Único

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Aviso: essa história se desenvolve cerca de 99% na base do diálogo. Então se prepare para conversas muito longas e quase nenhuma ação e narração. Beijos e boa leitura.

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Tudo que Miya Atsumu queria era tirar o uniforme de motoboy e ir para casa descansar. Estava estressado depois de um dia cheio de entregas para clientes folgados e mal educados. Era tão difícil para eles entenderem que o motoboy não era um empregado que ia servir o lanche na boquinha deles? Atsumu não tinha obrigação nenhuma de subir aos apartamentos para entregar.

Mas infelizmente ainda faltava uma hora para o seu expediente acabar.

— MIYA! Entrega — gritou a senhorita Sato, umas das atendentes. Atsumu suspirou e mordeu o lábio para evitar xingar. — Eu pensaria que estava tentando me seduzir se não soubesse que você é gay.

— Vai se foder.

Atsumu colocou as caixas de lanche dentro da mochila térmica, se certificando que estava tudo bem colocado. Não gostaria de repetir o erro de bagunçar o pedido e ter que pagar por ele. Depois pegou o endereço e confirmou que era o certo. Não queria ir parar do outro lado da cidade de novo por um erro bobo. E só então saiu para a entrega.

Como se fosse carma, o endereço era para um prédio de apartamentos de classe média. Atsumu jurou que pediria demissão caso o cliente pedisse para ele subir. Quase espumando com um ódio antecipado, tocou o interfone.

— Boa noite, Lanches e Oniguiris Miya, seu pedido chegou.

Uma voz masculina e um tanto doce respondeu.

— Boa boite. Desculpe, mas eu posso te incomodar para você subir? — Atsumu sentiu vontade de gritar, rogando maldições e pragas, sem se importar com o que Osamu diria, quando o homem continuou. — Por favor. Eu realmente não tenho como ir buscar. Por favor, eu te pago uma gorjeta.

Atsumu pensou em negar, mas havia algo na voz daquele homem que o levou a ceder. Dessa forma, se encontrou subindo três lances de escada, pois a droga do elevador estava quebrado. Foi até o apartamento de número 31 e tocou a campainha. Ouviu passos correndo para abrir a porta, junto a um grito de uma voz infantil dizendo que abriria.

A porta foi aberta e uma garotinha pequena, talvez com uns 5 anos, de cabelos ruivos e com sardas apareceu.

— Pai! O anjo chegou! — gritou apartamento adentro.

Anjo? Atsumu?

— Mina — repreendeu aquela voz doce de antes, com uma risada. — Não é porque te traz comida que é um anjo.

— Mas é justamente por trazer comida que é um anjo.

Atsumu ergueu o olhar para o homem que se aproximava e sentiu o coração errar uma batida. Ele tinha os cabelos ruivos cor de fogo, a pele era um pouco pálida e cheia de sardas. E estava em uma cadeira de rodas.

— Boa noite, desculpa te fazer subir até aqui.

— Bo-bo-boa noite — gaguejou, incapaz de lidar com a beleza daquele homem e com sua voz doce. — É o senhor Hitana certo?

— Hinata — disse a menina chamada Mina. — Nós somos os Hinata.

— Ah sim, desculpe, eu só...

— Cadê a comida?

— Mina, seja educada — repreendeu o pai.

— Mas pai, ele tá te encarando como aquelas pessoas ruins.

A compreensão caiu como um soco no estômago de Atsumu. Estavam pensando que ele tinha preconceito? Atsumu se abaixou para ficar da altura de Mina.

— É, Mina, não é? — A menina o olhou. — Não foi a minha intenção encarar, é só que eu nunca vi ninguém como o seu pai.

Por Favor (AtsuHina)Where stories live. Discover now