática, juro, não tem condições uma pessoa assim! —  Fiz biquinho pra ela. —  Pelo amor de Deus, você nem estudou para essa prova, e se pegou no caderno foram dois tempos antes dela. Como quer ter segurança de algo se você mesma não se dá a segurança que precisa?

Agora quem rolava os olhos era eu. As vezes Rosé agia como se fosse minha mãe, e detalhe: nem a minha mãe me cobrava tanto quanto minha amiga. Eu não levava nada para o coração porque sabia que era justamente para o meu próprio bem.

Um vento um pouco frio demais me atingiu quando chegamos ao refeitório. Naquele momento eu tive certeza que aquele inverno não estaria para brincadeiras. A fila para as comidas estava enorme, acho que todas as laricas resolveram atacar no povo, combinei com Rosé que para agilizar ela iria pegar o meu lanche e o dela e eu, pegaria a bebida dela e a minha.

Quase senti meu braço deslocar quando levei um esbarrão atrás de mim, me fazendo virar no mesmo instante.

—  Mil desculpas!

Meus olhos quase soltaram de órbita quando dei de cara com Jennie. Ela me olhava com pesar, parecendo realmente arrependida. Ao fundo o seu grupinho dava risadinhas sem me encarar.

Idiotas.

"Tudo bem" foi a única coisa que eu disse voltando a olhar para frente agora que só restavam um menino na minha frente. Justamente por essa afirmação eu jurei que não demoraria muito, mas o garoto saiu dali equilibrando copos de bebida de uma forma que não tenho nem como descrever.

Peguei nossos cappuccinos dando graças a Deus pela máquina ter sido concertada, porque o clima não estava dos mais quentes para beber algo gelado. Ir na igreja com a mãe de Rosé estava surtindo efeitos na minha semana.

Ainda tive que esperar um pouco mais em pé enquanto Rosé pegava nosso lanches, e para minha felicidade, ela não demorou a aparecer atrás das filas segurando 2 lanches nas mãos. Mas não se engane quando ouve a palavra lanche. Era só um sanduíche de carne mal passada, mas era tão rasteiro que dependendo da sua fome, ia só enganar o coitado do estômago.

Não que eu esteja reclamado. Longe de mim reclamar de alguma coisa dessa escola!

—  Você não sabe quem resolveu dar o ar da graça hoje na fila? - Comecei a falar de boca cheia, não sei como ela me entendeu mas vamos seguir o rumo.

—  Quem?

Seus olhos agora brilhavam em curiosidade. Rosé era um das pessoas mais fofoqueiras que eu conhecia.

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