Eu fiz algo errado?

- E então minha princesinha, o que está achando da escola? - meu pai puxa assunto quando ficamos sozinhos na mesa

- Se não estiver gostando não exite em me contar, sua mãe acha que aqui é o melhor lugar pra você, mas o melhor lugar é onde se sentir bem. - ele fala me olhando preocupado

Ele sabe do meu histórico ruim com minhas antigas escolas, é compreensível sua preocupação.

- Estou gostando daqui, é diferente e consegui até fazer alguns amigos. - falo o tranquilizando

Xavier passa por nossa mesa, eu o observava e nossos olhares acabam se encontrando, ele passa direto saindo do pátio.

- Nossa.. - meu pai fala surpreso
- Quem é ele em? - pergunta curioso com um sorrisinho sugestivo

- Ninguém importante.- respondo e olho pra onde Xavier ia.

- Eu posso- - falava e sou interrompida

- Vai - ele responde antes que eu pergunte

- Eu já volto - falo saindo

Tentei ir até ele, mas do nada o perdi de vista, estava passando pelos corredores e iria voltar para o pátio, mas ouço a voz da minha mãe conversando com Sra. Weems.

Vou até a porta que estava entreaberta e me esgueiro para ouvir a conversa.

- Eu não sabia o que fazer, fiquei apavorada quando ela nasceu e vi o que ela era, tentei controlar aquilo com magia por anos, até que tudo saiu do controle! - ouço minha mãe confessando

- Sabe que pode ter só piorado a situação. - Sra. Weems responde

- O que eu poderia ter feito? deixado Raven fora de controle até que ela encontrasse um ser que pode nem existir?! - respondeu em tom desesperado

Meu corpo todo fervia de tanta raiva que eu sinto ao ouvir isso.

Ela sabia, sabia que eu não era padrão, me fez acreditar que eu era e me deixou sofrer por todo esse tempo por ser diferente.

E que porra eu sou pra que ela sinta tanto medo que eu saía de controle?

Sou tirada de meus pensamentos quando sinto alguém tocar meus ombros, me viro bruscamente assustada.

- Quer me matar de susto? - falo dramaticamente ao ver Thorpe

- Foi mal, o que aconteceu? - ele pergunta e eu o olho confusa

Ele aponta para que eu olhe e eu ergo os braços vendo que eles ficavam cada vez mais cobertos de preto, olho pela fresta da porta e elas ainda conversavam.

Minhas asas surgem sem que eu tenha controle sobre isso, Xavier olha assustado e se aproxima segurando minhas mãos.

- Calma, quer me contar o que ouviu? - Ele fala com os olhos fixos nos meus

Eu aceno negativamente

Minha atenção foi completamente para suas íris verdes, aos poucos me sinto mais tranquila e percebo que minhas asas já não estavam mais presentes.

- Vem, quero te mostrar um lugar. - ele fala segurando minha mão me levando

Estávamos do lado de fora, na frente do que parecia ser um depósito, ele me puxa pra dentro e o interior é como um estúdio de pintura.

Ele solta minha mão e eu olho ao redor, são vários quadros, todos com o mesmo desenho, feito de diferentes formas.

- São todos...- falava admirando as pinturas

- Corvos - ele completa

Andava pelo cômodo admirando os detalhes das obras, até que vejo uma tela enorme no cavalete coberta por um pano.

- O que tem nessa? - pergunto curiosa me aproximando

- Nada! - ele responde e passa a minha frente com pressa

Com o movimento brusco que ele fez próximo da tela, o pano que a cobria desliza caindo no chão e deixando a pintura à mostra.

Meu queixo cai e eu fico completamente sem reação admirando o trabalho impecável rico em detalhes, Xavier sai dá frente da tela e fica atrás de mim.

Ele me retratou de forma perfeita no terraço tocando piano.

Erguendo a mão e com um movimento de seus dedos Xavier faz com que a minha eu da pintura começasse a tocar, o som da minha voz e do piano ecoaram pelo pequeno estúdio improvisado.

- Eu não queria que visse porque seria compreensível você achar bizarro...

- Mas eu acabei te vendo no terraço e você passava tanto sentimento através da música, que me inspirou completamente a pintar. - ele fala coçando a nuca sem graça

Eu me viro ficando de frente pra ele abrindo um sorriso, vendo minha reação deixá-lo muito mais aliviado.

- Eu amei, você é realmente muito talentoso - falo o fazendo sorrir

- A musa inspiradora com certeza foi de grande ajuda para o resultado final. - responde

Pude sentir minhas bochechas esquentarem com sua fala, com certeza não estão coradas, mas me sinto envergonhada de qualquer forma.

Ele se aproxima de mim com um olhar complacente e leva sua mão de forma delicada até a lateral do meu rosto.

- Sabe, você não precisa mais se sentir sozinha... - ele diz quase num sussuro

Seus olhos esverdeados desviavam entre olhar para os meus acinzentados e para minha boca, numa ação inconsciente umedeço meus lábios.

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Uma dica pra quem não tenha pego a referência:
Raven traduzido do inglês é o nome de uma ave que se assemelha à um corvo.

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The Dark Wings - Xavier ThorpeWhere stories live. Discover now