Capítulo 28

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LUKE BRACHMANN

— Saudade de uma bela matança. — Enzo suspira com um sorriso de felicidade à medida que a van em que estamos se aproxima do bordel.

— Deseja manter alguém em especial?

— Não. É um recado, não uma caçada. — Coloca os óculos de sol. — Vamos fazer uma festa. O que acontece no bordel, fica no bordel. Capisce?

Prefiro ter minhas conquistas de festas, não de bordel.

— Então você está perdendo toda a empolgação, cara! É ótimo ir a um lugar em que todas já sabem o ritmo das coisas.

— Em festas todos sabem que estão ali pela aventura da noite. Todos se divertem e seguem suas vidas sem dor de cabeça.

— Você está meio certo. — O italiano concorda, recostando-se no banco. — O importante é a aventura. Quem se importa se a conquista é de um bordel ou de uma festa?

— Por experiência própria, Santinelle. Fique longe dos bordéis, nunca se sabe o tipo de problema que podemos encontrar por lá.

— Como uma esposa? — É claro que ele não perderia a oportunidade de alfinetar.

— Foi uma esposa tão boa que acabei viúvo. — Respondo-lhe com um meio sorriso.

— Argumento justo. — O blindado para e todos nos preparamos para descer. — Hora de brincar!

A vantagem de estar em uma região perigosa? Ninguém estranha ruídos e barulhos estranhos. É por isso que somos rápidos em invadir o lugar. Não há muitos frequentadores nesse horário, ninguém espera uma invasão no meio da tarde.

Quando a porta é arrombada, tudo o que vemos no salão são prostitutas sentadas conversando —ou limpando o ambiente. Alguns homens as observam e outros poucos mantém algumas mulheres em seus colos. Ninguém tem realmente tempo de reagir, um ou outro foi rápido o suficiente para pegar pistolas, mas não puderam evitar os tiros.

As metralhadoras entraram em ação. Homens e mulheres cometeram o erro de saírem dos quartos para verificar o que estava acontecendo apenas para serem atingidos também. Quando tudo o que restava em nosso campo de visão eram pequenas penas das almofadas voado, vidros quebrados, corpos jogados e muito sangue no chão, levantei o punho em sinal para que os tiros fossem interrompidos.

— Pode preparar a mensagem? — Pergunto para Enzo. — Vou com os outros verificar os quartos.

— Posso mostrar meu talento. — Ele levanta os óculos, observando toda a cena com uma sobrancelha arqueada. — Não se preocupe, apenas traga os próximos corpos para mim. Certamente há um ou outro escondido lá dentro.

— Certo.

Caminhei desviando dos obstáculos no chão com cuidado, minha botina esmagando um caco de vidro ou outro, enquanto me pego observando as vítimas do dia. Não que essa seja a parte divertida do trabalho, definitivamente não é, mas é tudo o que fui criado para fazer. O velho maldito que tive o desprazer de chamar de pai fez questão de nos ensinar bem sobre violência, tudo o que poderíamos perder e ganhar com isso.

Quem se importa com empatia, bondade e toda essa merda? Eu não me importei quando puxei o gatilho para ele, não me importei quando me sentei lá e o assisti sangrar até morrer. Pelo contrário, me senti aliviado quando ouvi o último suspiro. Me livrei do meu pior pesadelo e assumi seu querido negócio. Agora eu e meu irmão comandamos a Organização.

Não há piedade em nosso mundo.

Momentaneamente interrompo minhas passadas quando noto uma das mulheres presas no chão sob os corpos dos homens que as mantinham no colo. Indico com minha arma para eles e um dos soldados rapidamente o tira do caminho antes de virar a mulher. Não houve surpresa ou qualquer emoção quando me deparei com a mulher das fotos, a semelhança com sua filha é impressionante, mas Ellie tem um magnetismo que me atrai enquanto essa mulher é apenas mais uma das submetida a Bratva e que teve coragem de entregar a própria filha para pagar suas dívidas.

Não duvido que ela já estivesse endividada outra vez.

— O que fazemos com ela, senhor? — Um dos soldados pergunta.

— Leve-a para o Santinelle, ele precisa preparar o recado. Os outros comigo, vamos verificar os outros cômodos.

Dez minutos depois os soldados terminavam de empilhar os últimos corpos enquanto Enzo Santinelle esperava pacientemente com um enorme sorriso no rosto e um grande galão de gasolina nas mãos. Curiosamente, seus olhos azuis aparentam um tom mais cinzento, quase prata. Adam tinha comentado sobre esse fenômeno com Melissa antes, mas presenciar isso é maluco.

O italiano quer uma grande fogueira e, como se não fosse teatral o suficiente, ele pintou caveiras pelas paredes com o sangue dos abatidos durante nossa varredura nos quartos. Tudo o que encontramos foi um punhado de gente louco de droga. Os tatuados têm a marca da Bratva, mas não temos certeza se todos os presentes trabalhavam aqui ou só estavam no lugar errado.

— Você vê, Brachmann? Todo esse trabalho para a mensagem não ser clara o suficiente para os idiotas.

— Eles tentarão responder.

— Claro que sim. É isso que meu irmão quer.

— Vocês realmente gostam de um confronto direto.

— Faz parte da adrenalina. Só precisamos ter em mente o motivo de tudo isso.

— Vingança?

— Respeito. A Famiglia valoriza quem é da Famiglia. Henry Johnson nos traiu e pagará por isso. A Bratva pagará por dar segurança a um traidor. Você sabe como os negócios funcionam, se deixarmos que tudo isso saia impune perderíamos o respeito que temos em nosso mundo.

— Além disso o Johnson tentou usurpar o poder.

— Com a ajuda da Bratva. Mais um na longa lista de motivos para estarmos aqui.

— Quase tão grande quanto minha lista de pecados.

— Não me diga que você também tem uma?! — Enzo dá uma risada alta. — Essa lista é meu hobby favorito. É tão divertido ver como sou uma pessoa condenada.

— Você não me parece religioso.

— E não sou, mas preciso acreditar em alguma coisa se as pessoas chamam meu irmão de Diabo. 

— Isso é tudo, senhores. — Um dos soldados anuncia e se distancia da pilha.

— Ótimo. — Enzo tira a tampa do galão e começa a despejar o líquido no montante. — Vamos terminar com isso, quero voltar e perturbar a sanidade da minha irmã!

O CafajesteWhere stories live. Discover now