A salvação

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—Precisa parar ou isso vai te dominar!— Alertou com as duas mãos segurando o frasco direcionado a ele. A temperatura estava muito alta  e isso poderia atingi-la de um jeito ou de outro. A boca seca e a pressão baixando pela densidade do calor, não seriam as únicas consequências que sofreria se tudo entrasse em colapso. Pensou em sua mãe, pensou em tudo,  na pior morte que lhe estava prestes a ceifar uma vida. Embora fosse colocada frente a frente com a figura do medo sempre conheceu que a coragem se levanta após a rastejante puxada que o pavor e a insegurança te levam para abismos infernais. Ela não ligaria se fosse morrer tão precocemente. Pelo menos não antes de passar por tudo aquilo e descobrir que sempre foi mais corajosa do que nunca.

—CHEGA DE CORAGEM!.. CHEGA DE ESPERANÇA! SE ENTREGUE LOGO AO SEU MEDO GAROTA ESTÚPIDA. A fusão de vozes juntava um coro estridente e na mesma proporção que se ouvira sua antiga voz suave misturada como um vocal de apoio. Lançou a bola de fogo sob o chão fazendo o chacoalhar. Em contrapartida, as luzes se apagaram, os lustres despencaram e o elevador  solto sacolejava, colapsando a cair.

A penumbra só não era tão intensa em razão de a luz cintilante clarear o rosto e o seu corpo esguio que a impulsionava a realizar movimentos contorcionistas já que tinha de conciliar a ardilosa tarefa entre segurar firme  o frasco e se afirmar em algo seguro já que o corpo sobrevoava.  O fogo ardente e os olhos do escrutínio eram as únicas coisas a serem notadas naquele escuro receoso trilhado por ventos e gargalhadas que ele soltava entre os gritos aflitivos de Mako.

—Sofra!— Se entregue ao medo!— As vozes repetem o mantra consecutivamente aumentando desejada angústia em hipnotiza-la. Mako fugia a todo custo dos olhos de fogo encorpados pelo escuro. Ele tentava fazer com que ela soltasse o objeto, mas ela não soltaria de jeito nenhum.

—Eu posso não poder machuca-la fisicamente, mas vou dilacerar você mentalmente porque sei que sou mais forte do que qualquer outro sentimento que possa ter—Ao vê-la tentando abrir o frasco o homem a agarrou ferozmente. O terremoto explodia  objetos pontiagudos e os arremessava contra ambos. Seus corpos encolhidos davam cambalhotas entre quedas bruscas.  Mako por fim conseguira abrir a tampa depois de ser impedida com dois chutes que o homem dera em suas mãos. Uma descobria o frasco enquanto a outra era esmagada pelo sapato do sujeito que estava em cima dela.

—SUA VADIA! NÃO!— Gritou com a voz em fusão do coral.  O branco desobstruiu o escuro e preencheu todos os lugares com o esplendor da esperança. Mais adiante, a névoa derramou sua brandura ao corpo do medo que a pragueja a tentando projetar no corpulento foto sua resistência por se entregar. A luz percorreu pelos olhos, depois limpara toda cinza da chama que se apagou purificando tudo o que havia de negro com um banho limpo e necessário a se fazer.  Com a libertação da luz ouviu-se um grito afinado, o mesmo que presenciara quando estava em transe com a névoa. Logo, o corpo do homem descamava e toda escuridão fora absorvida pelo branco do alívio, o branco da solução. O elevador volta ao habitual e a névoa sem se despedir retorna o frasco afunilando se cada vez mais. Mako cambaleava ziguezagueando um pouco zonza sentindo o estômago dar voltas já que com o elevador em movimento recordou da mesma sensação de quando inesperadamente aceitou o convite de um casal a acompanhá-la no brinquedo kamikaze quando faltava somente uma pessoa para poder proceder a diversão.  

Reparou em todo o corpo e não se espantou sobre como estava machucada; os cortes, o punho pisoteado pelo homem. Logo sentiu uma leveza em sua cabeça e tudo estava girando. Uma luz externa destacou seu rosto espantado ainda em choque e com ela a esperança, pois a  porta abriu e um homem de óculos minúsculos, de estatura baixinha  invadiu o elevador. Ele segurava uma maleta, parecia ser um funcionário da empresa. Seu dia comum de afazeres corriqueiros e nada fora do habitual seria o mesmo senão fosse deparar com uma garota que estava completamente apagada.

—Alguém! — Gritou segurando sua cabeça com toda dificuldade em suas pernas.

—Chamem uma ambulância!— Encontrei uma garota que precisa ser socorrida às pressas!—Logo,veio dois seguranças da empresa parecendo dois paneleiros trajados de terno. Ambos checaram seu pulso e denotando que ainda havia movimentos respiratórios olhando um para o outro.

—Parece que temos uma tentativa de suicídio aqui!—Respondeu um dos homens apontando para o frasco que estava quase que pendendo da mão dela.

—Que frasco curioso! — Comentou o senhor enfiando-se ao meio dos grandalhões.

Em seguida com a chegada de  alguns zeladores com uma cadeira de rodas e com ajuda dos seguranças, ajeitaram na as pressas e a levaram até uma ambulância que estava prestes a chegar. 

A menos de um capítulo para a final, como vai ser a vida de Mako após o ocorrido.
Comentem e votem.
Continua.

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