Capítulo 5

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A masmorra do palácio de Aruna não parecia fazer parte da mesma construção. Era um ambiente úmido, escuro e sujo. Os guardas só ocupavam o local quando havia algum prisioneiro, embora raramente acontecesse.

Segurei meu vestido para que não ficasse sujo enquanto descíamos a escadaria escura que levava ao local. Eu estava evitando tocar as paredes, com nojo, e por alguns minutos tive compaixão pela condessa. Aquele era um lugar desagradável.

— Faz quantos dias que a prendeu? — perguntei para o rei sombrio, que andava ao meu lado sem tanto nojo.

— Três... Talvez quatro.

Torci meus lábios.

— Se ela não foi a culpada...

— Então ela vai desejar nunca te provocar o suficiente para voltar para cá — Kardama deu uma breve risada.

Olhei para o ponto de luz que iluminava o caminho em nossa frente ao tentar conter meu riso.

A condessa de Iluna, Zilá, estava suja e parecia cansada quando a encontramos. Vislumbrei raiva em seu olhar quando me viu cruzar o portal de concreto que separava a escadaria das celas e ela levantou irritada. Seu vestido roxo estava encardido e tinha alguns rasgos na barra.

— Está cometendo um sério engano, Kardama — ela falou mansa, apoiando seu rosto nas barras de ferro que a separavam de sua liberdade.

— Majestade, não Kardama. E você ainda não foi julgada, então não há engano — ele disse com um tom de voz que não expressava nada.

— Essa é uma clara perseguição pessoal comigo, porque contei para Helene sobre o acordo entre nossas famílias! — Ela protestou e o rei riu antes de me encarar.

— Então você não está com muita sorte, porque é ela quem vai te julgar.

— O quê? Vocês querem que eu morra! Ou que, sem os cuidados adequados de uma dama, fique feia, o que seria pior do que morrer! — A condessa choramingou. — E agora serei julgada por uma argian que me odeia sem qualquer motivo!

— Se você repudia tanto os argians, por que estava no baile da minha família na noite do ataque? — Cruzei meus braços ao perguntar.

A postura da condessa mudou completamente em uma fração de segundo. Agora não parecia mais estar sofrendo e desfilava pela cela enquanto ajeitava seus cabelos emaranhados.

— Ora, estava fazendo o que toda dama solteira, rica e bela como eu deve fazer: procurando um pretendente à altura daquele que tomou de mim. É claro que eu sabia que você não tem qualquer irmão, mas talvez algum primo, duque ou marquês... — Ela prolongou seu discurso, então voltou a ficar irritada. — E agora já passei tantos dias presa que qualquer pretendente deve pensar que morri.

Torci meu lábios enquanto encarava Zilá, tentando chegar a alguma conclusão sobre todas aquelas afirmações. Ela definitivamente não gostava de mim, mas não parecia irritada o suficiente para ser responsável por aquele ataque.

Mais do que isso, não parecia sequer profunda o suficiente para planejar algo daquela proporção. Suas preocupações eram meramente superficiais.

— E então? Acha que ela é a culpada? — Kardama perguntou após me observar.

— Eu não sou! — Zilá disse.

— Onde estava na hora do ataque? — questionei.

Ela encolheu os ombros e virou o rosto na outra direção para evitar responder.

— Eu não sou a traidora.

— Então você precisa me convencer disso — respondi impaciente, me aproximando das barras de ferro para falar em tom cada vez mais baixo — caso contrário, você será a traidora e vai pagar como se fosse, porque é a maior suspeita disso.

A Coroa de Luz [COMPLETO]Where stories live. Discover now