Ele entra, e eu finalmente encontro o que queria, mas por algum motivo, o ponto marca o jardim, sendo que me recordo de vê-la subir as escadas para o quarto.

Por que essa droga não funciona? — me pergunto já começando ficar irritado.

Reinicio o programa e coloco novamente os números.

O círculo gira, gira, gira e gira mais um pouco.

MAPA ENCONTRADO

Olho para tela com o máximo de atenção, e puxo o zoom aos poucos, só para ter certeza se o que vi estava certo, ou não. O marcador continuava posto em cima do gramado, mas também poderia estar dividido entre a varanda e o jardim.

Será que devo ligar?

Me recusando a aceitar que Greta e eu perdemos nosso tempo, faço uma última tentativa alongando a imagem ao extremo.

— Inferno! — Me irrito sozinho, esfregando meu rosto com a mão. — Foda-se! — Ignoro meu questionamento e clico no número da Rainha, esperando que ela atenda.

LIGUE MAIS TARDE

Chama e chama, mas ela não atende. Então ligo de novo.

LIGUE MAIS TARDE

— Porra, parece que tudo está dando errado hoje! — aperto o aparelho entre os dedos, irado por não conseguir respostas.

Essa hora, Thomas certamente não vai me deixar subir para falar com ela, mas se eu a gritar do jardim, talvez ela escute, mesmo que a altura atrapalhe um pouco.

Decidido, vou andando para perto da janela, ao mesmo tempo que observo os guardas no portão. Se por acaso eu for visto, ou minha atitude for considerada suspeita, pelo menos todos aqui me conhecem. Então teclo na tela, e coloco o aparelho no ouvido escutando chamar novamente. Quanto mais eu me aproximo, mais os meus sentidos começam a se confundir com o barulho da chamada, e o cheiro de sangue fresco.

Que merda é essa?

É muito confuso determinar, ou chegar no resultado que buscamos, quando tem mais de três coisas acontecendo juntas, embaralhando seus pensamentos e raciocínio. É como tentar escutar uma música, mas a sua esquerda tem uma televisão ligada e na sua direita dois bebês berrando.

Assim, paro no gramado perto de uma árvore, incomodado com a desordem que eu estava por dentro. Conforme meus sentidos se ajustavam, ele também captava diferentes sons, incluindo dos insetos. Quando atingi o controle total do que estava procurando, notei que o som que ecoava na chamada, vinha acompanhada de outro toque, numa perfeita sincronia. É aí, que aquela mesma voz, a voz causadora de desesperos, me avisa para retornar mais tarde, encerrando a música que também tocava no meio da escuridão.

O-o quê?

Meu eu interior está se acabando em risos por achar tudo isso uma coincidência aterrorizantemente engraçada, já o meu eu físico, não consegue se mexer, prevendo o que pode ter a frente.

Intrigante... Inesperadamente, todos os carros que estavam estacionados, disparam seus alarmes, provocando pânico e aflição. Eu estava no meio do jardim, longe dos veículos, a um passo de descobrir o que tinha atrás do muro de trepadeiras.

Os seguranças logo chegariam aqui procurando o culpado por causar aquela enorme barulheira.

LIGUE MAIS TARDE

Retomo minha busca ainda com o telefone em mãos, só que dessa vez no viva-voz. A mesma música que tinha ouvido antes, volta a acompanhar o meu celular conforme ele esperava para ser atendido. Quando passo pelo último muro de trepadeiras vivas e bem verdes, uma pessoa deitada nas folhas, sozinha, faz com que as minhas pegadas hesitem no mesmo segundo, combinando com as luzes externas, que começam a enfraquecer sua claridade.

A Escolhida (COMPLETO)Where stories live. Discover now