Fitei Eun e ela apenas observava, balançando a cabeça em negação para comigo.

- Eu ainda tenho as fitas do dia da morte dela.
- Por que não damos uma olhada? - O semblante mal encarado, expressando luxúria, sarcasmo; eu realmente estava me perguntando o porquê de ele estar fazendo o que faz?

O mesmo subiu as escadarias e não demorou muito para que voltasse; tinha em mãos a caixa que jurei nunca mais olhar; nela continha um álbum de fotos da minha mãe, e de sua gravidez; fitas nas quais foram gravadas o dia do ocorrido, e um lenço, estampado de flores levemente esverdeadas.

Pude sentir o escapar de meus pulmões.

Ele caminhou até a televisão, e introduziu sobre o toca fitas logo abaixo da mesma a fita com um nome escrito, sun, eu podia cair de me acabar de chorar ali mesmo, mas não eu não podia, não podia perder pra ele assim tão fácil.

- A polícia acredita que ela tenha cometido suicídio. Jung Hye Sun, uma mulher de vinte e nove anos, na noite desta quarta-feira, comemorava o aniversário do filho junto família; o que ninguém desconfiava era que a mesma planejava cometer algo tão desastroso.
Boatos circulam pelos bairros, de que a mesma sofria de problemas emocionais, pela quantidade extremas de discussões e barulhos na residência.
[...]
O corpo foi deixado no sobre o asfalto sem quaisquer cuidados médicos a quase uma hora, o filho mais velho ficou junto a falecida até que alguma ajuda fosse solicitada, o que não aconteceu.
[...]

- É uma pena.
- Eu realmente a amava..

Gritar, fugir, correr e chorar, são as quatro coisas que eu almejava. Olhei para Eun que se mantia firme em me fitar com os olhos já marejados, pus-me a caminhar até ele, e fiquei de frente para o mesmo, eu apenas estava parado e vidrado, não disse uma palavra sequer, eu apenas o encarava, memorizando cada traço daquela figura insignificante a minha frente.

- Vai continuar me encarando muleque? - As sombrancelhas arquearam, e eu continuei a encará-lo.

- Quero que saiba; que neste momento, no fundo da minha mente; você morreu.
- E eu nem sequer chorei, e não me arrependo disso.
- Nem uma única lágrima.
- Alguém como você não merece ser amado. - Pude ouvir o tapa estalar e a queimação dolorosa no lado esquerdo do meu rosto vir.

- O que foi? Acha que eu não aguento um mísero tapa? ‐ Outro estalar pode ser ouvido.

- Eu estou cansado de esperar pacientemente por alguém que disse que iria mudar; mas nem tentou, você nem tentou mudar. - Outro.

- O que você aprendeu com dezoito de fevereiro Hun?
- Diga-me Jung Hae-soo. ‐ Outro. Minhas mãos tremiam em brusca de conforto, eu apertava minhas unhas em minha palma, conseguia sentí-las perfurando minha carne. Meu rosto em si estava queimando, como em mil incêndios; me virei para fitar Eun e ela só conseguia desabar em lágrimas, aquilo me quebrou, eu estava em pedaços, ver o semblante dela daquele jeito me deu mais raiva.

- Eu estou assustado, mas parece que você nem se importa.
- No fundo da minha mente..
- Eu te matei, e eu nem me arrependi..
- Eu nem acredito que disse isso, mas é verdade.
- Eu te odeio. - Dor. Ele apenas riu nasalmente, e olhou para baixo, sorindo ladino.

Como ele pode ser tão cruel e insensível? Ela era tudo pra mim, se eu pudesse, por apenas um momento, vê-la novamente, tudo o que eu já desejei não significaria nada. São tantas coisas que eu havia de falar para ela.

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