Engoliu em seco, pondo a mão sobre a dele enquanto olhava por detrás de seu ombro, visualizando as faces molhadas por lágrimas dos irmãos Senju. Sentiu o peito apertar por aquilo, e acenou para eles tentando sorrir com naturalidade, mesmo que sentisse as feições do rosto tremerem quando dois deles acenaram de volta, com Hashirama tentando sorrir numa tentativa para lhe confortar, ou era o que parecia.

O louro forçou seu ombro de forma leve, o fazendo se virar para poderem caminhar juntos e no mesmo ritmo lento, quase arrastado, carregando com eles o clima triste que começava a predominar a floresta, como se os nativos realmente fizessem parte dela, e agora ela estava murchando totalmente.

Virou o rosto para o mais alto, crispando os lábios ao ver sua expressão baixa e quieta, triste. Quis chorar naquele momento. Nunca queria que houvesse tanto sofrimento em algo que faria por si mesmo, um ato egoísta. Delilah, seus irmãos e os irmãos de Tobirama... A cada passo para seu caminho para longe de Viena só deixava seu peito mais pesado pela culpa, principalmente por não estar nenhum pouco arrependido.

Depois de alguns minutos, pararam na beira da floresta já dentro de uma região de carruagens que os levaria embora. Haviam alugado uma já fazia algum tempo, e poderiam a visualizar não muito longe. Ela os deixariam em um porto numa cidade à algumas horas daqui. Por ser meio longe custou caro, mas não mais que o barco que embarcariam em direção ao Reino Unido.

Se entreolharam por um momento, dando as mãos com os olhos cheios, seja de amor ou tristeza, mas juntos.

×××

Izuna abriu os olhos, cansado, mas não realmente com sono. Contudo, seu parceiro estava. Sorriu quando virou minimamente o rosto e o cheiro dos cabelos quase brancos inundou suas narinas, e o peso a cabeça dele em seu ombro o deixava quase dormente. O abraçou como fazia antes de seu pequeno cochilo e beijou seu rosto sonolento e inchado. O acariciou por um momento antes de começar a se retirar da cama lentamente e com todo o cuidado do mundo, não querendo o acordar por nada. Ele estava extremamente cansado, assim como o próprio Uchiha — só que este, ao contrário do primeiro, não conseguia dormir por questões que nem mesmo ele sabia.

O navio onde embarcavam era silencioso pois não tinham coisas chiques ou eventos que viravam a noite. Foi somente um pequeno navio que transportava condimentos até a Inglaterra onde conseguiram algum lugarzinho alugado para se locomoverem para atravessar o mar e enfim chegar ao Reino Unido. Só tinham o capitão do navio e seu ajudante, então o lugar era completamente tranquilo, o silêncio sendo quebrado somente pelo vento forte que movia as velas e o mar que nunca parava de se mexer.

O quarto que alugaram era no interior do navio, ao lado da do capitão. Saiu de dentro do mesmo e seguiu com passos cautelosos pela madeira firme. Olhou ao redor, enxergando a figura do assistente ao qual não sabia o nome guiando o barco com naturalidade e tédio atrás de si, nem mesmo o notando.

Suspirou, seguindo até a proa e se escorando na madeira ao se inclinar, aproveitando a ventania e já acostumado com o remelexo da água. Se sentia estranho, contudo, não era enjôo ou algo assim. Talvez perdido. Havia tomado uma decisão difícil e que mudaria o rumo de sua vida para sempre.

Só que não lhe restava nenhum pingo de arrependimento. Era isso que o deixava confuso.

Talvez... Talvez só estivesse pensando demais. Era claro que de um jeito ou de outro a convivência com Tobirama seria muito boa. Só que também queria conviver com seus irmãos e Delilah... Porém não podia, nunca poderia e por isso tomou aquela decisão. Escolhas eram feitas a todos os momentos, sejam elas corretas ou erradas. Tudo dependia somente dele. Elas traziam consequências boas e ruins independente da escolha. Estava tudo bem. Viver com o Senju seria uma das melhores coisas em seu futuro, e era nisso que tinha que focar agora.

