DESDE MUITO NOVA, MAUDE PADILHA SABIA que a possibilidade de se tornar uma renomada jogadora de handebol, eram completamente nulas. Mesmo que seus pais tenham a apoiado praticar o esporte quando estava num momento muito intenso de perdas, aquilo não...
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A última vez em que Maude se recordava de ter passado constrangimento na frente de outras pessoas, foi quando, em um jantar de final de ano na empresa em que seu pai trabalhava, Paulo já estava bêbado o suficiente para mostrar o favoritismo existente entre seus dois filhos. Naquela época Mateus não era tão insuportável como é nos dias atuais, e ficou envergonhado pelas palavras sendo cuspidas sem mísera consternação. A família inteira ficou chocada em com como Maude foi humilhada, para outros homens adultos e muito machistas; sendo taxada como coitada, estorvo e iludida.
Mesmo naquela situação, um sorriso forçado ainda estava presente em seu rosto, tentando não chorar e dar mais razões para seu pai continuar com aquele show de humilhação que não parecia ter fim. Era triste, porque foi com quinze anos de idade que Maude foi percebendo e acordando sobre muitas ideias que Paulo defendia. Foi a primeira e última vez que fora desrespeitada na frente de desconhecidos.
E ali, com seus vinte e dois anos nas costas, novamente virou um alvo. Porém, o público era diferente. Ela estava lidando com as mídias sociais, e todos sabem muito bem o quão manipuladores e cruéis podem ser, somente usando o poder da palavra.
Haviam se passado duas semanas daquela maldita festa, porque somente agora resolveram levantar boatos que não tinham fundamentos? Por que, somente agora, resolveram que seria divertido manchar um pouco a imagem de uma atleta que ainda estava passando pelos seus primeiros momentos fazendo o que sempre sonhou? Ela não entendia como “estou ansiosa para aparecer nas páginas sendo reconhecida pelo meu talento”, virou “apareci nas páginas de fofoca por um boato ridículo a respeito de uma festa que fui”.
Ela sentia vergonha dos olhares, e parecia voltar para o maldito dia em que seu pai lhe humilhou. A sensação era a mesma, suas ações eram as mesmas, e a vontade de chorar era a mesma. Parecia que tinha voltado para o corpo da pequena Maude, que após a confraternização, voltou para sua casa e chorou como um patinho que havia perdido de sua mãe no meio do caminho.
