LISTEN BEFORE I GO-Wednesday Addams

uma péssima corredora

Estávamos eu, Enid e Wednesday no Festival da Colheita. Enquanto esperávamos Tyler.

Eu não havia contado para Enid que iria junto com Addams. Sei que nenhuma de nós duas suportaríamos a despedida.

— Acha que dá pra confiar nesse padrãozinho? -Enid questiona enquanto observávamos Tyler discutindo com seu pai.

— Eu confio que sei me cuidar. -Wednesday responde.

— Bem, boa sorte e boa viagem. -A loira diz e tenta abraçar a garota com tranças, que se recusa.- Continua não curtindo abraços. Beleza. Vamos, Lou?

— Ah, na verdade eu vou ficar. Ter certeza que o Tyler não vai sequestrar a Wednesday. Sabe como é. -Eu digo, dando uma desculpa.

— Sei. Tô de olho em você e no Tyler.

— O quê?! Não, não é isso, Enid. -Eu tento alertar, mas ela já estava longe demais.

— Você tem um interesse romântico no Tyler? -Wednesday pergunta me olhando nos olhos.

— Eu não. Ele não chega nem perto do meu tipo.

Quando vejo a garota olhando para algo atrás de mim, percebo que é a nossa diretora.

— Temos que ir. -Ela diz e eu a sigo.

— Espera, eu tenho uma ideia. Eu distraio a Weems e encontro com o Tyler. Nós nos encontramos na barraquinha. Tudo bem? -Eu questiono e ela assente.

— Que bom que usou seu cérebro para algo, já que não usa ele para aprender italiano.

— Eu tava começando a gostar de você, mas já passou.

Eu caminho um pouco e vejo que Weems não está na minha cola.

— Tyler, te achei! Vem, vamos encontrar a Wednesday.

— Eu achei que vocês tinham desistido.

— Nunca.

— Não queríamos interromper. -Tyler diz ao chegarmos e vermos Wednesday conversando com Xavier.

— Não interromperam. -O garoto diz e vai embora.

— Isso vai ser mais difícil do que pensei. Tenho hora pra voltar. Vamos logo para voltar a tempo. -Tyler explica.

— Tenho que me livrar de um peso morto. Me encontrem nos fundos quando começarem os fogos.

Eu e Tyler vamos até o local combinado para esperarmos por Wednesday.

— O que acha dela? -Tyler pergunta.

— Dela quem? Wednesday?

— Não, da minha avó. É claro que é da Wednesday.

— Grosso. Eu sei lá. Ela tem toda essa pose e é bem assustadora, mas eu até que gosto dela. Como conhecida. Só não fala pra ela que eu te disse isso, ela se gabaria até a minha morte. Que, pensando melhor, pode ser provocada por ela.

— Tem razão. Ela provavelmente te mata até o fim do ano. Ali ela.

Vemos a garota caminhando até nós.

— Ei, antes se você ir, queria te dar isto. É a ficha policial do seu pai, da época de Nevermore. Acho que é por isso que meu pai o odeia. -Wednesday parece ler a ficha atentamente.

— Você tá legal? -Questiono para ter certeza.

— As pessoas não se envolvem comigo. A maioria atravessa a rua quando me veem.

— Você não é assustadora. É só meio...estranha. -Tyler diz antes que eu possa dizer algo.

— Prefiro sombria. Nosso trem sai em uma hora. A noite voa.

— Sim, certo.

Quando nos viramos para seguir o nosso caminho, os três garotos da cafeteria aparecem com tacos de baseball.

— Vamos, Wednesday. -Tyler diz puxando-a, e eu os acompanho quando começam a correr.

Eu acabo ficando para trás e os três garotos me alcançam.

Um deles coloca o pé em meu caminho, fazendo com que eu caia.

— Não se preocupa, só vamos mandar um recadinho pra sua amiga.

— Engraçado, ela não é minha amiga.

Enquanto dois deles me chutam no estômago, consigo pegar o taco do terceiro e bater nos joelhos de outro dos garotos, que cai no chão e é acudido por seus amigos.

Eu saio andando o mais rápido que consigo, mas me surge uma enorme vontade de vomitar.

E então, tudo se apaga.

Quando acordo, estou na UTI, e percebo Wednesday sentada em uma poltrona.

— Você acordou! -Ela diz.- Olha, é... Me... me desculpa por te meter nisso. Foi tudo culpa minha. -Ela diz, e eu posso até dizer que ela realmente estava chateada.

— Não foi sua culpa. Eu que sou uma péssima corredora. Mas e então? Desistiu de fugir?

— Mais ou menos.

Quando a garota me conta o que aconteceu, eu duvidaria, se não pudesse ler a sua mente e dizer que ela conta a verdade.

— Uau. Temos pouca coisa pra lidar, né?

— "Temos"?

— Claro. Eu tô com você nessa.

— Tudo bem. Mas dessa vez eu não vou deixar que se machuque. Se isso chegar a acontecer quero ter feito com as minhas próprias mãos.

— E lá se foi o nosso momento fofo.

Mas os nossos problemas estavam só no começo.