Capítulo trinta e dois

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2 meses depois

Eu não tinha notícias de Nico há dois meses. Dois meses que eu não fazia ideia de como e onde ele estava.

Paolo evitava perguntas relacionadas ao patife do meu marido, visto que nosso foco e nossas conversas eram apenas sobre o clã. Não foi difícil ocupar meu lugar como chefe, logo os homens passaram a me respeitar e eu consegui fazer um acordo com a Yakuza envolvendo muito dinheiro e armas.

Contudo, eu estava com um problema muito mais sério.

Eu não menstruava há dois meses e aquilo estava me preocupando, e se eu estivesse grávida?

Durante longos sessenta dias, aquela possibilidade torturava a minha cabeça, principalmente quando comecei a passar mal. Contudo, guardei as minhas ansiedades e preocupações para mim, pois, no fundo, eu sabia que não queria um filho, não naquele momento, não quando ele não tivesse a convivência com o pai.

E claro, eu não merecia um bebê, não quando matei um, o filho da Luna.

Entretanto, nos últimos dias, eu estava começando a ficar animada com a ideia de ter um filho, de poder ter a chance de mostrar o que é ser uma mãe de verdade, de não colocá-lo no mundo para sofrer igual a minha progenitora fez. Por isso, no dia anterior eu pedi ao Paolo para solicitar um médico.

Como eu morava em uma ilha, não dava para simplesmente comprar um teste de farmácia e eles nem sempre eram confiáveis, por isso, decidi que um médico me examinando seria a melhor opção.

Paolo olhou-me perplexo, mas garantiu que um médico chegaria em breve, mas quando a campainha tocou, para a minha surpresa — e, mesmo não querendo admitir, felicidade — não era o médico que estava parado na entrada da casa, mas sim Nico.

Ele estava diferente, não usava as roupas impecáveis de sempre, seus cabelos estavam bagunçados pelo vento e uma barba por fazer cobria parte do seu rosto. Os olhos verdes brilhavam para mim em choque e tristeza.

Nico não esperava que eu fosse abrir a porta? Claro que não, a Mary estava conosco para isso.

— Anna. — Sua voz soou rouca.

Engoli em seco e toda a raiva por ser abandonada para lidar com os meus sentimentos e todo um clã, acertou-me em cheio.

— O que você faz aqui? — Sibilei. — Eu não quero você aqui, pode ir se retirando.

Nico revirou os olhos.

— Olha só, minha querida, eu vim porque você está grávida de um filho que também é meu e eu jamais deixaria meu filho crescer sem o pai, não sou esse tipo de homem.

Cruzei os braços.

— E quem disse que o filho é seu?

Nico abriu um sorriso sarcástico.

— A menos que o Sandro tenha voltado dos mortos, de quem mais ele seria? — Suas sobrancelhas escuras arquearam-se perfeitamente. — Do Paolo?

Bufei.

— Ele é meu bebê. — Alisei minha barriga carinhosamente. — Ele não precisa do pai que abandonou a mãe grávida.

Virei-me e subi as escadas, irritada.

Eu sabia que era errado atacar Nico daquela maneira, mas eu estava magoada por ele ir embora, por criar aquele plano idiota e por eu ter me apaixonado por aquele babaca.

Às vezes eu ia até à cachoeira sozinha, me sentava ali e recordava-me da tarde que havíamos passado juntos. Dias que nunca mais voltarão, porque eu nunca mais deixaria Nico tocar em mim ou entrar no meu coração de novo.

A Traidora da 'Ndrangheta - Os Mafiosos, 4Onde histórias criam vida. Descubra agora