1. sétimo andar

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 KARINA

   A sereia mais perigosa de Ipanema, esse era o meu mais novo apelido, segundo o meu mais novo atual ex ficante.

  Homens. Não aceitam o fato de uma mulher desejar o mesmo que eles, ou melhor, tratar eles como lidam com outras garotas.

  Dessa vez eu até gostei do apelido.

— O que foi dessa vez? — Camila perguntou depois da minha risada alta.

— A partir de hoje me chame de: a sereia mais perigosa de Ipanema. —  Brinquei guardando o celular no bolso.

— Quem foi o gênio?

— Vinícius. Veio dizer que eu sou uma macha escrota.

  Essa história fica cada vez mais engraçada.  Uma pena parar de ficar com ele, eu curtia, mas esse "término" renderia boas piadas internas.

— Ele fica com você há um mês e só percebeu isso hoje?

  E o pior é que eu nem menti sobre as minha intenções com ele. Vinícius e todos os outros que eu troco ideia sabe que romance tá fora de cogitação.

— Como diria o Péricles, amiga... Ate que durou. — Brinquei.

  Paramos de frente pro elevador do meu prédio, e como sempre parado na merda do sétimo andar.

— Quer apostar quanto que vai demorar uns cinco minutos só nesse cacete de andar?

  Eu tava bem cansada. Eu e a Camila ficamos o dia inteiro em pé atendendo cliente pau no rabo. Odeio muito trabalhar com atendimento ao público.

  Ficamos ali a pelo o menos dois minutos, quanto finalmente começou descer.

— Finalmente. — Camila comemorou escorada na parede do lado da porta.

  Cruzei os braços a fim de ver quem era o mal parido que sempre empacava o elevador.

  Quando as portas abriram eu pude encarar o homem alto, magro e bem vestido. L7.

  Eu sabia que um cantor tinha se mudado pro prédio, mas não imaginava ser ele.

— Boa tarde. — Ele disse me olhando fixamente também.

  Apenas assenti com a cabeça entrando pra dentro do elevador e esperei a Camila pra apertar o meu andar. Assim que as portas fecharam, ela me olhou com os olhos esbugalhados.

— Nem fala nada! — Disse sem nem olhar pra ela.

  Eu e a Camila nem escutamos ele, tudo que a gente sabe é "aí preto" e olhe lá. Sei também que beijam o pé dele por não beber e nem fumar e ser da cena, como se isso fosse motivo pra endeusar alguém.

— A troca de olhares entre vocês dois. Eu senti.

— Pois sentiu errado, a gente não se olhou nem por três segundos.

  O elevador paralisou fazendo a gente descer no meu andar.

— Já é o bastante pra eu fanficar.

  Chegamos em casa e sem sinal de alguma alma viva, como sempre. As vezes eu tinha a sensação de morar sozinha.

  Deixei a Camila fazendo a xepa na minha cozinha enquanto eu tomava um banho pra poder ir jantar na casa da bonita. Uma coisa é certa na nossa vida, se não estamos uma na casa da outra, estamos em alguma noitada juntas.

[...]

  Já ia dar umas dez da noite e eu cheguei em casa, dessa vez vendo o meus irmãos jogados no sofá.


Tava onde estranha? — Kaique perguntou me medindo.

— Virou meu pai, garoto? — Ignorei indo pro meu quarto. — É sério, volta aqui Nina?!

  Nina?! Só me chama assim quando quer pedir favor.

— Não tenho! — Gritei entrando no meu quarto.

  Não adiantou muito ignorar ele, Kaique invadiu meu quarto.

— Tava na Camila, né?

— Tava, Kaique. — Tirei meu par de argola.

— Chama ela pra resenha na casa do meu amigo?

  Aí já começou a ficar interessante o assunto. Se tem algo que o Kaique e o Kauan servem, é pra ter amigo bonito.

— Que amigo? — Maliciei meu tom de voz de propósito.

— Nem começa, amigo meu tu não pega!

  Medi ele com deboche.

— Mas pegar minha amiga você quer? Não fode, filho.

  Sentei na cama e ele entrou ainda mais no quarto.

— Tá, esquece isso. Vamo ou não?

— Quem é o amigo? — Refiz a pergunta me fazendo um pouco de difícil.

— Romarinho.

  Ali foi tudo de cano. Tava bom demais pra ser verdade.

— Romarinho, Kaique?

— Para, essa história já tá antiga, nem mais amiga da Bruna tu é.

— Isso não tira o fato dele ser escroto.

  A minha história com o Romarinho não era bem sobre mim, mas eu peguei como se fosse. Há um ano atrás, mais ou menos, ele fez uma resenha e fui eu, a Camila e essa menina pra casa dele. E na época a Bruna ficava com o Romarinho, mas geral nessa festa disse que ele tava explanando as coisas dela, e tinha prova e tudo mais. Foi um horror.

— Natan vai tá lá. — Kaique usou sua arma secreta contra mim.

  Ele sabia que eu sou apaixonada nesse amigo dele desde que a gente é bem pequeno, porém ele começou a namorar e blá blá blá, mas agora tá solteiro.

— Kaique, para de jogar sujo!

— Cada um joga com o que tem, neném. — Riu. — Vou mandar mensagem pra Camila avisando.

— Vocês dois tem que entrar um no cu do outro com esse doce aí.

— Doce da sua amiga. No que dependesse de mim a gente tava comemorando dois anos de casado já.

  Forcei uma gargalhada. No dia que o Kaique casar, chove canivete.

sereia | L7NNONWhere stories live. Discover now