40. vinnie hacker

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Guardei os remédios que haviam sido tomados antes dela comer, dentro da sacola, colocando uma alarme no meu celular para me lembrar de quando ela teria que tomar novamente, e escrevendo em um papel que eu prendi na geladeira porque se meu celular descarregasse eu iria esquecer. As pomadas ainda não tinham sido usadas, e eu somente iria comentar sobre quando ela pedisse, eu sabia que ela ficava desconfortável em precisar mostrar partes do seu corpo e por essa razão esperaria até ela realmente decidir que não aguentava mais a dor no corpo.

As pomadas não eram obrigatórias haviam sido uma recomendação, por essa razão não insisti para que ela as passasse.

Na sala, sentada no sofá, Liana olhava para o filme atentamente, como se estivesse realmente entretida com a história. Entretanto, eu sabia que ela não estava porque ela não gosta de Star Wars. Eu me recordo bem da primeira noite dela aqui e de ter me dito que o filme em sua visão é chato.

- Fingir que nada não aconteceu, não vai mudar nada. - comentei, em um incentivo para ela conversar comigo sobre o que realmente aconteceu.

- Talvez assim torne a situação menos pior e eu menos estúpida. - me respondeu em um tom de lamento.

- Você não é estúpida, boneca. - Lhe retruquei, irritado com seu insulto.

- Claro que sou, Vinnie. - um sorriso de negação apareceu no rosto dela. - Eu passei anos morando com o último homem na face da terra que merecia a minha companhia, porque, eu achei que eu iria muda-lo, que eu iria fazer com que seus vícios acabassem, com que a sua bagunça fosse arrumada, e a sua vida, restaurada. Eu passei anos, tentando salvar uma pessoa que nunca quis ser salva e sabe qual é a pior parte disso?
- Ela balançou a cabeça fechando os olhos com força e frustação. - A pior parte é que eu percebia que não podia mudar nada. E mesmo assim eu continuei, eu fiquei lá, como se fizesse alguma diferença. - O seu ombro direito se moveu para frente como se ela quisesse encolher o corpo, mas ela não fez, permaneceu sentada no canto do sofá de olhos fechados. - A verdade é que, no fundo sempre foi mais por mim do que por ele. Eu não conseguia lhe dar as costas, mesmo sabendo os motivos para fazer isso. Eu era a única que não conseguia aceitar. Eu não conseguia aceitar que, o caos que ele era, na visão dele era uma paz. - Os seus olhos se abriaram, as iris castanhas brilhavam em meio as lágrimas que enchiam os cantos perto de escorrer. - Eu deveria ter ir embora muito antes. Deveria ter ido embora na primeira briga, porque, lá, eu tive a prova de que por mais que eu tentasse ele nunca iria mudar.

- Primeira briga? - Perguntei. Ela me olhou e, tocou no pescoço, onde o presente que eu havia lhe dado no dia do seu aniversário costumava ficar até pararmos de se ver. A região vazia fez com que eu me lembrasse do seu aniversário e de como ela não tinha planos.

- No dia em que saímos, eu tinha planos. Meia-noite eu pretendia comer o bolo antes do dia começar mas, ele destruiu o bolo, o castiçal, e o meu dia antes mesmo que ele comecasse. Sabe o que ele me dise? Que eu não passava de uma cachorra, que nem a minha mãe. E o mais engraçado é que ele dizia amar a minha mãe. - Ela riu secando as lágrimas com a ponta dos dedos.
- Ele queria me bater. Eu me impus, eu agi com a cabeça e não com o coração e os sentimentos a flor da pele como fiz hoje, ao discutir, ele recuou mas a verdade é que ele apenas guardou mais ódio de mim e, esse ódio fez isso aqui. - Ela sinalizou o próprio corpo. - Eu devia ter parado de fingir não ver que, era um causa perdida e que continuar só tendia a piorar. Eu era uma intrusa na vida dele, e só existia dois jeitos disso acabar. Eu indo embora ou ele fazendo com que eu fosse embora. - Liana me olhou nos olhos. - Porquê...
óbvio, o quê eu esperava que iria acontecer? Que eu iria entrar em casa depois de anos e gritar pai voltei, e, tudo magicamente iria se resolver? - ela mexeu as mãos para se expressar fisicamente. - Eu sempre soube que nada disso iria acontecer, mas eu continuei como se tivesse a capacidade para mudar alguém, não posso fazer isso. Tudo o que eu posso e devo fazer, é aceitar. Não somente a situação mas, que fiz tudo o que eu pude fazer, mesmo não surtindo diferença alguma. - Os seus ombros relaxaram um pouco. Ela deslizou no sofá descansando a cabeça no travesseiro grande que estava atrás das suas costas. Eu me aproximei dela deitando minha cabeça na dela, a olhando. Ela me olhou, e ergueu uma mão tocando no meu rosto com receio.

