Capítulo VI

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(Música: Mockingbird, Eminem.)


Na verdade, eu não consegui acreditar realmente naquela visita e olhei para Lourenço fazendo um leve sinal de incompreensão, como se ele estivesse falando outro idioma, mas sua expressão logo me mostrou que era verdade. Carol estava mesmo ali! Thomas me olhou, surpreso, exibindo uma clara expressão de desagrado. Afinal, ela era irmã de Carlos, por quem ele não tinha a menor simpatia ou tolerância. Então, ficamos os três sem saber o que fazer e foi um momento confuso. Lourenço olhava para nós dois alternadamente, esperando as ordens. Por fim, Thomas abaixou a cabeça, balançando-a levemente, e decidiu:

- Pode trazê-la. Ela é amiga de Beatriz. - A frase era muito mais a constatação de uma realidade do que contentamento com a visita inesperada.

Olhei para Lourenço e assenti. Ele saiu silenciosamente e momentos depois voltou com Carol.

Ao entrar, ela estava com os olhos esbugalhados. Olhava para todos os lados com curiosidade e espanto indisfarçáveis. A visão da casa, de todos aqueles instrumentos musicais e da minha nova realidade, eu supus, a fizeram calar-se, o que era espantoso.

Eu me senti na obrigação, claro, de recebê-la da forma correta e logo me levantei, caminhando em sua direção.

- Oi, Carol - eu disse calmamente.

Ela me olhou inicialmente como se não me reconhecesse, mas logo retomou a postura educada.

- Bia... Desculpe pela invasão, mas...

- Tudo bem, eu até entendo a sua... motivação. - Sorri para deixá-la à vontade e me aproximei. - Faz um tempo que não nos vemos, não é? Você sumiu.

Ela me olhou e sua expressão ainda era de total espanto, mas mesmo assim ela conseguiu tomar pé da conversa.

- Você também, Bia. Não me ligou mais, nem me contou sobre o seu... namoro... - Ela evitou olhar para Thomas. Na verdade, sequer dirigiu-se a ele, o que era uma grosseria.

- Desculpe, Carol. É que aconteceram tantas coisas, em tão pouco tempo, que eu realmente... - Pensei rapidamente em dar alguma desculpa, mas desisti. Carol não era boba e me conhecia muito bem. Por isso, decidi falar a verdade. Era o mínimo que eu poderia fazer. Afinal, ela ainda era a minha melhor amiga. - Ah, Carol... Não preciso mentir. Você deve imaginar por que não contei nada até agora. - Olhando para trás vi que Thomas estava no mesmo lugar, os braços cruzados sobre o peito. Aquele não era um bom sinal. - Thomas, essa é a Carol, minha amiga. - Virando-me de novo na direção dela, segurei sua mão e puxei-a para o meio da sala. - Carol, esse é Thomas, meu namorado.

Eles se olharam sem dizer palavra por um ou dois segundos, mas em seguida Thomas adiantou-se e estendeu a mão para ela, o que me fez perceber o meu erro. Minha mãe vivia repetindo regras de etiqueta para mim e para Vivian e eu sabia muito bem que as mulheres sempre são apresentadas primeiro aos homens, e não o contrário, mas toda aquela situação era muito inesperada e a verdade é que ninguém estava ligando para aquele detalhe. Nem eu. Ainda bem que Catherine não estava ali... Ela saberia muito bem...

- Muito prazer, Carol. Fique à vontade - disse Thomas de forma polida, mas bastante forçada.

Eu percebi que ela estava vermelha, parecendo sentir-se intimidade diante dele, o que eu também podia compreender perfeitamente.

- Obrigada... Thomas. Prazer em... conhecer... você.

Realmente, para que Carol ficasse daquele jeito, é porque fora pega de surpresa com relação a tudo. De repente me dei conta do silêncio, nenhum de nós falava nada, o que era ainda mais estranho. Creio que Thomas, também percebendo isso, decidiu facilitar as coisas para mim. Numa atitude protetora e bastante possessiva, ele colocou as mãos nas minhas costas e me puxou um pouco em sua direção, penso que para deixar claro que eu era dele.

Prometidos - Para o bem e para o mal (Livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora