Capítulo 1: Zender e Melione

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Melione

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Melione

      Quando eu era mais nova, minha avó costumava dizer que pessoas intensas gostavam de café. Ela não dizia nada sobre pessoas que gostavam de chá, mas sempre encontrava um jeito de reforçar que eu deveria viver intensamente. Como eu sempre fui viciada em café, acho que essa foi a maneira que ela encontrou de dizer que eu era intensa, ou que, pelo menos, deveria ser.

Hoje, consigo perceber que eu não era muito intensa, mas comecei a agir como se fosse. Gostaria de dizer que foi só por influência da minha avó, mas não foi. E é exatamente por isso que estou aqui, num café simpático, porém desconhecido, de Londres, esperando por ele.

Pensei em dizer não diversas vezes, pensei em ligar desmarcando, pensei em, simplesmente, não aparecer. Algo sobre como esse encontro foi marcado me incomoda profundamente, porque bastou uma ligação para que eu concordasse em me encontrar com ele. Depois de anos, Zender resolveu me contatar do único jeito que ele sabia que eu seria incapaz de recusar, com uma ligação.

Não sei qual vai ser o conteúdo da nossa conversa, mas sei que não vai ser algo banal. Ter certeza disso me deixa nervosa e preocupada. Tenho medo de algo grave ter acontecido. Tenho medo também de que ele venha me dizer que vai se casar ou coisa parecida. Ele não me deve explicações, claro, mas até hoje penso que, se eu ficasse noiva de alguém, teria que ligar para ele contando.

Pensar sobre isso me mata. A essa altura, eu queria ser a única no controle da minha própria vida. Mas sinto, toda vez que tenho que tomar uma decisão, as palavras de Zender comigo.

E acho que foi por isso que dirigi até aqui, porque algo me liga a ele. Algo que, mesmo depois de anos, eu não consigo me livrar.

A sineta da porta tocou e ele cruzou o batente. Vestindo um moletom azul marinho e óculos escuros, ele não parecia um artista famoso. Ele quase passava despercebido, mas não pra mim. Por instinto, eu acho, Zender colocou os olhos exatamente onde eu estava sentada, no canto, longe da janela. Ele parou por um instante. Também parecia decidir se caminhava até a minha direção ou fazia o caminho contrário. Assisti seus ombros subirem e descerem. Engoli em seco quando ele começou a caminhar até mim.

Zender tirou os óculos, logo depois de sentar na minha frente. Seus olhos castanhos ainda eram gentis e me transmitiam uma sensação de conforto e confiança. De alguma forma isso foi pior, preferiria que eles me causasse náusea, seria mais fácil de lidar. Meu coração acelerou e eu tentei me acalmar dando um gole no café que tinha pedido.

— Oi — ele disse.

— Oi — devolvi, tentando parecer o mais neutra possível. Tudo o que eu menos queria era demonstrar o quanto aquele encontro estava mexendo comigo.

— Você... — ele me observou, parecendo hesitante e ansioso. — Você está bem?

— Sim e você? — fiz de tudo para soar indiferente.

Nosso Último Nascer do Solحيث تعيش القصص. اكتشف الآن