Prólogo

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Osasco - SP, Brasil
10 de fevereiro, 2006

Sarah fechou os olhos com força quando ouviu seu irmão mais velho, Rafael, falando pra mãe deles que ia "tocar" uma bolinha, sendo que acabaram de parar em frente a casa nova pra começar a colocar os móveis e tudo mais lá dentro. Ela se virou pro mais velho que estava procurando a bola em uma das dezenas de caixas de papelão.

── Rafael, você vai ficar pra ajudar! Só você vai se divertir e eu vou ficar aqui ajudando nessa coisa chata? ── a garota brigou, franzindo as sobrancelhas e fazendo bico.

── Me deixa, sua bicuda. ── o moreno disse encarando ela, com a bola já em mãos.

Sarah se estressou ao ouvir o apelido que tanto odeia, ela pegou a bola das mãos do irmão e tacou o objeto na testa do mesmo.

── Sarah Pagline!

A mãe da garota brigou com ela, indo até Rafael que tinha as mãos na testa pressionando o local atingido, xingando a irmã baixinho.

Do outro lado da calçada, um menininho com uma camisa do São Paulo riu da cena, uma risada de jogar a cabeça pra trás, havia achado a garota irada.

A garota agora tinha os braços cruzados e uma expressão satisfeita, gostando de ver o irmão bravo.

── Ele me chamou de bicuda!

── Você é bicuda, Sasa. Mas é a bicuda do papai.

John defendeu a menina, que sorriu e o abraçou, mostrando a língua pro irmão.

── Eu vou pegar suas bonecas e cortar o cabelo delas, e deixar elas feias igual a você!

── Corta o cabelo delas e eu corto o seu.

── Vocês parecem dois bichos do mato. ── a mãe falou bufando e se afastando do filho, indo abrir o portão da casa pra eles começarem a colocar tudo lá.

A avó deles, Dona Sônia, riu e acariciou a testa do menino.

── São crianças, Carol. Você e seus irmãos viviam brigando.

A família entrou junta dentro da casa, Sarah fez cara de nojo, tinha gostado da frente da casa, mas por dentro era uma decepção. Do jeito que a família estava falando, achou que ia ser como uma casa antiga e chique.

── Que casa feia.

Murmurou e sentou num banquinho ali, com os braços cruzados. Dona Sônia se aproximou dela, se agachando devagar e ficando na altura da menina.

── Qual o problema, Rapunzel da vó?

── Queria que a casa fosse mais bonita.

Sarah desviou o olhar pro lado, se sentindo um pouco mal em falar aquilo.

── Não estamos bem de dinheiro, Rapunzel. Mas com o tempo você se acostuma com essa casa, ela vai virar seu lar aos poucos. ── ela levantou o queixo da garota. ── E nós vamos reformar quando tivermos mais tempo. Agora, vai lá fora com seu irmão brincar.

DESTINADOS | Antony SantosWhere stories live. Discover now