c a p í t u l o ✿ 3 6

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Depois de cinco repetições, Bianca conseguiu se sentir... Menos miserável.

— Não adianta, Nini... A roupa simplesmente não cabe em mim. — Explicou, desanimada. Mais uma vez não conseguiu evitar de olhar para Zoe, mas a garota havia se afastado um pouco das irmãs e mexia no celular. — E falta menos de vinte minutos para a apresentação! Mesmo se eu quisesse, não daria tempo.

— Tá... Deixa eu pensar. — Natalie juntou os lábios numa linha fina, pensando. — Ok, primeiro tira a roupa para eu dar uma olhada no que posso fazer. Amor?

— Oi?

— Preciso que você atrase a apresentação.

— Enlouqueceu, Natalie?! — Esther ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços. — Como eu deveria fazer isso?

— Você é uma aluna Legado do Madre Cordélia, ganhou competições de dança e os caralhos, fala que quer fazer um discurso, sei lá, vocês ricos adoram discurso. — Natalie deu de ombros e Zoe discretamente trancou o riso. — Ou finge que tá passando mal! Senta no chão, pede ajuda, finge que vai desmaiar...

— Natalie?! Eu não posso...

— Tipo aquela vez em que você fingiu que estava completamente bêbada na festa do meu amigo para-

— Minha nossa, cala a boca, por favor. — Esther interrompeu, sentindo o rosto esquentar. Agradeceu mentalmente por Bianca não parecer prestar atenção naquela conversa de maluco. — Tá, eu posso tentar, mas não garanto nada!

— Anda, Bianca, pro banheiro! Tira essa roupa, sua irmã vai dar um jeito. — Natalie se esforçou para dar um sorriso que exalasse confiança, apesar de estar um pouco insegura com o pouco tempo. — Eu só preciso buscar minha maleta de costura... Nosso hotel é na rua do lado, vou precisar de-

— Eu posso ir, se você não se importar. — Zoe ofereceu e, pela primeira vez, Natalie se deu conta de que ela ainda estava ali.

— Ah, sim, por favor! — Natalie sorriu.

Bianca secou mais uma vez as trilhas de lágrima, observando como as meninas se organizavam e até Zoe se propôs a ajudar. Seu coração ainda batia com força diante de tudo o que aconteceu, mas ter a irmã por perto a ajudava a se acalmar. Então finalmente obedeceu a ordem e voltou para a cabine para se trocar, ainda sem muita certeza se realmente conseguiria se apresentar.

Quando saiu, usando novamente seu vestido, encontrou-se sozinha com Natalie e, relutante, entregou-lhe a roupa rasgada.

— Desculpa... Por te deixar preocupada. É que eu estava muito triste — murmurou. — Não queria estragar sua noite.

Sentiu o toque da mão da irmã no rosto, apertando de leve sua bochecha.

— Para com isso, Bi. E eu entendo que você tenha ficado chateada, é realmente ruim que isso tenha acontecido bem nesse momento em que você está começando a trabalhar na sua auto estima, mas lembra o que a Esther disse: não é um dia ruim que vai definir quem você é.

A irmã mais nova mordeu o lábio inferior, absorvendo aquelas palavras, sem conseguir encontrar uma resposta. Era um pouco assustador e reconfortante ver toda a mistura de sentimentos que sentia sendo devidamente organizada em palavras. Não exatamente diminuía a dor, mas... Ajudava a lidar.

— Ei, Bianca, pera aí. — Natalie captou novamente sua atenção. Quando Bianca ergueu o olhar, percebeu a irmã encarando a roupa rasgada. — É óbvio que essa roupa não vai caber em você, não é o seu tamanho.

— Como assim?!

— Você não veste G? Essa roupa é M. E um modelo de M bem pequeno, diga-se de passagem... — Os olhos verdes de Natalie se encontraram com a expressão confusa da irmã, e ela esticou a roupa para mostrar: — Tá aqui na etiqueta, olha.

CamelliaWhere stories live. Discover now