Taehyung soltou um último suspiro para encher-se de coragem.

- Sim. E você?

- Estou sim.

Os dois voltaram a se abraçar mais uma vez, resgatando forças um com o outro. Jungkook sentiu os dedos de Tae entrarem em seu bolso traseiro e lhe darem uma apertada.

Jungkook sussurrou:

- E depois eu é que sou safado...

- É pra dar sorte. – Tae respondeu.

Os dois riram antes de se olharem docemente e se beijarem.

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A festa no enorme saguão podia ser ouvida ao longe, com sons de violinos e conversas escapando pelas janelas daquela noite fresca. O casal de humano e vampiro foram convocados a comparecer em outra sala antes do grande evento, e assim que entraram pelas grandes portas do que parecia ser um dos escritórios de negócios da mansão, viram a senhora Jeon sentada no sofá elegante, os esperando. De pé atrás dela estava o senhor Jeon, e sua postura contava que estava ali apenas para suporte segundo dizia sua etiqueta.

Naquele ambiente mal iluminado e sentada com sua postura formal, a vampira foi a primeira a falar:

- Sente-se Kim Taehyung.

Taehyung deu alguns passos à frente e estranhou que Jungkook não o seguiu. Olhou para o namorado questionando sobre isso, mas Kook o indicou que não poderia interferir. O humano sentiu-se inquieto em dar mais passos a frente e finalmente sentar-se no sofá defronte a sua sogra. Seu coração palpitava fortemente por não saber sobre o que aquilo se tratava e também diante de tanta formalidade e seriedade no ar.

Seus olhos abaixaram para a grande mesa de centro que separava os dois sofás e notou uma maleta.

Um dos seguranças dos vampiros, que estava nas sombras com sua presença imperceptível até então, aproximou-se e foi até a maleta para abri-la e mostrar seu conteúdo para o humano antes de se afastar e voltar para as sombras.

A maleta estava recheada de dinheiro. Todas as notas enfileiradas e perfeitas.

Taehyung nunca viu tanto dinheiro na vida e ficou surpreso ao ver os tantos bolos das notas mais caras.

A senhora Jeon continuava com as mãos sobre os joelhos ao afirmar:

- Esta é sua última chance, Kim Taehyung. – não havia ameaça em sua voz, apenas firmeza – Assim que entrar naquele salão, sua vida estará em risco. Estou lhe dando uma segunda chance. – apontou para a mesa – Reafirmo que não haverá rancor de nossa parte se desistir e escolher um recomeço para você e sua família.

Tae encarou a maleta. Imaginou que sim, aquele dinheiro era o suficiente para que ele e a família se mudasse, construísse outra cafeteria e até pagaria por muitas outras coisas.

Mas...

- Minha senhora. – Tae levantou os olhos e dirigiu-se com respeito – Um dos motivos que me levou a minha decisão foi o fato de que já existem boatos sobre meu relacionamento com Jungkook. Um vampiro até já chegou muito perto de ferir meus irmãos. – lhe doía o peito relembrar disso – Uma coisa que aprendi com a convivência com vampiros é de que são criaturas que não conseguem deixar de lado a curiosidade e o orgulho, então sei que, mesmo sendo apenas boatos, já existem vampiros por aí caçando o humano de Jungkook.

Ela ouvia-o atentamente enquanto os olhos do senhor Jeon também o analisavam.

- Mesmo que eu pegue esse dinheiro, deixe o Jungkook e vá embora, sempre haverá a chance de um dia algum vampiro aparecer e... e acabar com tudo. – fechou os punhos sobre os joelhos – Eu decidi enfrentar o destino. – levantou os olhos - Não só pra ficar ao lado do Jungkook, mas também pra nunca mais viver com medo. Se tudo der certo... – corrigiu-se – Quando tudo isso acabar, vou poder viver feliz com quem amo e sem ninguém para ameaçar minha família.

A mulher concentrou-se em suas palavras, absorvendo-as antes de dizer:

- Levante-se.

Tae obedeceu ao seu comando, mas fez isso tão rápido que sentiu-se envergonhado.

A mulher ergueu a mão, e o marido ajudou-a a se levantar do sofá. Ela tocava a barriga grande ao se aproximar do humano e dizer-lhe.

- Sua decisão será respeitada, mesmo que a contragosto. – o informou.

O humano tomou coragem para perguntar:

- A senhora é contra minha decisão?

- É um perigo evitável este que está escolhendo. – disse com seu queixo erguido – Preferia vê-lo vivo, mesmo que isso significasse a infelicidade de meu filho.

Taehyung sentiu as lágrimas acumularem e quase chorou ali mesmo. Incerta sobre o que fazer com o humano diante de emoções que ela desconhecia, ela apenas abriu os braços, conforme diziam as instruções, e o humano a abraçou.

- Obrigada, senhora Jeon – ele disse emotivo, e a vampira não entendeu sobre o que ele estava agradecendo.

O senhor Jeon parecia se divertir diante da confusão estranha que os humanos, criaturas imprevisíveis, podiam causar. No outro canto da sala Jungkook estava aliviado ao ouvir as palavras de Tae, o que provava que no fundo ainda estava inseguro se o humano ainda o escolheria apesar de todos os perigos.

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Antes de entrarem no grande saguão, Jungkook deu as mãos a Taehyung para lhe dar um aperto firme e positivo. Assim que se soltaram, Tae sentiu sua mão esfriar com o vazio, mas o pensamento de que aquilo era temporário o consolava.

A hora era agora.

Café e SangueWhere stories live. Discover now