A Coroa de Luz [COMPLETO]

Capítulo 7

Fixei meu olhar em um ponto distante antes de me perder em pensamentos.

Depois de Ermy, eu não estava surpresa que Dahle também tivesse mentido. Parecia que, ao contrário do que eu imaginava antes de ir para Senka, todos ali tinham seus segredos. Ao mesmo tempo, vê-los daquela forma pela primeira vez me entristeceu.

Antes, eu confiaria minha vida às palavras de Ermy e Dahle. Agora, eles eram como desconhecidos.

Senti meus olhos arderem quando lágrimas se formaram.

— Aruna não parece tão bela quanto em minhas lembranças — comentei sem desviar meu olhar das montanhas fixas no fundo da paisagem.

O rei entendeu que eu não estava falando sobre a aparência do reino de luz.

— Nenhum lugar é. A coroa apenas trouxe à luz os fatos que, como princesa, você não podia ver — ele torceu os lábios em um sorriso quando comentou.

— Se meu pai estava me preparando para ser a rainha, por que escondia esses fatos? — questionei, sem conseguir esconder minha chateação quase infantil.

Ficamos em silêncio por um minuto inteiro.

— Todas as pessoas tem defeitos, princesa, e ele certamente estava tentando protegê-la da sensação ruim de desconfiança — o rei sombrio finalmente respondeu.

Torci meus lábios entristecida. Isso certamente parecia algo que meu pai faria.

— No fim, a culpa pelos segredos de Ermy e Dahle não é do meu pai. Ela é dos próprios mentirosos. — Dei de ombros.

Na noite anterior, Kardama e eu fizemos um acordo sobre como resolveríamos o caso do traidor de Aruna. O rei sombrio procuraria o culpado e usaria todos os meios que desejasse para achá-lo, para que apenas então eu o julgasse.

Fizemos assim porque, como antes confiava tanto naquelas pessoas, poderia ser difícil para mim identificar ou mesmo aceitar suas mentiras. Dessa forma, encontrar um traidor seria impossível.

Precisaríamos fazer uma parada no caminho para o império élfico, mas passamos a primeira noite na desconfortável carruagem. Estávamos levando os cavalos ao extremo, mas era o único jeito de chegarmos rápido.

Na segunda noite de viagem, ficaríamos hospedados em Wildthea, na propriedade que o duque e Maite tinham para veraneio.

— Helene! — Maite gritou enquanto acenava ao ver nossas carruagens chegando à entrada da mansão.

Ela estava no jardim com outras três mulheres, mas ignorou as companheiras por completo para caminhar em direção à entrada. Naquela época, o duque gostava de caçar e aquele era o lugar ideal para seu esporte.

— Majestade — o duque curvou seu corpo quando saímos da carruagem. — Que alegria é, para nós, recebê-los.

Após a reverência, Maite se aproximou rapidamente para um abraço.

— Agradecemos pelo convite — foi Kardama quem respondeu, porque eu estava sufocando no abraço apertado de Maite.

Parecia que eu não via minha amiga há muito mais tempo do que realmente passou. Até aquele momento, preciso admitir que não percebi que estava sentindo tanta saudade.

— Helene, vai ser tão divertido ter você aqui! Parece com um sonho! Diga que ficará nos próximos dias!

— Maite, não seja rude — o duque repreendeu a esposa em um sussurro.

— Na verdade, nós vamos partir pela manhã...

O sorriso de minha amiga desapareceu, mas ela não faria mais perguntas em frente aos seus convidados.