Capítulo 2

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ARIADNE DASKALAKIS

Em um piscar de olhos, dois meses se passaram, felizmente consegui o dinheiro que faltava para viajar e pelas minhas contas, conseguiria viajar tranquilamente por uns cinco meses, pesquisei muito locais de hospedagem, preços, não ficaria em nenhum hotel de luxo ou então minha viagem duraria um mês no máximo.

Agora precisava arrumar minha mochila, sim mochila — uma mala, mesmo que pequena e de rodinhas me atrapalharia muito, fora que me prenderia bastante, me limitando. Meu pai arrumou com um amigo dele a mochila cargueira, aquela bem grande, típica de quem faz mochilão pelo mundo. A minha era preta, quase do meu tamanho, vários bolsos e compartimentos escondidos por dentro. Seria o ideal para esconder meu notebook e minha câmera — presente do meu tio, irmão de minha mãe —, não queria ninguém mexendo onde não deve.

Separei um conjunto de frio, não quero ser pega desprevenida, um pijama quente, vários biquínis, pretendia aproveitar aquelas praias lindas, tirar fotos ainda mais lindas, regatas, shorts, roupa íntima, uma toalha de praia, uma de banho, um par de chinelo, um tênis, uma sandália, alguns produtos de cuidado com a pele, protetor solar, óculos de sol, meus óculos de grau, meu kindle — melhor invenção possível, assim não preciso carregar vários na bolsa e com isso pesá-la sem necessidade.

— Meu deus, filha, quanta coisa! — Dona Hermione ficou espantada com o estado de calamidade que meu quarto se encontrava naquele exato momento, roupas para todos os lados, sapatos espalhados pelo chão, livros fora da estante, fora o que eu estava colocando na mochila. — Não vai ficar muito pesada?

— Não mãe — respondi, parei o que estava fazendo e a olhei com um sorriso de orelha a orelha. — Só parece muita coisa, mas está leve.

— Deixe-me ver. — Ela se aproximou e começou a inspecionar item por item do que eu estava levando. Coisas de mãe, né?

Passamos a próxima hora inteira revendo tudo que eu estava levando, minha mãe sempre me dizia que eu era um pouco avoada na hora de fazer mala pra viagem, sempre acabava esquecendo algo. E por algum milagre coloquei tudo que eu precisava para viagem.

— Nem acredito que amanhã viajo! — exclamei em uma animação que não cabia em mim, estava tão eufórica que talvez não dormisse cedo. Viajar é muito bom.

Minha mãe me olhou e sorriu, sua menininha iria dar o primeiro passo no mundo sozinha. O início da minha própria história, eu sentia um frio na barriga por conta disso.

— Já deixou sua documentação preparada? Bilhete de embarque? — Minha mãe perguntou.

— Naquela carteira, mãe. — Sorri. — Vamos jantar?

— Vamos!

Encontramos meu pai colocando os pratos na mesa, apesar dele não demonstrar, estava tão ansioso e nervoso quanto eu e minha mãe. Sou filha única, ou seja, tenho a atenção total dos meus pais. Nunca passei tanto tempo longe da minha família, não minto quando digo que me assusta um pouco, mas ao mesmo tempo, me dá uma emoção, uma sensação gostosa de aventura.

— Tudo arrumado para amanhã? — ele me perguntou. — Não esqueceu nada, dona Ari?

— Por milagre, ela colocou tudo que precisa. — Minha mãe respondeu com um sorriso satisfeito.

— Espero que não chova por conta disso amanhã. — Meu pai brincou.

Apenas ri. Ninguém mandou eu ser avoada, né?

O jantar correu tranquilo, muita conversa, elogios à moussaka da mamãe, que aliás, é a melhor de toda Grécia. É um prato típico grego, claro que cada família deve ter seu modo de preparar essa caçarola com berinjelas, batatas, carne picada e tomates. Espero que um dia minha mãe me ensine e eu possa ensinar aos meus filhos. Sim, eu quero ter filhos, marido, uma família, tudo que eu tiver direito. Sei que nem todos querem, e tudo bem, cada um sabe de si, não é?

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⏰ Last updated: Aug 31, 2022 ⏰

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