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𝓑𝓸𝓪 𝓵𝓮𝓲𝓽𝓾𝓻𝓪

Eu já tinha tomado banho, trocado de roupa e descido ir até a cozinha para beber um pouco de água - sério, eu ainda estava cheio por causa da ceia. Passei pelo quarto do Hyunjin e admito que não resisti a chegar mais perto e colar a orelha à porta.

Com a sorte que eu tinha, provavelmente ele ia abrir a porta de repente e me flagrar. Mas não aconteceu. Na verdade, deu para escutar uma movimentação no interior do cômodo. Quero dizer, a movimentação, na realidade, parecia vir de um pouco mais longe. Eu não sabia exatamente o que estava fazendo quando andei alguns metros e bati levemente com os nós dos dedos na porta da antessala.

- Hyunjin? - Chamei, baixinho. Céus, o que eu estava fazendo? - Ainda está acordado?

Era como se meu corpo estivesse agindo sozinho, sem obedecer a minha mente. Porque, tipo, a minha mente sabia muito bem que ele ia me achar um garoto pirado que batia à porta dele de madrugada. A minha mente sabia também que eu deveria correr bem rápido e negar veementemente caso ele perguntasse no dia seguinte se eu o procurara de madrugada. Mas em vez disso, continuei bem ali onde eu estava.

Pensei outra vez em ir embora, mas agora era tarde demais. A maçaneta girou e ele abriu a porta devagar. Meu coração deu outra pirueta dentro do peito.

- Eu te acordei? - Perguntei, ansiosamente.

- Não - ele sussurrou, sem nenhum motivo. Até onde eu sabia, não havia ninguém por perto que pudesse ser despertado pela nossa conversa.

Juntei as mãos nervosamente na frente do corpo. Eu não devia ter ido até ali. O que eu ia dizer? Ele me encarava, especulativo, esperando que eu dissesse o motivo para estar ali. Mas quando continuei tão mudo quanto uma estante, ele perguntou.

- Quer entrar?

Olhei para ele um tanto quanto surpreso. Sem esperar resposta, ele abriu mais a porta, deixando espaço para eu passar. Hesitei por um milésimo de segundo, mas acabei entrando.

- Eu não estou te atrapalhando? - Talvez fosse um pouco tarde para perguntar, até porque eu já estava dentro da sala.

- Não. Tudo bem - ele respondeu, fechando a porta e parando ao lado dela. - Eu não estava mesmo com sono.

Claro que ele não estava com sono. Não era surpresa nenhuma. E, apesar disso, ele estava de pijama - calça preta e camisa cinza - e devia ter tomado banho já que ainda tinha os cabelos um pouco úmidos.

Dei uma olhada ao redor e meio que entendi o que era a movimentação que eu escutava antes. Ele tinha puxado a mesa de centro para o canto e tirado as almofadas do sofá e as depositando no chão, sobre o tapete felpudo. O edredom estava ao lado das almofadas. Acho que ele planejava deitar no tapete. Como se lesse meus pensamentos, ele explicou.

- Eu estava pensando em assistir um pouco de tevê. - Eu não conseguia saber se eu realmente não estava atrapalhando ou se ele estava apenas sendo gentil antes. Outra vez, como se adivinhasse o que eu estava pensando, ele completou - Pode ficar, se quiser. - Hesitei por um instante, abraçando a mim mesmo. Antes que eu pudesse decidir, vi quando ele inclinou a cabeça para um lado. - Sabe, já passou de meia-noite então tecnicamente já é Natal. Acredito que não haverá problemas em te entregar o seu presente agora.

- Presente!? - Ergui as sobrancelhas, totalmente estupefato. A última coisa que eu esperava era que fosse ganhar algum presente nesse Natal. - Para mim? - Ele assentiu, efusivo. - Ah... não, não precisa se incomodar - me apressei em dizer, nervosamente.

Real; hyunlix.Where stories live. Discover now