- Não quero tornar a situação menos pior ou desmentir o que disse...mas, você é uma garota incrível com um coração cheio de amor. Não se culpe por isso, apenas não cabia a você, é algo que ele tem que querer fazer. - Os dedos dela se firmaram no meu rosto subindo, até o contorno do meu olho, acima da minha sobrancelha e alcançando meu cabelo. Não escutei uma resposta, mas pude ver que sua cabeça se mexeu em uma concordância.

Deitei em cima dela fazendo-a rir quando comecei a trilhar seu braço livre de beijos até o seu rosto. A olhei sorrindo de lado. Ela tentou sentar e uma expressão de dor atravessou seu rosto.

- O seu corpo está doendo? - Perguntei me jogando ao seu lado, como estava antes.

- Sim, você...- ela ponderou, envergonhada. - passaria a pomada em mim?

- Claro, boneca. - Levantei e fui até a bancada da cozinha. Tirei a pomada da sacola e retornei para sala, Liana tocava a blusa com a mão livre e eu me senti desconfortável por ter trocado a roupa dela quando ela chegou, mas, realmente não tive outra opção, seu moletom mesmo que eu não entenda como, estava sujo de bebida e a blusa encharcada com as suas lágrimas.

- Não quer ligar para a sua mãe? Tenho certeza de que ela virá. Eu não quero te deixar ainda mais desconfortável boneca. - Sugeri ao mesmo tempo que tentava diminuir a tensão dela ao me sentar na ponta do sofá transformado em cama.

- Não. Não precisa. Não tenho motivos para ficar desconfortável com você, não mais. - Ela deslizou sentando ao meu lado. - Me ajuda a tirar a blusa? - Sinalizei que sim. Deixei a pomada do meu lado e a ajudei a tirar a blusa de alças finas e largas, tapando os seus seios, eu queria deixar ela menos constrangida então decidi arriscar em um elogio. Me inclinei na direção dela e beijei sua bochecha.

- Você é magnífica. Dos pés a raiz do cabelo. Não tem do que ficar envergonhada, mesmo que embora, eu ame te ver corar. - pisquei, apanhando a pomada e abrindo-a.

Liana se virou e eu despejei a pomada que na verdade parecia um tipo de loção. Espalhei devagar pelas áreas roxas do seu corpo que se estendiam de certos pontos nas costas a barriga, principalmente as marcas do cinto nas costas que eram o que mais lhe causavam dor e incômodo e me causavam raiva. Daria tudo para quebrar a cara dele.

Quando terminei, ajudei ela a vestir novamente a blusa e depois de guardar a pomada peguei cobertas no meu quarto deitando no sofá e dividindo duas cobertas com Liana, que, pegou no sono comigo abraçada ao meu corpo enquanto Star Wars ainda passava na televisão, sem ter a nossa atenção.

- Você me mudou. - murmurei, acariciando o seu rosto. - Você me mudou boneca, e agora, tudo o que eu quero é você. - Beijei a sua testa fechando os olhos com força. - E tenho a certeza de que é para sempre.

✔ 𝗕𝗔𝗗 𝗗𝗥𝗨𝗚 ✗ vinnie hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora