8 - Rodovia (Parte 2)

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Esbarrou em um carro quando desviou de outro golpe, sendo rápida em subir no capô e repetir o mesmo gesto de Natasha, funcionando por alguns segundos em sua tentativa de retirar a máscara ao mesmo tempo que fechava as pernas em volta de seu pescoço para sufocá-lo, mas o Soldado reagiu mais rápido. O grito doloroso de ser jogada brutalmente contra o capô que lhe arrancou o ar dos pulmões, foi sufocado quando uma das mãos dele envolveu fortemente seu pescoço, impedindo-a de respirar.

Foi então que aconteceu.

Diferente das outras vezes que o vira, agora não usava a máscara completa. Os óculos escuros haviam sido removidos, revelando dois pares de olhos azuis frios e misteriosos como o oceano. Daiana quase conseguia ver as profundezas que eram as dores escondidas alí e a ausência de qualquer sentimento além de desespero e sede de sangue.

Mas mais do que isso.

Havia algo mais do que isso. Algo que a fez ter uma sensação dolorosa em seu interior como... Como se vê-lo alí prestes a matá-la tão impiedosamente, fosse dez vezes pior do que seria caso não estivesse fitando diretamente aqueles olhos.

— Péssimo dia para morrer — resmungou para si mesma com muita dificuldade, enquanto suas mãos desesperadas agarravam a dele, tentando sem resultado algum afastá-la de seu pescoço.

Não sabia quanto tempo havia se passado quando saiu de seu devaneio ao perceber que não sentia mais dificuldade alguma para respirar. Agora o ar entrava e saía tranquilamente de seus pulmões, ainda que a respiração fosse ofegante. A mão gélida e metálica permanecia em seu pescoço, mas não mais com o intuito de matá-la.

Sem em nenhum momento ter desviado dele, Daiana pôde perceber o momento exato em que toda aquela frieza se transformou em confusão. Era como se a mente de ambos tivesse travado naquele instante e o redor deles não estivesse um caos. O momento, que não durou muito tempo, foi interrompido por Steve que correu na direção deles ao perceber que Daiana estava em perigo. Com o escudo, tentou um golpe contra o Soldado que, trazido de volta à realidade, provou seus ótimos reflexos e agilidade parando o golpe com um soco contra o escudo.

Daiana, ainda um pouco desnorteada, conseguiu rolar de cima do capô e resmungou ao ter seu corpo cruelmente chocado contra o asfalto quente, caindo sobre seu braço e ferindo um pouco mais os hematomas em suas costelas. Bem próximo dela, uma batalha entre Steve e o Soldado Invernal ocorria brutalmente com os dois lutando de igual para igual. Nenhum deles parecia estar em alguma desvantagem e assistir aquilo era impressionante, mas não tanto quando poderiam facilmente feri-la pela proximidade.

Então, quando ela se pôs de pé apoiando-se com um pouco de dificuldades no carro mais próximo, viu Steve conseguir arremessá-lo para longe com uma força surpreendente. Assistir pela televisão era uma coisa, mas pessoalmente era outra experiência. Porém, aconteceu novamente.

Quando o Soldado Invernal se pôs de pé outra vez, ela e Steve notaram que algo permanecia no chão: a máscara.

Nenhum deles estava preparado para o que aconteceu quando o Soldado que há tanto tempo procuravam, virou-se para eles com um olhar mortal e sem nada mais que pudesse esconder os traços de seu rosto outra vez. Daiana, que estava um pouco atrás de Steve, viu quando os ombros do amigo caíram e toda a sua pose defensiva pareceu se desfazer instantaneamente, enquanto ela tinha seu coração batendo estranhamente acelerado no peito, e suspeitava não ser por causa da adrenalina de agora há pouco.

Havia algo nele. Naqueles olhos, naqueles traços... que a lembravam alguém. Sua mente se forçava a lembrar quase que desesperadamente, mas aquele esforço resultado nenhum tinha, além de uma fisgada de dor em sua nuca.

— Bucky? — Ouviu Rogers, um tanto descrente do que seus olhos viam.

Bucky? Ela repetiu mentalmente diversas e diversas vezes.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora