Prólogo

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#MissãoFrangoAssado🐓

— Eu odeio ele! — Cristine gritou, pela milésima vez, aquela frase.

— Eu vou buscar um copo com água e açúcar. — murmurei desconfortável, enquanto me levantava.

— Não ouse me deixar sozinha aqui! — ela ordenou, segurando o meu braço e trazendo-me de volta para o banco ao seu lado.

Sentei-me novamente, como boa melhor amiga que sou e, claro, antes que houvesse uma tentativa de homicídio por parte dela. No entanto, era claro que eu deveria esperar ali até que Cristine disparasse novamente num choro estridente de quem acabara de passar por um episódio típico de pé na bunda.

Os alunos continuavam a passar pelo pátio em direção à suas respectivas salas, enquanto eu acompanhava de perto o drama de dor de cotovelo da minha melhor amiga.

Alguns olhavam curiosos para a grande cara inchada de Cristine, que mais assemelhava-se a um pimentão cozido naquele momento.

— Ótimo... — ela por fim respirou fundo, enquanto secava o mar de lágrimas que saía de seus olhos. — Todos estão me olhando como se eu fosse mais uma vítima que caiu na laia daquele crápula. — indagou.

— Bom... tecnicamente... você foi mesmo. — concluí, receosa, prontamente me arrependendo do que acabara de falar.

Cristine disparou a chorar novamente e não era como se aquilo fosse uma surpresa, levando em conta a minha suave falta de sensibilidade com a ocasião em que ela se encontrara.

Adverti-me mentalmente, tentando consolá-la com uma mão no ombro, mas não obtive êxito. Cristine ainda chorava igual àquela garotinha loira que conheci no jardim de infância, que outrora chorava por bonecas; e que, agora, anos depois, chora por garotos.

— Ele. Disse. Que. Me. Amava... — mal pronunciou as palavras pausadas em meio a soluços.

Eu só queria uma luz divina naquele momento. Não aguentava mais tamanha energia negativa naquela situação. Respirei fundo e quase engasguei quando o ar foi interrompido pela visão do causador do sofrimento da minha amiga.

Jungkook estava a poucos metros de nós, sorrindo como sempre, trocando socos infantis e palavras rudes com seus quatro melhores amigos — o squad da realeza, nome que ironicamente apelidei o grupinho dos cinco babacas do colégio: Jungkook, Jimin, Jin, Taehyung e Yoongi.

Cristine apertou os lábios, contendo-se para não soltar o choro novamente, enquanto observava com olhos assassinos o famigerado Jeon Jungkook, vivendo normalmente sua vida do outro lado do pátio.

— Olha só pra ele... — sua voz tornou a fraquejar. — Age como se nada tivesse acontecido, sorrindo de orelha à orelha e sendo o centro das atenções, como de costume.

— Tecnicamente... — fui interrompida pelos olhos assassinos de Cristine antes mesmo de terminar o que falaria.

— Não venha me dizer que não foi nada demais! — ela gritou. Deus, como ela era escandalosa. — Eu sei que só saímos durante uma semana, mas para mim foram como uma eternidade de amor, carinho e compreensão. Droga, íamos nos casar! — ela concluiu e eu me segurei para não cair numa gargalhada.

O quão iludida Cristine havia ficado? Não era como se fosse surpresa que Jungkook iria dar um pé na bunda dela assim que conseguisse satisfazer suas necessidades insaciáveis. Afinal de contas, ele já fez isso com oitenta por cento das garotas da escola e mesmo assim ainda havia aquelas que iludiam-se, achando que fariam a diferença e finalmente mudariam a essência cafajeste de Jeon Jungkook. Ledo, ledo engano.

— A verdade é que ele não ama ninguém e nem nunca irá amar. — derrotada, ela admitiu em murmuro. — Olha só como ele olha pros amigos. Acho que as únicas pessoas que Jungkook realmente amou e ama na vida, são aqueles quatro súditos baba ovos dele. — concluiu, recolhendo sua bolsa e levantando-se. — Te vejo na terceira aula.  — ela disse, tristonha, deixando-me a refletir sobre suas últimas frases.

De fato, ela não estava de todo errada. Jeon Jungkook tratava as garotas daquele colégio como objetos altamente descartáveis após uso, isso é fato. Mas uma coisa era inegável: os seus quatro melhores amigos, o squad da realeza; eles sim, tinham algo que fazia Jungkook amá-los realmente, sem nenhum tipo de interesse para fins que o favoreciam.

Todavia, essa observação não era o meu foco naquele momento. Eu estava cansada. Cansada de Jungkook fazer o que bem entender, destruir corações e sair ileso. Alguém precisava fazê-lo provar do próprio veneno. Ele tinha que saber o que é se apaixonar e ter se coração quebrado pedaço por pedaço.

Tomada pelo sentimento de vingança que brotou em mim assim que vi minha amiga em prantos por aquele imbecil (e também empática com todas as garotas daquela escola que sofreram nas mãos dele), tomei o que seria a decisão mais estúpida da minha vida:

Eu faria Jeon Jungkook apaixonar-se por mim.

Four Rules (jjk) (oc) (pjm)Where stories live. Discover now