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Embora eu estivesse cansado demais para estar escola, eu não podia faltar como antes.

Eu estava quase reprovando por falta no meio do semestre.

─── Oi, alunos! ─── O professor de literatura entrou na sala. E eu devia estar muito distraído, por esquecer que eu ainda estava em pé. ─── Boris?

Eu balancei a minha cabeça, tentando despertar, caminhando até o meu lugar.

─── Como foi a semana de cada um? Ele perguntou, enquanto segurava um livro em sua mão. ─── Eu deixei uma leitura para resumo, certo?

Merda.

Ele sempre olhava os cadernos.

No mesmo instante, todos olharam para a porta. Alguém estava entrando. Atrasado, pelo horário.

A porta abriu. E uma garota na qual eu nunca tinha visto antes, surgiu. Ela parecia estar incomodada com os olhares sobre ela.

─── Eu sou a aluna nova.

─── Ah, pode entrar! O diretor me falou sobre você ─── O professor exclamou, sendo simpático, indo até ela ─── Conseguiu pegar o seu horário?

A garota assentiu.

─── Certo, então pode se sentar naquele lugar vago ─── O professor apontou para o meu lado.

Eu sempre faltava, então quase ninguém fazia dupla comigo.

Ela estava séria. Muito séria. Então olhou para mim, e eu pude sentir algo quando isso aconteceu.

Talvez fossem a cor dos olhos. Ou o tom dos seus lábios.

Eu não gostei disso.

Ela veio até mim, se sentando ao meu lado, colocando sua mochila na mesa.

─── Você quer se apresentar?

A garota balançou a cabeça, negando. E percebendo o olhar de reprovação do professor, respirou fundo e se levantou.

─── Meu nome é S/N.

Aquilo foi o bastante para turma inteira gargalhar. O fato de ela só ter dito isso.

─── Tenho certeza que ao longo do semestre, lhe conheceremos melhor, senhorita S/N.

E ela se sentou de volta, parecendo estar com vergonha de ter feito isso.

Eu não deveria estar olhando tanto para ela. Não mesmo. Eu nem ao menos sabia o que estava acontecendo comigo.

─── Muito bem, voltando ao assunto, Kevin, você pode vir até aqui e ler a parte que você mais achou interessante trazer?

Kevin se levantou e foi até ele, pegando o pincel e escrevendo no quadro.

Olhei para o lado e a garota nova estava rabiscando algo em um caderno pequeno.

Bufei e olhei para o relógio. Ainda era cedo.

Peguei o meu lápis e copiei tudo o que estava no quadro, não era muita coisa. Ao menos eu poderia fingir que tinha feito.

Até que eu senti alguém tocando no meu braço, e era ela.

─── Oi ─── Ela sussurrou, olhando nos meus olhos. 

─── Olá! ─── Respondi no mesmo tom, sorrindo simpático. 

Eu? Sorrindo?

Boris, se controla.

─── Me empresta um apontador? ─── As palavras saíam tranquilamente de seus lábios. ─── Gostei do seu cabelo.

─── Sim, claro ─── Me abaixei e peguei a minha mochila, que estava no chão. Entreguei o meu estojo para ela, o que eu raramente fazia.

Eu nunca deixava alguém tocar no meu estojo.

─── Quantos lápis! ─── Ela parecia surpresa enquanto procurava o apontador. ─── Achei.

Ela me mostrou.

─── Tá bom ─── Estiquei a minha mão para agarra-lo.

─── Posso te entregar no final da aula? ─── Perguntou, abaixando a cabeça para escrever mais alguma coisa. ─── Esse lápis é péssimo.

Balancei a minha cabeça, olhando minuciosamente para ela. Até que o professor começou a escolher outros alunos para explicarem os seus resumos.

𝐁𝐄𝐄𝐏-𝐁𝐄𝐄𝐏, borisDove le storie prendono vita. Scoprilo ora