Capítulo 6

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Os guardas levaram a condessa para uma estalagem aruniense, onde uma dupla ficaria vigiando seus passos e tomando nota. É claro que no dia seguinte recebi uma carta dela, com uma reclamação sobre o lugar para onde a levamos.

Quando saí dos meus aposentos naquela manhã, encontrei Ermy nos corredores do castelo. Sorri ao lembrar da confissão da condessa e ele me encarou confuso.

Fiz sinal para que ele me acompanhasse e caminhamos até uma das varandas. Apoiei meu corpo no parapeito, dando as costas para a vista, para encará-lo enquanto falava.

— Fiz algumas perguntas para a condessa de Iluna ontem — contei satisfeita.

— Ela é a traidora? — Ermy perguntou indiferente enquanto encarava as montanhas.

Estreitei meus olhos, porque ele estava tentando esconder.

— Você sabe muito bem que não — falei, então dei de ombros e voltei a sorrir. — Na verdade, ela contou novidades interessantes sobre aquela noite...

Ermy entendeu do que eu estava falando, revirou os olhos e bufou.

— Ela não deveria ter contado nada.

— Por que não? — perguntei arqueando as sobrancelhas.

— Porque não foi romântico como você provavelmente está imaginando. Eu estava apenas tentando te esquecer.

Recuei, desviando meu olhar para o chão, sem esconder meu desconforto.

— Ermy...

— Eu sei que está casada agora e vejo que está apaixonada por ele. — Os olhos do soldado encheram de lágrimas. — Mas não vejo motivo para fingir que segui em frente também. Eu não segui e toda vez que te vejo, tenho mais certeza de que a amo e de que posso passar minha vida inteira esperando pela possibilidade de que o casamento de vocês acabe após o fim dessa profecia.

Torci meus lábios desanimada.

— Eu não estou apaixonada por ele, mas se depender de mim, eu vou estar com ele até morrer, Ermy...

— E isso não é paixão? — Ermy riu ao perguntar, deixando sua tristeza de lado.

Em alguns momentos, quando esquecia que estava magoado pelo nosso término, Ermy era realmente um bom amigo.

— Não, mas ele me faz sentir algo que nunca senti antes.

— E o que seria? — o soldado cruzou os braços para me encarar.

Eu não queria magoar Ermy ainda mais e entendia que aquele assunto não era confortável ou divertido para ele. Por isso, fiquei em silêncio.

— Ermy, não faça isso consigo mesmo...

— Não se preocupe, Helene. Sei que você tem sentimentos por ele e isso não me magoa, porque estou determinado a reconquistá-la.

Respirei fundo. Talvez, magoá-lo com a verdade fosse a única forma de fazer com que deixasse aquela ideia de lado.

— Ele me faz sentir que sempre quero mais, seja o que for — contei.

Ao contrário do que pensei, Ermy começou a rir.

— Temos sorte que a paixão é passageira. — Foi tudo o que o guarda disse.

Revirei meus olhos e comecei a caminhar de volta ao corredor. A conversa parecia ter acabado e eu precisava voltar a pensar naquilo que importava: acordar meu pai e encontrar o traidor de Aruna.

— Ermy — chamei, parando de andar novamente ao lembrar do que a condessa havia dito.

Agora, eu podia sentir meu coração congelando em uma angústia maior do que esperava com aquela conversa.

A Coroa de Luz [COMPLETO]Where stories live. Discover now