- Eu já tentei... Mas assim que puxo conversa, ele desvia o assunto e não me deixa explicar o que realmente aconteceu.

- Ok, então deixa-me pensar sobre isto... Sabes que eu às vezes tenho umas ideias radiantes...

- Nada convencida, portanto - ele retribui, em tom de gozo.

Folheio as páginas do livro à procura de alguma ideia palpável... O meu objetivo é fazer com que o rei perceba que a princesa não passa de uma aldrabona e que o príncipe é que é o bom da fita nesta história toda... A única forma de o rei o perceber é vendo-a a ser 'má'. E só o conseguiremos fazer se ela cá vier. É isso, precisamos de lhe fazer uma armadilha!

- Já sei! - Eu grito, repentinamente, assustando o pobre rapaz. - E se nós a fizéssemos vir cá, criássemos uma armadilha e provarmos ao teu pai que ele os enganou a todos?

Ele levanta-se e circula na biblioteca durante uns momentos, puxando o cabelo para trás como faz quando está nervoso.

- Isso é uma boa ideia, mas não sei se ia resultar- Ele suspira, apesar de me dar um abraço de seguida, fazendo o meu estômago revirar-se. Concentra-te! - Tu e as tuas ideias... Já te disseram que és muito criativa?

- Um monte de vezes - eu digo, passando a mão pelo ombro, como se nada fosse.

Ele ri-se.

- Deste-me uma ideia, mas tenho de ir. Falamos amanhã de manhã!

Ele sai a correr da biblioteca.

- Mas nós nem vamos estar juntos de manhã - Grito, tentando alcança-lo

- Isso é o que vamos ver! - Ele grita também, sem se virar.

Continuo a ler o meu fantástico livro, aconchegada no prazer que tenho quando estou na biblioteca.

Como sempre, o tempo passa a correr e decido preparar-me para o jantar.

Coloco o meu vestido favorito, um creme bastante discreto, apanho o cabelo deixando umas quantas mechas soltas na frente, e estou pronta.

Já a maioria das selecionadas se encontra no hall. 'Chegar atrasada não é digno de uma princesa', consigo ouvir Celia a gritar na minha mente. Credo, nem quando estou longe dela me consigo abstrair! Aquela mulher tem sido insuportável, principalmente esta semana com os trabalhos extra.

As selecionadas continuam a segredar, como habitual. Sabes aquela sensação de exclusão? É o que tenho sentido toda a semana, e nem sei porquê! Ignoro os meus pensamentos, mais uma vez, e voltamos a entrar para o salão de refeições.

E quando saímos, pelo menos eu, é com a pança cheia. O vestido largo permite o meu estomago inchar, e por isso pude comer o que queria.

Dirijo-me aos quartos com Brenda e Annie, e elas vão ficando pelos seus quartos. Quando só sou eu a andar, sei que é uma questão de tempo até ficar vermelha outra vez.

- Senhorita Rosalinda - Mais uma vez o Soldado Lester insiste, ao qual a minha resposta não varia. Ele retira o chapéu e observo a sua cara. A pele é macia, por isso não deve ter mais de 25 anos. - Boa noite, senhorita.

- Boa Noite Soldado Lester - Eu ruborizo, mas já estou de costas - E para a próxima vez trago um post it com o meu nome escrito para lhe colar na testa.

E pela primeira vez oiço uma atitude normal de um jovem como ele: um sorriso. É pena é não me ter virado antes.

A cama atrai-me, e não resisto.

Na manhã seguinte sou acordada por Ellen.

- Rose, toca a acordar! - Ela diz suavemente, enquanto abre as cortinas - Vá, vamos lá!

A Seleção de SebastianOnde histórias criam vida. Descubra agora