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Eu estava me sentindo arrasado, confuso, muito irritado mas principalmente muito assustado. Eu vou ter um filho com uma mulher que não é a Emilly, não estava conseguindo digerir a notícia. Dizer que meu dia foi estranho seria um eufemismo, me encontrei com meus amigos mais íntimos e eles não souberam o que dizer, então bebemos, só o fato deles estarem comigo já era bom o suficiente. Acordei desorientado na casa do Benet, vi as mensagens de Emilly e meu peito se apertou, vim pra casa e assim que a vi dormindo no sofá, um medo sufocante de perdê-la tomou conta de mim.

Não consegui dormir, levantei da cama assim que Emilly adormeceu no meu peito, a forma como ela me olhou enquanto fazíamos amor só reforçou ainda mais o quanto eu a amo, o quanto estou ligado a ela e o quanto a nossa relação significa pra mim, percebi que Emilly pra mim é como o ar que respiro, essencial para que eu sobreviva.

Faço o café da manhã enquanto espero Emilly acordar, me sinto aéreo, como se não soubesse ao certo o que fazer, nunca tinha ficado tão perdido quanto agora. Rufus sente o meu estado de espírito e ao invés de querer gastar sua energia brincando e pulando em mim, ficou apenas sentado em suas patas traseiras me observando, senti a presença de Emilly e ao olhar para a porta da cozinha, ela estava parada me olhando, respirei fundo, tão linda e meiga que me odiei por decepcioná-la dessa forma.

- Oi, acordou cedo... - comentei e peguei duas canecas.

- Você não estava na cama... De novo.

- Desculpa, eu não consegui dormir.

- Quando vai me contar o que está acontecendo?

- Agora... Vamos lá pra fora.

Peguei as duas canecas de café e fomos para a mesa de fora, quando Emilly se aproximou, a puxei gentilmente para um abraço, seu corpo estava quente e ela logo se aninhou nos meus braços, inspirei seu cheiro na tentativa de me acalmar, me afastei e olhei em seu rosto, dei um beijo casto nos seus lábios antes de soltá-la.

- Antes de tudo eu queria pedir desculpa por ter passado o dia sem dar notícias. - falei quando nos sentamos - Eu não estava bem no momento mas não justifica.

- Tudo bem... - ela respondeu e tomou um gole de café - Você compensou bem, quando chegou de madrugada.

Emilly brincou e eu dei um meio sorriso, eu comecei a ficar nervoso, tomei uma respiração profunda e sem coragem de olhar em seus olhos, fitei a caneca e comecei a falar baixo.

- Fui encontrar com a Melanie ontem, depois de muita insistência da parte dela... Fui até o hospital, achei que seria apenas algo irrelevante, mas ela me contou que está grávida... E o bebê, é meu.

Um silêncio pesado toma conta do ambiente, olho para Emilly que ainda digeria a informação.

- De quanto tempo? - ela perguntou em um sussurro.

- Ela me disse que descobriu dias depois que terminamos... Então deve ter um mês mais ou menos.

Ficamos em silêncio novamente, cada um imersos em pensamentos, com essa notícia entre nós. De repente Emilly se levantou e entrou na casa, a segui.

- Emilly! Fala comigo. - pedi nervoso.

Ela se virou ao chegar no meio da cozinha e me encarou.

- Eu não sei o que dizer... Não sei se posso lidar com isso.

- Como assim?

- Você sabe, o que tudo isso significa Caleb? Melanie vai estar presente na sua vida, o bebê vai precisar de você.

- O bebê sim, mas Melanie não.

- Não seja inocente, você acha que a Melanie não irá tentar fazer vocês reatarem? Ou que não vai estar sempre em contato com você? Se o bebê arrotar, ela vai te ligar pra contar... - seu rosto começou a ficar vermelho e vi lágrimas em seus olhos - Céus! Você se deu conta do que acabou de acontecer? Você vai ter um filho com a sua ex noiva, alguém por quem você foi apaixonado, que a deixou por minha causa... Merda! Não sei como me sentir sobre isso.

- Desculpa... - foi a única coisa que consegui dizer.

Emilly saiu da cozinha, eu me sentia nervoso e abalado, fui para o quarto e segui para o banheiro mas a porta estava trancada, esperei que ela saísse do banho. Fiquei pensando no que dizer, mas sabia que ela estava certa sobre o que disse. Quando Emilly saiu do banheiro, vi que estava chorando, meu coração se apertou dentro do peito.

- Emilly... - chamei e ela me olhou - Eu também não estou sabendo lidar com isso, não sei nem o que dizer pra você.

- Eu preciso de um tempo... Vou passar o dia todo trabalhando, depois podemos falar a respeito.

- Só me diz quanto tempo...

- Eu... Não sei.

Isso soou como um soco no meu estômago, perder Emilly seria demais pra mim, me aproximei dela numa tentativa desesperada de mantê-la comigo, agarrei seu corpo macio e beijei seus lábios, no início ela resistiu mas então, a medida que minha língua entrou em sua boca, seu corpo amoleceu e suas mãos foram para o meu cabelo.

- É você quem eu amo... - falei com a testa colada na dela - Eu nunca senti por outra o que sinto por você, ninguém nunca vai ocupar o seu lugar... Eu te amo demais.

- Caleb... - ela falou com a voz embargada.

- Sei que posso enfrentar isso se estivermos juntos, não deixe ela acabar com a gente... Por favor.

- Eu preciso ir... Tenho que pensar e necessito mesmo de um tempo.

- Eu te dou todo o tempo que quiser, só não me deixe.

Beijei mais uma vez os lábios de Emilly e saí do quarto. Fiquei na sala pensando em como tudo mudou de uma hora para outra, desmarquei meus compromissos da manhã,   precisava tentar dormir um pouco, um tempo depois Emilly surgiu arrumada e com um bolsa, percebi que ela não voltaria para casa hoje.

- Seus pais sabem?

- Não, vou contar pra eles mais tarde, tinha que contar pra você primeiro.

- Entendi...

- Você vai ficar com eles?

- Não, hoje eu vou ficar em um hotel, quero dar espaço pra vocês e vão ser bom pra mim também.

- Me perdoa, Emilly... Se dependesse de mim, apenas você seria a mãe dos meus filhos.

- Para de se torturar... Apenas, aconteceu.

Vi Emilly sair pela porta e quando me vi sozinho, peguei o primeiro objeto que estava ao meu alcance e joguei contra a parede. Andei de volta para o quarto e sentei na cama, teria que me preparar mentalmente para conversar com meus pais e tenho certeza que não vai ser muito melhor do que com a Emilly.

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