Capítulo 8

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Retomamos nosso trajeto até o império dos elfos pouco depois do nascer do sol, após nos despedirmos dos inconvenientes parentes do rei sombrio.

Algumas das flores brilhantes que ficavam à beira daquele trecho da estrada ainda mostravam suas pétalas coloridas e a aurora rosada no céu indicava que logo o sol surgiria para aquecer a região.

Fizemos duas paradas naquele dia antes de pararmos para acampar. Montamos as tendas entre as árvores, que ficavam cada vez mais densas conforme avançávamos naquela floresta.

— Tem certeza de que sabe para onde estamos indo? — perguntei ao rei, já que nunca tinha visitado o império dos elfos antes. Aquele parecia um caminho confuso e perigoso.

— Está com medo, princesa? — Ele torceu o canto do lábio ao brincar.

Quando estava na guerra, acampamentos eram comuns para mim. Apesar disso, eu não gostava deles. Eram sujos e desconfortáveis e por mais que estivesse à frente do exército aruniense, eu ainda era uma rainha.

— É claro que não. — Dei de ombros.

— Deveria, porque a qualquer momento os orcs podem nos encontrar e, se estiverem com fome, seremos o jantar.

Engoli seco. Nunca vi um orc pessoalmente, mas já conhecia histórias sobre aldeias que foram dizimadas por ataques deles.

— Os orcs não estão extintos? — Entzule, o amigo de Kardama e guarda real, perguntou assustado.

— Não. Nós falamos isso para que as crianças consigam dormir bem — o rei explicou.

Eu precisaria ser enganada como uma criança para dormir bem depois de saber disso.

— Orcs não podem ser piores do que dragões — falei, tentando me acalmar.

— Eles podem ser mais fracos, mas são definitivamente mais silenciosos. Você só descobre o ataque quando já é tarde. Dragões pelo menos gritam e anunciam a chegada — Kardama provocou, então cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas. — Vocês não estudam sobre orcs em Aruna?

— Essa pode ter sido uma das lições nas quais dormi — respondi olhando em volta apreensiva.

— Podemos continuar nosso caminho? Não quero ser atacado por orcs — Entzule sugeriu, mas o rei balançou a cabeça para negar.

— Os cavalos precisam descansar e nós também.

— Sobre o que estão falando? — Ermy se aproximou e Entzule o encarou desconfiado.

— Entzule — o amigo do rei se apresentou.

— Ermy — o outro falou ao estender a mão para um cumprimento.

O guarda itzan arqueou as sobrancelhas e trocou um olhar com Kardama que não escondia a existência de uma conversa silenciosa indecifrável.

— Estamos falando sobre orcs, que aparentemente não estão extintos e vivem aqui.

— Essa sempre é a pior parte do trajeto até o império elfo — Ermy concordou pensativo, então sorriu. — Mas não temos com o que nos preocuparmos hoje, porque vocês estão aqui e podem enfrentá-los com facilidade, já que conseguem até mesmo matar dragões.

Encolhi meus ombros amedrontada.

— Eu não confiaria nisso, porque já faz algum tempo desde a última vez em que nos fundimos — Kardama lembrou ao guarda de luz, que arregalou os olhos.

— Vocês deveriam treinar mais — Ermy sugeriu, mas recebeu um olhar repreensivo do rei.

— Você dá muitas opiniões para um soldado que não treina.

A Coroa de Luz [COMPLETO]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora