capitulo 1

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O último ano do ensino médio.

“Beep, beep, beep!” O despertador toca as cinco em ponto.
O barulho daquele despertador antigo e enferrujado me dava nos nervos. Segunda-feira. Um dia cinza onde a cor toda se mantia apenas na sexta, sábado e domingo. Minha rotina é basicamente a mesma desde que vim morar aqui.
Já acordada, me viro, tendo a visão do teto que tinha pequenas estrelas que meu pai havia desenhado quando criança, aquelas estrelas brilhavam no escuro, evitando meus medos ao anoitecer. Hoje não vale mais de nada pois não tenho mais medo do escuro. Acho que nem sabem disso. Enquanto o despertador tocava ⎯ “ É realmente necessário?” penso prensando a almofada em meu rosto. Até que decido me sentar.
Beep, beep...!
⎯ Silêncio. ⎯ aperto o botão com força que o desliga de imediato. ⎯ Será que um dia terei paz nessa casa? ⎯ Pergunto ao relógio como se fosse me responder. ⎯ Bobagem. ⎯ coloco novamente em seu devido lugar em cima da mesa da cabeceira. Me levanto andando em passos lentos, sonolenta e com pouco de frio, sentia um ar gelado que me dava calafrios. O amanhecer em West, é bastante nublado e frio, mas apenas ao amanhecer. Da minha janela não conseguia enxergar nada além de algumas árvores e névoas que as cobriam pela metade, era assustador. Vou em direção do banheiro que fica alguns metros daquele corredor, muito largo. Abro a porta e vou caminhando silenciosamente evitando qualquer ruído ou barulho que incomodaria meus pais. O piso de madeira reluzia com a luz que vinha da pequena janela, alguns quadros na parede, Alysom sorria em todos com meu pai na sua formatura, e eu pequena entre eles, olhava para a câmera com os olhos arregalados e um bico encantador. Entro no banheiro e tranco a porta. Ligo o chuveiro. A água morna tocava em minha pele branca, ao passar um shampoo com cheiro adocicado, finalizando com condicionador. Minhas mãos alisava meus cabelos castanhos ao levá-los para trás. Finalizando tudo com um sabonete pelo meu corpo. Depois de tudo que faço desligo o chuveiro. De roupão e uma toalha para tirar o excesso da água, me olho no espelho. Escovo meus dentes, penteio meus cabelos, os secando e prendendo num rabo de cavalo firme. Me via com o rosto inchado e com pequenas manchas, o vermelhidão em minha pele pela água quente pós banho. Minha pele sensível. Quase não dava para vê-las, mas o fato de estar ali me incomodava e me trazia insegurança, era inevitável, as espinhas os cravos... No mínimo alguns minutos para vestir o uniforme da escola. Pensei em passar uma maquiagem para parecer diferente, raramente me maquiava.
HNa frente do espelho, seguro um batom vermelho com as pontas dos dedos. Resolvo passar. Noto que o batom aumentou meus lábios. ⎯ Melhor não. ⎯ sorrio em frente à um pequeno espelho. Com um pequeno pedaço de lenço umedecido tiro o batom todo da minha boca, que borra no canto inferior dos meus lábios, esfrego com força até sair.
Finalmente pronta, restava somente tomar café. Meus pais já estão lá em baixo. Me esperando para acompanhá-los.
Meu pai, se mantia sério sobre a mesa, com um jornal que tapava seu rosto. Minha mãe, quase nunca toma café conosco, é até estranho vê-la em casa, quando está de plantão é bem pior, nunca conversávamos, e quando eu queria contar algo, se mantia ocupada ou me dizia: ⎯ Me conte depois. Eu passei a guardar tudo que acontecia, e respondia: ⎯ Está tudo bem. ⎯ mesmo não estando. Me assento sobre a cadeira apoiando meu braço sobre a mesa cheia de comidas, pego primeiro uma fatia de torrada com geleia de uva.
Um ruído de televisão antiga e pequena ligada passando um noticiário na sala (é a tv que Richard carrega para os lugares.)
⎯ Garota perdida na floresta, foi encontrada a dois quilômetros da cidade, passeava com seu cachorro por volta das oito horas da noite. Desde então a garota não deu notícias ou se quer mandou alguma mensagem...
meu pai abaixa seu jornal para prestar atenção. Minha mãe que procura o outro par de seu brinco, para no meio da sala para ouvir.

    ⎯A polícia continua a sua busca. Para mais informações no jornal da grande cidade West Roxboury. ⎯ diz a repórter.

    ⎯ É por essas coisas que você não deveria ir para a floresta. Aponta meu pai surpreso.

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⏰ Última atualização: Oct 13, 2022 ⏰

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