A Funkeira e a Aluna Exemplar

O Início

Melody On

Meus pais acabaram de sofrer um acidente após um bêbado acertar no carro deles. Estou no velório chorando ao lado de meus tios, logo, logo terei que me mudar para uma nova cidade longe daqui... estou muito triste... não queria ir morar com meus tios e seu filho Cirilékson, meu primo.

– Melody, sentimos muito pela perda... já estamos indo para Liberdade – meu tio me abraça, não pude acreditar.

– Liberdade?? Aquele bairro japonês?? Só vai ter otakus sem noção lá! – reclama minha tia, brava com a notícia.

– Tudo bem, vou arrumar minhas coisas – limpo as lágrimas que escorreram pelo meu rosto.
      Com tudo pronto, despedi de minhas amigas e familiares próximos, entrei no carro e assim começou a viagem até Liberdade. Meu primo estava escutando um tipo estranho de música, ele disse que era pop dos anos 80 misturado com o funk de hoje em dia e... tipo assim, não rola né?! Ultrapassado já.
       Dormi a viagem toda, quando chegamos já fui pra escolher meu quarto no novo apartamento e minha tia já estava nos levando para matricularmos em uma nova escola aqui perto. Se chamava Escola Mundial, Cirilékson me disse que ali estudava só a elite da elite, os mais ricos desse país pobre, será que vou arranjar alguém lá?? Não sei...
        Após arrumar as coisas nos quartos, saímos e fomos pra essa tal Escola Mundial que tanto ouvimos falar. Chegando lá... era tão lindo o campo, tão colorido, oh meu Deus! Que lugar incrível! Queria que mamãe e papai me vissem estudando aqui... mesmo nem sendo uma ótima aluna. Por ser funkeira, devo manter esse meu papel de quem não liga pra escola mas ao mesmo tempo copia tudo que há no quadro. Tenho vergonha de ser chamada de CDF... ou nerd...

– Oii, me chamo Bolsoléria! Você é nova por aqui, não? – uma menina desconhecida, estranha e que usava uma tiara um tanto... lgbtqiap+?

– S-sou sim! Me chamo Mc Melody, tá ligado? – me recomponho para não perder a postura de funkeira e desço até o chão.

– Mas, por que 'Melody'? – Bolsoléria pergunta com uma pose meio debochada... apontava uma arma de dedos para cima.

– É que vem de melodia – escuto o sinal tocar e suas amigas logo aparecem para buscá-la.

– Vemmm! Bolsolériiaaa! A aula já- Quem é você, garota!? – uma menina chega debochando da minha cara. Isso não vai ficar barato...

– Quem sou eu? Mais fácil perguntar quem é você, piranha! – jogo meus cabelos e levanto uma das sobrancelhas sem desviar o olhar da garota.

– Ah! Como você pôde falar assim de mim?! Aliás... sou Maria Faustão, a mais famosa dessa escola! Não queira arranjar briga comigo, garotinha – ela sussura em meu ouvido me ameaçando, mas não me sinto ameaçada.

– Mc Melody pra você. Bem, fale bem ou fale mal, mas fale de mim... bebê – jogo os cabelos e viro de costas caminhando até minha tia.
     Cirilékson me encarava boquiaberto pois havia visto o meu lacre cis pra cima daquelas garotas ignorantes. Rsrs.

– Au! Prrima, no sabia que hablavas lacre! Hee hee! – ele fica impressionado com o meu potencial lacrador. Com seu sotaque espanhol metido a... gringo que passa vergonha.

– Pois é! Esse recalque passa longe de mim – retruco séria...

Quebra de tempo

       Estava indignada com o que havia ocorrido mais cedo na escola. Aquelas garotas me pagam... começo amanhã mesmo, quero ver quem vai me parar. Vou mostrar pra aquela Maria Faustonete... Falsete? Fausta? Calção? Nem prestei atenção, não vou perder meu tempo com aquela garota, amanhã talvez... mas agora pensarei na minha vingança.
       Minhas roupas de funkeira já estava arrumada, minha saia curta e o uniforme da escola. Amanhã elas vão ver o que é bom pra tosse...

Continua...