Sorriu para o nada, erguendo o rosto e observando a lua com seus pensamentos. Talvez ser um pouco otimista de vez em quando realmente resolvesse muitas coisas.

De repente, sentiu uma mão em suas costas e se arrepiou inteiro. Todavia, o susto logo passou, ao saber quem estava lhe tocando sem nem mesmo virar o rosto. Sorriu ainda mais por conta daquilo, sentindo a presença grande do loiro ao seu lado. Ele olhava para o moreno até que fizesse o mesmo, e então ele desviou o olhar.

— Está passando mal? — perguntou, antes de voltar a fitar seus olhos cansados com uma mínima preocupação

— Não. — lhe respondeu, lambendo os lábios enquanto balançava a cabeça — Só sem sono e pensando.

— Você... — ele engoliu em seco, virando o rosto franzido — Você está arrependido, ou algo assim...?

O menor franziu o cenho com aquela pergunta, já tendo uma resposta imediata para ele. No entanto, antes que o fizesse olhou para trás, vigiando o assistente, que não pareceu perceber ambos os homens na proa do navio. Segurou seu ombro e beijou sua bochecha, lhe dando a resposta em seguida.

— Claro que não, meu amor. — disse, sorrindo mínimo quando ele voltou a lhe encarar — Eu estava pensando somente, nunca tive tanta certeza na vida. Só estou preocupado um pouco com todo mundo. — levou a mão ao seu rosto — Sei que você também.

Ele sorriu, beijando seus lábios rapidamente.

— Tem razão, desculpe.

— Tudo bem. — suspirou, corando um pouco — Só que estou preocupado com sua mãe também.

— Ela adora você, Izuna. — disse, rindo de sua frase

— Ela não tem que me adorar. Tem que me amar! — exclamou baixo, ainda preocupado de serem ouvidos — Iremos morar com ela por um tempo, ou esqueceu?

— Sim, mas logo conseguiremos nossa própria casa. — juntou as testas, encarando os olhos negros — Só nossa. — Izuna sorriu de canto, corado pelo uso da palavra "nossa" que pareceu tão especial naquele momento — Então... Eu também queria dizer outra coisa. — ele disse, mostrando os dentes e enrusbecendo ainda mais

— O quê?

Percebeu ele tirar algo do bolso e colocar sobre o casco do navio, e pelo escuro e o fato do objeto ser pequeno não conseguiu o identificar. Virou o rosto, e quando o pegou percebeu ser uma caixa. O maior soltou um sorriso nervoso quando o Uchiha a abriu, principalmente quando ele arregalou os olhos, e quase conseguiu ver o vermelho intenso de sua pele mesmo naquela noite sem muita companhia da lua.

— Não é brincadeira, é? — o moreno indagou, ansioso

— Claro que não. Foi Hashirama que fez como um presente.

O mais baixo fez uma careta — de felicidade — e esbarrou a testa em seu peito, parecendo com vergonha de repente, logo tendo os braços de Tobirama ao seu redor em um abraço reconfortante. Não se importaram no momento se poderiam ser vistos pelo assistente, o momento estava sendo muito bom para se preocuparem com algo tão vago.

— Eu amo você... — Izuna sussurrou, segurando sua mão direita e pondo uma das alianças idênticas de madeira em seu dedo anelar e logo em seguida na sua própria, entrelaçando as mãos e as observando, assim como o Senju

— Eu também te amo.

O louro sorriu mais, se inclinando e beijando o topo de sua cabeça, apertando os dedos dele entre os seus.

Assim como seu casamento às escondidas, a história de Izuna Uchiha e Tobirama Senju somente iria começar, uma nova vida se construindo e um amor se fortificando, criando raízes em seus corações que nunca se partiriam ou separariam.

Afinal, esta é a sina de todas as almas gêmeas.

Torta de Maçã (TobiIzu)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum