r o u n d | 01

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"Pat, isso não vai dar certo." Pat está de pé de frente para Pran, seus joelhos flexionados, uma perna na frente da outra. Pran espelha a posição, levando uma mão ao braço do namorado.

"Vamos, Pran. Você não precisa ter medo." Pran revira os olhos, alcançando um dos braços de Pat que tentava pegar o dele no ar.

"Eu não estou com medo. Eu só não quero te machucar. Você nunca fez isso." A preocupação é evidente em sua voz.

"Oh Nong Noo, você acha mesmo que consegue me machucar?"

Essa provocação foi demais para o orgulho de Pran. Ele aperta o punho nos antebraços de Pat, fazendo-o perder o equilíbrio, o puxando para baixo. Aproveitando o momento de distração do namorado, com um pé ele dá um chute fraco — mas certeiro — na lateral da perna do outro, o fazendo dobrar até que ficasse com dois joelhos no chão. Pran passa a outra perna sobre o pescoço de Pat rente ao chão, o deixando imobilizado.

"Pran! Pran!" Seus dois braços estão cruzados sob o peito, um dos joelhos pressionado entre o abdômen e o chão, e a outra perna esticada desajeitada sobre o tapete. O seu rosto um pouco amassado pela dor.

"Ainda acha que eu não consigo te machucar?"

"Consegue, consegue!"

"Então, quando eu disser que devemos seguir as regras, o que temos que fazer?"

"Seguir as regras-" A voz de Pat sai rasgada, tendo seu rosto pressionado sob a coxa de Pran. Seu quadril se ergue no ar, na tentativa aliviar a pressão contra sua virilha, que aquece com toda aquela confiança que emerge de dentro de seu namorado — além da leve dor pela dobra nas costas. Pran tem uma ótima visão da bunda dele, embora saiba que não deve estar nada confortável para Pat ficar assim.

"O quê? Eu não consigo te ouvir." Pran provoca.

"Teerak!" Com um último pedido de socorro, Pran o libera. Essa foi a palavra de segurança que Pat incrivelmente conseguiu ouvir e decorar sobre a extensa explicação de Pran sobre o esporte.

"Pat, eu nem estava forçando tanto. Era só o peso da minha coxa!"

Pran realmente não estava fazendo nenhuma pressão que Pat não pudesse aguentar. Faz poucos meses que ele começou a ter aulas de Wrestling, por conta de uma campanha em seu escritório, que incentivava todos os funcionários — principalmente arquitetos que passam doze horas por dia sentados em uma cadeira — a se exercitar ou praticar esportes. Pran poderia ter escolhido futebol, corrida, dança, até a boa e velha academia ou qualquer outra coisa — mas sua primeira escolha foi Wrestling. Deliberadamente. Não era novidade para ninguém — ou ao menos para Pran — que nas brigas da faculdade — ou até mesmo nas brigas do ensino médio — Pran realmente gostava desses eventos.

A precisão de poder estar perto de Pat — ou tocar a pele de Pat; sentir o cheiro de Pat; o suor de Pat; o cabelo de Pat; até mesmo arranhar um pouco em algum lugar, deixando traços de unhas afiadas para Pat ver mais tarde —, sem ter que admitir nenhum de seus sentimentos, era algo muito inteligente da parte de Pran.

Mas, além dos momentos em que ele se permitia sentir todos esses sentimentos, havia o fato de que ele realmente gostava da luta. A objetividade, as regras — que eles não seguiam naquela época, mas Pran gostava da ideia de que, de alguma forma  ele poderia, não apenas fazer mais uma coisa junto com Pat, mas ele poderia mostrar a Pat como ele era bom em derrotá-lo, mesmo que ele sentisse que às vezes Pat pegava leve com ele. Não por pena, mas porque ele se importava com Pran desde aquela época.

E Pran não tem nenhuma intenção em competir ou se tornar o maior atleta de wrestling do mundo, ele só gosta de liberar o estresse do seu trabalho no tatame e também confessa para si que, desde que começou essas aulas, se sente mais confiante em seu próprio corpo. E não! Ele não emagreceu, mas o fato de estar passando muito tempo naquele uniforme de tecido macio tão apertado em sua pele, fez com que ele se acostumasse com o que vê no espelho — e a forma como ele sente o olhar de Pat ficando afiado e feroz apenas ao pensar na imagem de Pran nessa roupa, o ajudou a se importar mais consigo mesmo, e também, com os desejos de Pat, como se isso fosse possível. E Pat só pode imaginar, literalmente, porque Pran nunca usou o uniforme para ele ver.

Agora, eles estão sobre o tapete macio de seu apartamento em Singapura, depois de quase um ano desde que Pat se mudou para lá. Pran sentado com as pernas um pouco abertas, cotovelos apoiados nos joelhos flexionados, enquanto observa a bagunça que fez no namorado em questão de segundos. Pat levanta o corpo do chão, encenando um gemido choroso no rosto franzido — mas um sorriso satisfeito nele também.

"Eu não estava preparado para isso."

"Claro que não estava, seu idiota! Sou eu que estou fazendo aulas de luta, não você."

"Qual é, Pran?" Ele faz beicinho, a voz um pouco infantil. "Deixa eu tentar de novo?"

"Por que você não tenta me ouvir e fazer o que eu digo?"

"E qual a graça disso?"

"Eu pensei que estávamos no meio de uma aposta aqui. Se você vai sempre me deixar ganhar, qual é o sentido de apostar, então?"

"Se você quer tanto usar seu bendito uniforme, veste logo então!" Pat cruza os braços e mostra a ponta da língua a Pran.

"Então é assim que você vai agir, não é? Por hoje é só!"

"Pran!"

Pat reclama, largado sozinho do chão da sala, enquanto Pran sai dramaticamente do ambiente e vai tomar banho — com a porta trancada. Pat estava sendo punido. Ele sabe que estava.

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[06] • ALGO • [ BadBuddy | PatPran ] ):)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon