cap 3 - a estrada pro inferno foi pavimentada em linha reta

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-Boa noite... -Sua voz era terna e me dava sonolências, sinto alguem me carregando por trás. Alguem grande, maior que Alex. Pera, pra onde estão me levando? Bem que eu poderia tirar um cochilinho enquanto não chega...

/Loui/
A casa parecia estranhamente vazia. Embora eu estivesse deitado no peito de Stephan e abraçado com ele, me sinto sozinho. Nossa ligação já não é mais a mesma. Já estou chegando próximo aos 40, ele, já os completou. Não sinto que sou mais o mesmo. Me levanto do jeito que estava e ando até o espelho. Olho meu corpo nu alí de frente pra mim. A barriga de oito meses não esconde que ainda há alguma coisa entre nós dois além de trabalho. Reprodução. Meu corpo não é mais bonito e firme como costumava ser... começo a chorar. Choro baixo, então resolvo me trancar no closet. Me visto de qualquer forma e resolvo caminhar pela casa até o quarto de Bry. Provavelmente ele estaria acordado aquela hora. Eu precisava do meu bebê e confidente naquele momento. Ao bater em sua porta, não obtive resposta. Fiquei preocupado quando toquei a maçaneta e falei a nossa senha e mesmo assim acabei não recebendo resposta. Resolvo abrir a força a porta. Quando não consigo e noto que está trancada, começo a me desesperar. Entro correndo no quarto de Louisa, por ser ao lado. Ela me olha confusa enquanto eu choro desesperado. Vou até a sua sacada e percebo que a de Bry está aberta. Minha cabeça começa a pensar o pior... E ARGH! uma dor absurda, não maior do que a no meu peito.

-MÃE! O QUE HOUVE? -Pergunta Lu assustada me abraçando por trás.

-Bry! Brian não está aqui! Cadê o seu irmão? -Pergunto desesperado gritando. As luzes se acendem e é Alice, me abraçando com força enquanto choro em seu colo. Passamos para a corredor e Alice grita para Julia o que aconteceu enquanto ela corre pelos corredores.

Minhas meninas me sentam na sala enquanto tomo um copo de água olhando fixamente pra lareira recém acessa.

-LOUI! PRA QUE ESSE SHOW? PRECISA GRITAR ASSIM? É SÓ UM MENINO ADOLESCENTE FUJÃO! -grita Stephan enquanto desce as escadas. Su está segurando firme minha mão, ela acompanhou cada momento nosso, sem excessões e sempre se mostrou leal mais a mim do que a Stephan.

-É meu menino, Stephan, é meu menino!

-TINHA QUE SER O SEU, NÃO É? TINHA QUE SER O SEU FILHO, LOUI! QUE INFERNO! Deixa que dele cuido eu. Liga pra polícia. -Fala ele secamente para Su.

-Desculpe, mas eu não sairei daqui. -Responde a mulher secamente.

-Se não sair, você está na rua. Sai! AGORA! -Stephan grita. Sussurro um obrigado para ela. Nenhuma das meninas ousa falar uma palavra. Julia continuava tentando acordar o resto dos empregados pra começar as buscas por Brian. -Eu te falei, mas eu te falei desde o minuto que você me mostrou aquela porra de teste positivo QUE ISSO ERA PROBLEMA! -Stephan aponta para mim estressado.

-Ele é só um menino, Stephan! Ele não tem culpa de nada!

-Ah mas ele tem culpa... TEM CULPA DE TER NASCIDO! Eu te falei pra abortar esse verme...

-Ele é meu filho, Stephan, e eu o amo tanto quanto...

-Você está certo... SEU filho. Se ele não aparecer até o raiar do dia, pode considerar ele morto. Eu arrumo um atestado de óbito e acabou. Brian morreu para nós. ME OUVIRAM? -ele pergunta virando o dedo para nossas filhas.

-Sim... -Respondem as duas em uníssono. Nesse momento, a chave de casa é virada na porta. Alex entra usando uma blusa de Bry e uma bandana.

-ONDE VOCÊ ESTAVA!? -pergunta Stephan irritado.

-Em uma festa. Na festa da Clare da minha sala... acabei me atrasando... E por que vocês estão todos aqui?

Olho pro meu menino mais velho e me levanto abraçando ele com força. Desabo a chorar de novo. Nesse momento, Julia entra na sala.

-Brian... Ele sumiu.

Vejo a expressão de Alex mudar completamente, de surpresa para choque e confusão...

-O que? Ele...?

-Ele sumiu. Não está no quarto dele. Não deixou bilhete, não levou os remédios, deixou a carteira...

-Brian jamais existiu, ok? JAMAIS. -Responde Stephan ainda irritado.

-Não fala assim dele... -Respondo choroso

-Falo. Falo sim. E a culpa é sua. Toda sua. -Stephan deixa a sala me deixando com meus 4 filhos me olhando com pena. Meu bebêzinho volta a pressionar meus órgãos e choramingo. Sinto o abraço de Alex, ele era a cara do pai... seu abraço me envolve enquanto ele me carrega.

-Temos que levar mamãe para o hospital. Papai não parece querer leva-lo, então vamos nós. Julia, dirige. Alice, junta os documentos, Louisa, me ajuda a leva-lo pro carro. Vamos, rápido. -Deito minha cabeça em seu peito chorando mais pelo meu filho do que pela dor. Essa dor era suportável, agora perder Brian seria algo que eu nunca superaria.

//Alex//

Nas semanas seguintes, nenhum sinal de Bry. Mamãe continuava fazendo o que podia, e nós colavamos cartazes por todos os lugares com a foto de Brian. A nova menininha se chamava Anne, era mais uma cópia de papai, passava o dia inteiro mamando ou dormindo e embora fosse tão pequena, não despertava nenhum interesse em papai, que continuava trabalhando ignorando o luto de mamãe e seus pedidos por ajuda, tanto pra cuidar de Anne quanto para realizar tarefas do dia a dia. Tinha medo de saber como era a casa quando saíamos para a escola e faculdades.

Abri o Instagram para compartilhar mais uma vez a foto de Brian e me deparei com um texto de mamãe sobre Bry.

Ver o seu luto era torturante. Por mais que eu soubesse onde Bry estava na hora em que sumiu, eu não poderia falar nada. Suas palavras ainda martelavam no fundo da minha cabeça. Bem que ele disse que só voltaria pra casa quando morresse... E eu deixei que ele saísse pela festa com os feromônios livres... Se alguém era responsável pela possível morte de Brian Dauphiné Potterfield, esse alguém era eu. 

Vendido + PerdidoWhere stories live. Discover now