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Vincent

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Vincent

Quero viver minha vida nos meus próprios termos. Mas sou mexicano, então mi familia está sempre lá para me guiar em tudo o que faço, quer eu queira ou não. Bom, "guiar" não é bem a palavra certa. "Ditar" seria mais correto No meu último ano da escola, mi'amá  não perguntou se eu queria sair do México e me mudar para o Colorado, para morar com meu irmão Jett. Ela tomou a decisão de me mandar de volta à América "para o meu próprio bem" palavras dela, não minhas. 

Quando o resto de mi familia a apoiou, estava resolvido. Será que eles realmente acham que me enviar de volta para os Estados Unidos vai me impedir de acabar em um caixão ou na prisão? Desde que eu fui demitido do engenho de açúcar, há dois meses, vivo la vida loca. Nada vai mudar isso.  Olho pela pequena janela do avião, enquanto sobrevoamos as Montanhas Rochosas cobertas de neve. Definitivamente não estou mais em Atencingo... E tampouco nos subúrbios de Chicago, onde vivi toda minha vida antes de mi'amá nos obrigar a fazer as malas e mudar para o México, no meu segundo ano do colegial.

Quando o avião pousa, observo a corrida dos outros passageiros para desembarcar. Eu continuo no meu assento, tentando assimilar a minha situação. Estou prestes a ver meu irmão pela primeira vez em quase dois anos. Nem sei se quero vê-lo.O avião está quase vazio, então não posso mais enrolar. Pego minha mochila e sigo as placas até as esteiras de bagagem. Ao sair do terminal, vejo meu irmão, Jett, esperando por mim além das grades. Achei que talvez não fosse reconhecê-lo, ou que ia me sentir como se fôssemos estranhos em vez de família.

 Mas não há como confundir meu irmão mais velho... Seu rosto é tão familiar para mim quanto o meu. Fico levemente satisfeito por estar mais alto do que ele agora, e por não ser mais aquele garoto magricela que ele deixou para trás.

Ya estás en Colorado — diz ele, me envolvendo em um abraço 

Quando ele me solta, noto cicatrizes acima de suas sobrancelhas e desuas orelhas, cicatrizes que não estavam lá da última vez que o vi. Ele parecemais velho, mas está perdendo aquele olhar reservado que sempre teve,como um escudo. Acho que herdei esse escudo.

Gracias — respondo, seco. Ele sabe que eu não queria estar aqui. Tio Cole ficou ao meu lado até a hora da partida, me obrigou a subir no avião e ameaçou ficar no aeroporto até ter certeza de que meu traseiro estava forado chão.

— Você se lembra de como falar inglês? — pergunta meu irmão,enquanto caminhamos até a esteira de bagagem.Reviro os olhos.

— Só estamos no México há dois anos, Jett. Ou melhor dizendo, eu,mamá e Reggie nos mudamos para o México. Você abandonou a gente.

— Eu não abandonei vocês. Estou fazendo uma faculdade pra poder fazer algo realmente útil da minha vida. Você devia tentar, uma hora dessas.

— Não, obrigado. Gosto muito da minha vida improdutiva do jeito que é.— Pego minha mochila na esteira e sigo Jett para fora do aeroporto.

𝐋𝐞𝐢𝐬 𝐃𝐚 𝐚𝐭𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 - 𝐕𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐡𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫Where stories live. Discover now