Olhos de cachoeira

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Uma semana se passou

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Uma semana se passou. 7 vezes em que o sol surgiu no horizonte e sumiu para dar espaço à escuridão da noite. São 7 dias e 168 horas em que não trocam nada além de olhares distantes.

7 dias em que a princesa acorda agitada e abre a porta do quarto esperando receber suas rosas matinais entre o chão e o tapete, mas há 7 dias que ela fecha a porta do quarto com olhos tristes da cor de lagoas transbordando porque não as recebe. Edward não arriscou mais entrar no palácio para a entregar flores.

7 dias que ele vai dormir com o lencinho que ela deixou na pedra do lago em cima do nariz e o peito está começando a apertar e se partir ao meio feito estradas em terremotos porque o aroma está indo embora do tecido, ele já sugou cada gota de perfume doce que havia ali.

E agora não resta mais nada, o cheiro foi embora, tudo que ele tem dela são lembranças daquela tarde no lago, lembranças da infância e olhos escuros que a contempla de longe.

Longe. O único jeito de tê-la, nas memórias e olhando pra ela de longe. Ela na varanda, ele no chão. Ela no palácio e ele nos campos.

E hoje foi mais uma dessas manhãs, após 7 dias da tarde no lago, Chrissy acordou agitada, deu um pulo de sua cama e correu até a porta. Os pés descalços e delicados da princesa sozinhos no chão ao lado do tapete, pois não havia flores hoje de novo. Os olhos azuis avistaram o chão vazio.

Tristeza.

Ela fechou a porta do quarto, sentiu a frieza do chão enquanto deslizava em seu chemise de dormir. Abriu as cortinas e o sol entrou em todo o quarto quando expôs as enormes janelas. Chrissy sentou lateralmente no parapeito e fez o que faz toda manhã: olha para Edward.

A janela do quarto dela dá a visão perfeita para o enorme e belo jardim e manhã após manhã ela se atrasa para o café matinal e todos os afazeres porque perde longos minutos olhando pra ele, de longe, pelo vidro da janela, separados por tantos metros e regras.

Gosta de pegar folhas e seus lápis de carvão para desenhá-lo, rabiscar a perfeição que enxerga em cada traço dele e então se ocupa durante as tardes o pintando: mas até aqui sente a proibição, pois não pode pintá-lo inteiro, apenas partes dele, para que não desconfiem, para que não o vejam em suas pinturas.

Proibido de estar com ele em todos os lugares. Menos em seus pensamentos.

A princesa deixa um suspiro pesado e doce escapar por entre os lábios, daqueles que murcham os ombros, conforme olha e olha pra ele sem parar. Gosta de ver os ombros fortes de Edward, gosta da camisa branca que ele usa sempre aberta no peito, gosta de quando ele sobe as mangas da blusa e ela consegue ver as mãos e os antebraços. Já desenhou cada detalhe, cada dedo, cada veia do pulso, as divisórias entre os dedos, os dedos longos dobrados. Já desenhou o peito dele, principalmente quando está suado, já desenhou o cacho em tom de castanho claro que recai sobre a testa sempre que ele move o pescoço para baixo. Já desenhou cada detalhe do maxilar e do pescoço.

Champagne Problems - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora