A valsa do medo

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—Uma pedra pode fazer um estrago se for bem arremessada!—Murmurou se aproximando. Era cada vez difícil cruzar seus olhos aos dele. O fogo aumentou em demasido momento chegando a ocultar o escuro de seus olhos.

—O medo te leva a fazer coisas que você não quer fazer.  Solte essa pedra!— Ordenou aproximando-se.

—Eu se eu não quiser o que vai fazer? Queimar-me viva?.

O vento poderia deixar de assobiar e por uma música de valsa para suavizar a sincronia dos passos que ambos davam para  tentar buscar alternativas para aquele jogo que estava prestes a começar. Mako estava quente. O fato é que um calor eminentemente reforçava que o fogo não estava presente apenas nos olhos de quem o possuía, assim como espalhara- se  sobre tudo que estivera contato ao seu redor.

 Sua boca seca adormeceu. Parecia estar com febre. Com o dorso de uma das mãos, levou até sua tez. Estava pegando fogo igual a ele com a distinção de que isso lhe atrapalhava de certo modo, provocando uma sensação de sufocamento.

—Pare o que está fazendo!— Vozeou enquanto se abanava com as próprias mãos.

—Seu medo está aumentando Mako—VOCIFEROU NUM ESTRIDENTE UNGIDO.

—Pare de me culpar, por favor, me ajude!— Seus olhos ardiam junto com as suas mãos.

—Pelo visto não aprendera nada com a terapia, não é?— Além dos olhos, a chama  tomava forma ao redor do  seu corpo e como uma sombra. Estava expressivamente transformado. O sorriso outrora vívido fora tomado por um sarcasmo incontrolável

—Eu não estou com medo! Eu não estou com medo!— Ela Repetira essa frase enquanto desabotoava a roupa social que a estava pinicando seu corpo encalorado.

—Devo dizer o contrário Mako!— Responde secamente—Você sempre viveu na mentira que criara como um escudo para se proteger de tudo que definia como ameaça, sobretudo seus medos. Todos fazem isso.

—Você é uma garota cercada pelo medo. E vidas como as suas, purgadas ao medo com proporções gigantescas, presos em coleiras ao nascerem e devoradores de almas ao se soltarem, degolam o pescoço de qualquer um que vencerem seus traumas em uma sessão de terapia, ou, quem sabe, ir à igreja, agradecer ao pai celestial que tudo enfim, dará certo depois de uma oração. Mako correra em direção da porta e com os punhos cerrados, o seu desânimo a impedira de tentar pedir por socorro, enquanto que o seu medo na forma de um homem a derrotava com aquele discurso prolixo com a sede de vencê-la pelo cansaço.

—Eu não sou o diabo!— Forçou a abrir os dentes.— Vai por mim querida, ele é literário, tão folclórico.

—Por quê  eu? —Interveio.

—Por que não você Mako San? — Devolveu secamente. A pobre coitada deu um salto para trás. O hálito gelado e a voz alternada entre rangidos e o tom suave do homem manifestara em seu ouvido. Ele estava ao seu lado apertando alguns botões, curiosamente com o piscar dos olhos e sentia graça como uma criança travessa.

Assustada, ela cruzou os braços e ficou esperando ele dizer algo e no transcorrer do raro silêncio, reparou como o fogo que circulava por seu corpo abrandava e crescia aumentando a profundidade do escaldante calor. Por mais que os fatos poderiam não convencê-la de ninguém acreditar tudo isso era real. O medo é um mensageiro viril que perpetua o seu diabólico acordo.

—Vamos ao princípio—A voz entrecruzada do homem a despertou de seus pensamentos. — Deixou por esse tempo todo permitir com que a solidão construísse um buraco que a leva e trás dos abismos que você submerge— Mako fez uma agonizante expressão de dor quando ele a tocou com o dedo indicador que estava fervendo.

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