Fake boyfriend ➳ Vinnie Hacker

24 || Vinnie

Encaro o teto do quarto de Bryce. Fico pensando no que eu disse para Izzy, eu não deveria ter sido tão rude. Não deveria ter dito que não éramos amigos, nós somos amigos. Eu preciso dar um jeito nisso.

Cogito mandar uma mensagem para ela, mas ao entrar no Whatsapp o contato de Nailea é o que me chama mais atenção. Entro em nossa conversa, rolo as mensagens para cima, voltando à alguns meses atrás. Releio algumas das mensagens e sinto vontade de mandar outras, mas ela não responderia.

Não sei bem o que foi isso que aconteceu hoje, mas sei que foi só aquilo. As coisas entre nós mudaram. Acabaram as noites acordados conversando, as trocas de olhares que faziam eu sentir como se só houvessem nós dois no mundo inteiro. Nosso relacionamento acabou.

Bufo e me levanto do colchão no chão. Bryce dorme tão profundamente que duvido se um incêndio conseguiria acorda-lo. Desço as escadas em direção a cozinha.

O universo me odeia, tenho plena certeza disso. Assim que entro na cozinho vejo Nailea apoiada na bancada da cozinha, virada de costas para mim. Como fazê-la perceber que eu estava ali? Chamar seria evasivo demais? Fazer algum barulho, que parecesse acidental, poderia assusta-la?

— Oi — falo e vejo ela dar um salto de susto.

O barulho de copo caindo no chão me faz instintivamente ir até ela, para garantir que não se machucou. Vejo ela murmurar alguma coisa, que não entendo, e se abaixar para juntar os cacos de vidro. Nailea geme de dor e aperta sua mão.

— Você se machucou? — Pergunto me abaixando para ficar da altura dela.

— Eu tô bem.

Pego sua mão e vejo um corte nela.

— Não tá não, vem eu te ajudo.

Seguro a mão dela, a que não estava machucada, e nos encaminho para a sala. Deixo ela sentada no sofá enquanto vou buscar a caixa de curativos. Encontro em cima do armário e volto correndo até lá, vasculho a caixa à procura de algo para a mão dela.

— Tem certeza que precisa disso? — Pergunta olhando com dúvida para a gaze na minha mão.

— Não podemos deixar assim!

— Um band-aid já deve servir.

— Tem razão — falo e ela solta uma pequena risada do meu nervosismo. — Desculpe ter te assustado.

— Tudo bem, eu que acabei derrubando o copo.

Não sabia o que dizer, seria inútil continuar com aquela conversa de quem teve ou não culpa. Acabamos ficando em silêncio. Era como se as conversas que trocamos essa tarde nem tivessem existido.

"Como eu poderia esquecer?"

Realmente parecia que ela tinha esquecido. Talvez porque ela quisesse isso. Nailea estava cada vez mais distante, e isso era algo que ela fazia por vontade própria. Talvez eu devesse tentar parar de puxa-la de volta.

Lembro de como pensei em me agarrar ao que aconteceu essa tarde. Talvez eu estivesse me agarrando a algo que eu deveria deixar ir. Deveria esquecer ela.

Mas só pensar nisso já era algo que machucava. Nunca imaginei que um dia estaríamos nessa situação. Nunca imaginei nada do que aconteceu nas últimas semanas.

Meus pensamentos já perderam totalmente o foco principal. Aquele silêncio estava me matando.

— Você...

— O que estão fazendo aqui? — Ouço a voz de Bryce e me assusto ao ver ele ali na sala.

— Eu me cortei com um caco de vidro e ele me ajudou. — Nailea explica.

— Você está bem?

— Sim! Foi só um corte, vocês não precisam se preocupar tanto.

— Achei que você estivesse dormindo — digo entrando na conversa.

— Isso me acordou — fala e joga meu celular em mim.

Vejo que Izzy mandou algumas mensagens.

— Vou juntar os cacos de vidro — Nailea diz.

— Eu te ajudo.

Os dois vão para a cozinha enquanto eu fico na sala. Vendo as mensagens de Izzy.