Capítulo 2 - As impressões e Constatações deste novo mundo.

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Ao amanhecer, por ir dormir muito cedo na noite anterior, Ehnee logo desperta, esfrega seus olhos e se espreguiça, para acordar para o dia. De repente, se dá por conta que continua no quarto cedido pela família de seu "pai". Família a qual, por ser mulher, como um objeto, ela "pertence". Com esta última constatação, causa lhes arrepios sombrios, mas é claro que irá investigar os prós e contras em estar nessa família. E qualquer coisa, arrumará um jeito de sair, desse lugar. Afinal, tem o dinheiro que seu tio lhe deu, por pensar nisso, sibila:

— Como é mesmo o nome do dinheiro aqui!? Uhm!... Depois eu vejo! Tenho que vasculhar as mentes do povo desta casa e ver o que será determinado a mim.

Enquanto fala consigo, se espreguiça mais um pouco e pensa em como obter mais dados dos costumes desta Era.

— Era!? Será que está certo, usar esta termologia, aqui?

Uma das meninas da noite passada entra, e se apresenta a Ehnee:

— Bem-vinda ao novo dia, senhorita! Me chamo Aillií e vou ajudar a se organizar para o dia. Como deseja começar?

Ehnee fica parada, pensando em como fazer perguntas sem parecer uma pessoa sem memórias, afinal, o que aconteceria se percebessem que não tem a mínima noção de nada desse lugar? Aillií fica desconfortável com seu silêncio e não sabe se sai, ou fica do quarto. Faz menção em perguntar e Ehnee, questiona primeiro:

— Oh! Aillií, bom nome! Bonito. Agora diga-me, uhm..., tipo..., o que as mulheres fazem para viver aqui, onde trabalham e se descontraem!?

Aillií a olha como se Ehnee tivesse criado duas cabeças acima do pescoço. É exatamente assim que se sente nesse momento, ao encarar este olhar indagador e surpreso. Aillií não a deixa esperando muito e responde:

— Se-Senhorita!? Aillií sabe que você não foi criada neste país, desde muito pequena, ma-mas... Senhorita, as damas como você se casam e administram a casa, com a ajuda de suas sogras. Então..., porque a senhorita quer ser uma serva!?

Enquanto Ehnee se fixa nos olhos de Aillií para tentar esconder toda a turbulência de seu cérebro e sexto sentido, que não estava errado, diga-se de passagem, a serva segue sua conversa:

— Quanto a se distrair, as jovens e senhoras tem muito o que fazer, sua avó certamente a colocará a par de tudo o que é e não é permitido neste país. Espero que sesinta em casa logo, por que...

No fim da fala de Aillií, percebe-se a voz começar a morrer, nota-se seus olhos, levemente se arregalar e a boca se fechar, pois se dá conta que está falando demais.

Clique! Na mente de trinta e um anos de Ehnee: – Aí, tem! O que é? Por que não posso saber, uhm!? Ara!

Lendo tudo o que está estampado no rosto da sua senhorita, Aillií desconversa e a arrasta para começar o dia, explicando onde tudo está e como proceder. Ehnee presta atenção em tudo e repete os processos que a menina lhe ensina, enquanto pensa: – Trouxeram-me novas roupas que parecem de grife, o tecido é grosso e suave, mas o corte fecha até o pescoço. Isso me lembra os radicais muçulmanos e do nada me dá essa sensação de tremor no coração, seguido de um frio desconfortável no estômago. Nada contra a cultura dos outros, desde que haja consenso, porém, não é minha cultura.

Depois de tudo pronto e feito, seguiram para tomar café da manhã com "seus parentes". E o pensamento correndo a mil na mente de Ehnee: – Cheguei, percebo quão refrescante a sala e estão todos conversando animadamente, parece muito bom. Oh! Por que se calaram quando perceberam minha presença? E ficam me olhando, como que esperando alguma reação minha? Por quê!?

Ehnee mostra seu leve desconforto com um sorriso quase imperceptível, faz a saudação usual e espera para ver suas atitudes. – Num piscar de olhos, noto que a avó está inspecionando-me e deduz algo com seu semblante sério, mudando rapidamente para um sorriso. Ela é muito educada comigo ao me convidar  a sentar e até mostra a cadeira que está reservada para mim. Olho seriamente para ela tentando ver alguma coisa e não sei se me sinto aliviada, ou mais desconfiada, com seu sorriso nítido e elegante que se mantém por mais alguns instantes, antes de voltar a tomar seu desjejum. Depois desta percepção, passo a olhar as outras pessoas à mesa e vejo que tem mais mulheres que ontem à noite. Quando paro o olhar nelas, nas senhoras que conheci ontem, elas apresentam estas novas mulheres como sendo as outras esposas de seu marido. Em choque, o qual tento ao máximo não demonstrar minha falta de educação, ou ser indelicada com o que eu penso, a respeito deste assunto na frente de toda a família; viro-me para a "minha avó" e vejo-a assentindo em satisfação. Volto meu olhar para todas estas mulheres e seus respectivos maridos, pasma, não há lugar para todos à mesma mesa. Agora entendi de o porquê ser tão grande essas salas, tanto a de jantar, como a de estar. Retorno o olhar, a matriarca, ela parece tranquila e satisfeita, com toda essa gente à sua volta. Ouço um pigarrear e olho na direção da mulher, mais próxima da grande senhora'.

Meu Herdeiro à Família Mohrwaii - (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora