Fragile Heart #1 [REESCREVENDO]

04. capítulo quatro| lily boursheid

Eu me odeio
por sentir sua falta
i miss you, dylan conrique

O restante do caminho até o prédio em que eu ficaria nos próximos anos foi feito em um silêncio quase inquietante. Claire mordia a ponta da unha e balançava a perna esquerda incessantemente, com nervosismo. E eu... Bem, eu não conseguia tirar aqueles olhos acinzentados da cabeça. Tão revoltos... tão...

Eu suspirei e apertei o volante com mais força. Não sabia porque ele permanecia em minha mente. Ele não tinha sido nada mais que um grosso, mas apesar disso tinha me ajudado a não colapsar na frente de uma plateia. Ainda assim, não justificava a bagunça que ele estava fazendo comigo.

— Não vá por esse caminho. — Claire falou de repente, me deixando confusa. Prestei mais atenção na estrada. Eu não estava indo para o lugar errado.

— Não entendi. — Tentei desconversar, me concentrando no restante do caminho que nos faltava até a construção de prédios avermelhados perto da Universidade.

— Essa sua cara. Eu sei bem o que você está pensando, e é melhor parar com isso. Ele chamou sua atenção, mas aquele cara vai te destruir. — As palavras de Claire foram duras, como se tivesse absoluta certeza de que estava certa e isso iria acontecer se eu desse alguma abertura para ele. Eu não ia. Não queria.

Aquele cara era justamente o tipo que me fazia querer ficar longe, a quilômetros de distância. Não importava que ele tivesse me feito sentir alguma coisa além daquela tristeza profunda que parecia ter se enraizado em meu interior, não importava que ele tivesse percebido que eu estava tendo uma crise e não deixou que isso fosse adiante. Nada importava, porque eu não queria sentir nada que pudesse ferir ainda mais meu coração. Não depois do que aconteceu.

— Não sei do que está falando. Você viu a forma como ele falou comigo. Pessoas como ele... é melhor ficar longe. — Suspirei. Eu estava sendo sincera sobre essa última parte. Fui petulante e bati de frente com ele, mas eu sabia e conseguia sentir a energia que vinha dele. Era intimidante. Irradiava uma intensidade inquietante e misteriosa que chegava a me assustar.

— Espero que continue pensando dessa forma.

Apertei meus lábios em uma linha fina e fiquei em silêncio. Claire estava me irritando mais do que deveria, mas eu queria ouvir as palavras da minha mãe e tentar dar um tempo a ela, mesmo que fosse difícil.

Eu só precisava ter paciência, e em algum momento Claire abaixaria os muros que ela tinha erguido ao seu redor durante nossa viagem e me deixaria entrar. Pelo menos, era o que eu desejava que ela fizesse.

Cinco minutos depois, eu estacionava o carro em frente a um prédio de tijolos vermelhos de quatro andares em estilo vitoriano. Essa seria a minha casa, o lugar onde eu esperava que me ajudasse a superar tudo o que aconteceu. Um recomeço.