Diabetes

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Seu gosto carregava o sabor das nuvens de açúcar que eram distribuídas em parques de diversões: glicosado, divertido e quase, apenas quase, enjoento.

De todos os doces daquela sorveteria, Taehyung não imaginou que seria justo aquele que cativaria o seu paladar.

Seu toque era do tipo que fazia a pele que o encontrava se desmanchar tal qual um marshmellow ao ser mergulhado em uma calda quente de chocolate. Era exatamente daquela maneira que ele se sentia: amolecido e envolto pelo calor de um toque tão gostoso que era quase danoso.

Taehyung poderia se acostumar com aquela sensação.

Especialmente quando ela lhe empurrava contra a parede com uma agressividade contida, recheada de desejo. Ou quando, após arrancar de si toda a lucidez e a jogar na lata de lixo mais próxima, ela lhe deixava escorregar até o chão e lhe deitava no tapete quente que cobria o mar gelado de azulejos ao seu redor.

Ele poderia se acostumar à sensação de ter o corpo completamente trêmulo sob o olhar sedento do rapaz que se ajoelhava ao redor de suas pernas. E à sensação de ter os dedos alheios invadindo o seu cabelo e empurrando a sua cabeça ainda mais fortemente contra a penugem macia abaixo de si.

Ele poderia se acostumar à tudo aquilo. Ao gosto glicosado, divertido e quase enjoento que emanava não só dele mas de todas as suas ações para consigo.

Porque aquele gosto, que afogava todos os seus sentidos naquele momento, era

terrivelmente;
delirantemente;
perigosamente;

viciante.

Jimin provava cada pedaço de si numa lentidão dolorosamente enlouquecedora. Selava as partes mais sensíveis que possuía. Arranhava a pele do pescoço com os dentes e deixava a língua amolecer todas as cores marcadas ali, como uma última pincelada para terminar a sua obra.

Então, ele arrancava mais um pedaço de seu beijo e descia os dedos pelo seu corpo como se estivesse sentindo a textura de um urso de pelúcia pela primeira vez: curiosamente, prazerosamente e quase, apenas quase, inocentemente.

Logo, a sinfonia que os rodeava naquela brincadeira não era mais a música ruída do Jukebox de madeira ao fundo do estabelecimento, mas os próprios gemidos que arrastadamente escapavam de sua garganta à medida que as mãos de Jimin lhe envolviam.

Jimin não pareceu reclamar da mudança de disco. Na realidade, Taehyung teve quase certeza de que viu, antes de seus pulsos serem prendidos sobre a cabeça e antes de seus olhos se perderem na escuridão, o brilho de um sorriso que era, em toda a sua forma, descaracterístico ao aspecto angelical que o garoto apresentava todos os sábados quando o atendia.

Um suspiro inaudível umedeceu o ar entre eles e Taehyung se sentiu novamente ser saboreado por aqueles lábios. Dessa vez, em uma região que parecia quase tão desesperada para ser devorada quanto todas as guloseimas delicadamente confeitadas que estavam expostas naquele lugar.

E não havia nada que ele pudesse fazer para impedir aquilo.

Estava exatamente do jeito que queria estar. Vulnerável e completamente entregue.

Se poder sentir tudo aquilo significava precisar ser degustado por aquele homem como uma fatia de bolo de morango ou como uma taça de sorvete de chiclete, se significava precisar se render a ele como um pirulito que se derrete à medida que é chupado, Taehyung gratificantemente se daria como oferenda àquele banquete diabético.

Todos os dias e em qualquer horário que Jimin desejasse.

Diabetes  [VMIN ONESHOT]Where stories live. Discover now